03

54 10 2
                                    

                         POV THEODORO

— Por que está falando isso? Por que você se importa? — a garota sentada em minha frente pergunta, estufando o peito. Corajosa.

Engulo a saliva, passando a língua pelos meus lábios, umedecendo-os. De repente, ficou seco. Aurora acompanhou meu movimento, olhando-me com esse maldito olhar.

Pensei em uma resposta para a sua pergunta e não encontrei nenhuma. Não havia um motivo.

Por que eu estava me importando tanto?

Por que eu fiquei pensando em como essa garota, que me parece tão frágil e delicada, passou a noite em uma cela?!

Ela não saiu da porra dos meus pensamentos um minuto sequer desde o momento em que entrou na minha sala ontem, com a cabeça baixa, seus longos cabelos pretos brilhosos caindo em volta de seu rosto.

— Eu não me importo. — menti, mexendo-me desconfortavelmente em minha cadeira. — Mas eu prezo pelo bem-estar de vocês.

Ela sorriu de maneira irônica.

— Não tem como ficar bem nesse lugar, ainda mais sendo inocente. — ela concluiu.

Observei seu rosto com um pouco mais de atenção; seus olhos eram tão azuis e intensos. Seus traços delicados. Ela parecia uma boneca de tão perfeitinha.

Ela realmente não tem porte para ser uma assassina.

— Cadê seus pais? — perguntei.

Ela era nova, 18 aninhos. Mas na sua ficha não havia nada sobre seus genitores. E ela me parecia tão sozinha; seu olhar era tão triste...

— Não sei.

— Aurora — levantei-me, dando a volta na mesa. Puxei sua cadeira, virando-a de frente para mim. Me abaixei para ficar na sua altura. Seus olhos me olhavam com curiosidade.

— Theodoro — ouço me chamarem, mas meus olhos estão presos em um oceano azul. — Théo?! — novamente me chamaram.

Relutantemente, levantei-me e virei-me para trás, em direção à porta, vendo Tomas parado na porta com os braços cruzados.

— Precisamos conversar! — ele falou firme, entrando de vez em minha sala.

Estreitei meus olhos em sua direção, fuzilando-o com o olhar.

— Estou ocupado.

— O interrogatório acabou. — ele falou, desafiando-me com o olhar. — Levi, pode levar a garota. — falou em um tom alto para o policial que estava esperando do lado de fora.

Não olhei para ela em nenhum momento; meus olhos estavam fixos em Tomas, em minha frente.

Quem ele pensa que é para entrar na minha sala e dar ordens dessa maneira?

Observo quando Tomas fecha a porta atrás de si depois do guarda ter levado Aurora de volta para a sua cela.

— Qual a porra do seu problema? — pergunto irritado. — Quem você pensa que é para entrar na minha sala e sair dando ordens? Você sabe que eu odeio ser contrariado!

A DetentaOnde histórias criam vida. Descubra agora