15² • SACERDOTISA

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— Isso não é minha culpa!

— Vocês estavam juntas!

— Isso não quer dizer que é minha culpa que ela tenha sumido!

Di Immortales, como é que ela pôde confiar em você?

Uma pedra do tamanho do Tártaro se aloja na minha garganta. Kara, de rosto vermelho e olhos tão marejados quanto os meus, nem mesmo pisca para minha hesitação.

— Não é minha culpa — repito, em um sussurro trêmulo.

— Mas é de alguém — ela rebate, os olhos castanhos brilhando em fúria como os da irmã. — Porque a minha irmã não sumiu sozinha e só você estava lá. Você, no entanto, está aqui. Cadê a Clarisse, Devereaux?

Respiro fundo, sentindo meu coração se partindo a cada segundo em que penso nas palavras de Kara.

Cadê a Clarisse?

Essa é a pergunta que tenho me feito há pelo menos uma hora.

Assim que meus olhos encontraram os de Annabeth, tão arrumada e penteada quanto Jacqueline e Kara, e eu vi a pena neles, eu sabia que minha Esquentadinha nunca tinha estado naquela ilha maldita. Ela estava desaparecida no meio das águas amaldiçoadas do mar de monstros.

— Letitia.

Olho por cima do ombro para Annabeth que está ao lado de Percy e Jacqueline, perto do timão. A filha de Atena me olha com cautela, e me pergunto se é por medo de eu vomitar ou por medo de eu perder o controle para com as sombras.

— O que? — questiono quando percebo que ela está esperando que eu vocalize para saber se estou no controle.

— O que você sente? — pergunta.

— O que? — Kara e Jacqueline questionam, confusas.

Mas eu entendo. E a verdade é que, mesmo que eu me concentre muito, não sinto nada quando peço às sombras que me contem se ela passou pelos portões.

— O que você sente? — Annabeth repete.

— Não sinto nada — respondo. — Mas ela pode ter sido encoberta para mim, então...

Levo a mão ao pescoço, sob o olhar atento de Kara, e sinto a corrente prateada aparecer sob meus dedos. Vejo a filha de Ares pular de susto quando o som do apito ecoa ao nosso redor, mesmo que seja visível que é um apito para cachorros.

— O que você chamou? — Kara questiona, cautelosa.

No segundo seguinte, ela está pulando para longe da própria sombra, de onde Seth salta e cai bem aos meus pés. Ele está maior do que da última vez que o vi, quase na altura das minhas costelas, o pelo escuro brilhando à luz da lua, enquanto exibe as três cabeças, o focinho em pé.

Jacqueline, atrás de mim, arqueja audivelmente.

— E-Esse é...

— Esse é o Seth — apresento, deixando meus dedos encontrarem o cantinho atrás de sua orelha que o faz ronronar. — Seth, essas são Kara e Jacqueline. O Percy e a Annabeth você já conhece.

Ganho uma lambida em resposta.

— Tenho uma tarefa para você — digo, e ele se afasta do meu carinho, piscando os seis olhos para mim. — O de sempre, já sabe o que fazer. Mas quero que a traga para mim, caso seja seguro. Se não for seguro, você me buscará primeiro. Sem resgates heróicos, e é uma ordem.

O rottweiler bufa, aborrecido, e meus lábios se esticam minimamente.

Vres tin kyría sou.

did i mention • clarisse la rueWhere stories live. Discover now