Capitulo 12: Grand Turismo

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Todos os meus dias eram praticamente iguais, amava a rotina, aquela monotonia de fazer mais do mesmo. Buscando perfeição e grandeza mesmo sabendo que ninguém se casaria com um sonhador que ainda não tinha conquistado porra nenhuma. As pessoas eram acostumadas a  não criarem seu próprio mundo, se submetiam ao que já existia ou se adequavam a uma realidade imposta a elas.
 
Lidar com alguém que cria o próprio mundo e que possui o sangue frio de não se importar com perdas, ou que pelo menos finge não se importar,  talvez sejam um dos maiores pesadelos de quem nasceu no nada e que não quer morrer da mesma maneira. Sumir e deixar amores de lado. Ninguém vive de amor, e sim, de sonhos que viram algo materializado.

  As coisas sempre foram momentâneas, mas os pequenos capitulos de nossa história são a nossa única eternidade. A única verdade.

  Meus sonhos eram e sempre foram grandes demais para quem não via as coisas como eu. Sabia que assim como Ferruccio Lamborghini talvez meu fim fosse solitário  e vazio. Já tinha perdido muito tempo pensando com a cabeça de baixo. Era preciso deixar o romance e o desejo de lado.

Mas isso de alguma maneira evitava as  lagrimas que andavam pelo meu rosto durante a madrugada ao perceber tudo que deixei para trás.

Restariam lembranças e saudade de poucos momentos. Era o preço que sempre estive disposto a pagar. Um louco nada mais é do que alguém que vê e se propoem tornar a fantasia algo real. Já me sentia sozinho e nada mudaria isso.
   
Ao mesmo tempo que teria a satisfação de realizar todas as loucuras que desenhei em um guardanapo. Amenizaria a dor não só com luxuria. E sim com tudo que poderia quer. Mas, qual o verdeiro preço a se pagar?

  A intensidade e a velocidade dos meus pensamentos eram como minhas atitudes. Nada frio e calculista e sim, um jovem imaturo que pensava e realizava, depois colhia toda e qualquer consequência. Sem maldade. Apenas ambição. Só que em algum dado momento deixava de ser assim e colocava dificuldade em tudo.
E quando me sentia perdido dentro do meu próprio mundinho, alguma coisa me fazia assimilar o que era preciso buscar e o porque o caminho de quando se quer construir um legado era tão dificil. Brigava com minha própria cabeça. Tentava apagar o passado e bola pra frente.

Coube ao destino, me colocar os obstáculos antes mesmo de se chegar ao topo. Para que quando se chegasse lá entendesse o duro processo. E é ai que entra a parte de entender a perda e aceitar.

  Como um joker. Arriscando tudo sem medo. Porque o medo sempre esteve ali. E recomeços era uma nova oportunidade e todas poderiam ser infinitas. Desde que o maior receio fosse nunca chegar onde fosse preciso.

  Me sentia um espirito livre me prendia muito pouco  tempo a uma pessoa. Não sentia que nasci para ser preso, mas de alguma maneira queria ter alguém ao meu lado. O meu maior tesão na vida e no mundo dos negócios era a conquista. Conseguir o improvável. Porque impossivel, não existe, ele só se mantém assim até alguem ir lá e fazer acontecer.

Sexo, dinheiro e mulheres bonitas eram coisas do meu interesse. Eram o retrato de prazer e calma. Terapia as vezes. Construiam meu ego e fortaleciam a minha busca pelo poder. No fim das contas era isso que sempre busquei. O poder. Se sentir desejado e que o dono jogo poderia ditar as regras do jogo e ter um legado. Ou deixar marcas que seriam inesqueciveis

Não queria usar ninguém pra isso. Sem jogos psicologicos. Sem dramas ou sentimento de pena. Sabia que alguns momentos precisaria ser um personagem e que o verdadeiro problema seria o confronto de cada um deles dentro da minha própria cabeça. E quando isso acontecesse era hora sumir por um tempo. Recalcular a rota e não abrir a porta para o casual. Estava disposto a não querer apenas o casual e deixar o tempo passar até que fosse o momento e a pessoa certo. Como se não quisesse mais perder meu tempo.

  Alguns amores eram repentinos, fruto de um desejo que chegava e logo ia embora depois de uma noite. Quando isso acontecia me sentia culpado. Como se  naquele momento estivesse usando alguém apenas para desabafar, para foder e não criar um vinculo. E isso se repetia varias e varias vezes.

  Como um vicio em drogas e pornografia. Amava aquele ápice, aquele tesão, sentir todas as veias e musculos do meu corpo incharem, mas odiava quando tudo acabava, aquela sensação era minha droga favorita. A dopomina. Tudo acabava depois de gozar. E parece que nenhuma sensação ali existia.

E com o passar do tempo. Usei a busca pelo dinheiro como desculpa para não me sentir mais e mais vazio. Por mais que sempre soube que todas as minhas companhias queriam ser usadas e não se importavam com isso. Como um prêmio de loteria queria encontrar alguém que não fosse só isso. As coisas do hoje perderam a graça, tudo se tornou fácil e pouco duradouro, ninguém mais dialogando ou querendo ser de fato o romance ou amor a moda antiga.

  Para alguém me prender durante muito tempo era preciso mais do que beleza e um bom sexo. Precisava me sentir preenchido de alguma maneira. Sabia que um dia meu corpo não seria mais alvo de desejo e que minha personalidade egocêntrica  seria dificil de lidar ao longo do tempo.

A maturidade me fez ser menos monológo, fui ouvindo mais, falando menos, era algo dificil pois durante um tempo parecia que nenhuma outra pessoa no mundo merecia mais holofote do que eu. Meu lado leonino rugia e meu lado taurino buscava prosperidade e estabilidade. Quando um leão confronta com um touro é briga selvagem. A razão vence com o tempo. Mas quando se é jovem ela praticamente não existe.

Sempre estive errado. Falando de tudo que fazia ou do que poderia fazer, tentando enaltecer minha inteligência com um bom discurso para quem sabe ocultar todas as minhas fragilidades. Olhem para mim, me notem, mas isso é apenas frustação e fracasso. O amor era uma dúvida. Será que realmente existia?

  Tempos depois houve enfim, alguém que me desestabilizou e que não era um objetivo e sim uma conexão. Aquela mulher  me provocou a ponto de me fazer repensar realmente quem eu mesmo era. E foi onde aprendi a dominar meus desejos e enaltecer meus medos. Uma trava. Me fez desligar os motores e observar cada detalhe. Observar seu corpo como uma pista de corrida que com o toque saberia a exata velocidade para se chegar. Percebi que até então correria em um percurso que me levava sempre ao mesmo ponto. Até que pude ver que era preciso voar para sair dali. E para voar era preciso imaginar um futuro além do que era o meu normal.

  Entrei mais uma vez em conflito. Troquei a marcha e arranquei, não prestando atenção nos sinais e apenas nas consequencias de tudo aquilo. Quase duzentos por hora em uma pista cheia de curvas, sua voz era como uma noite silêncioso e de paz, seu temperamento era como um vulcão que a qualquer momento entraria em erupção.

  Não nos entregavamos, não cediamos, porque parecia que nosso foco era manter aquela chama, colocando cada vez mais fogo, mais gasolina e tendo o desejo no olhar. Tinhamos a formula mas, precisei fugir, hoje uso todo esse combustivel e raiva para me manter na direção do meu gran turismo e quem sabe um dia novamente nos reencontraremos. Até logo.

Pingos de Intensidade 🔞  MALICIOSO E DEBOCHADOWhere stories live. Discover now