Capítulo 03

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Eda Yildiz

Meu corpo tremia de raiva. Meus punhos estavam fechados e eu tinha a vontade de socar a cara do Burac.

– Tanto que te avisei, Burac. Te pedi para que não se envolvesse com nada ilegal. E agora me faz passar por isso?

– Eu ia pagar, Eda. Não tenho culpa se meu pai bloqueou minha conta.

– Claro. Deveria saber desse seu vício. Olha a situação em que me colocou. Dois mafiosos brutamontes na minha porta. – Burac riu.

– E você os enxotou.

– Isso não tem graça. Eu estava com raiva, nervosa. Mas você melhor do que eu deve saber que eles voltarão.

– É bem melhor que seja eles e não o chefão.

– Sabe quem é?

– Sim. Serkan

– Nome de bandido ele tem mesmo.

– Eu confesso que... Embora eu nunca o tenha visto pessoalmente, ele mete medo. Todo mundo fala isso.

– Em mim ninguém mete medo. E se ele vier na minha porta solto os cachorros de novo. – Sentei-me ao lado de Burac

– Burac… Por favor! Crie juízo.

– Ah, não! Nem vem com sermão. Vou sair.

– Burac. BURAC!

Me deixou falando sozinha, o desgraçado. Enterrei meu rosto em minhas mãos. Eu com apenas 19 anos seria responsável por aquele infeliz. Tinha 23 anos de pura falta de juízo. Meu pai partira, foi assassinado. Nem adiantava me dizer que ele se suicidara. Eu não acreditava nisso. Seu corpo foi encontrado num aterro. Enforcado. Não duvidava nada que fosse essa máfia podre que acabara com sua vida.

Me preparava para subir e tomar um banho, quando a porta foi escancarada.
Ah, não! Aqueles sujeitos de novo.

– Não tomaram vergonha na cara não? Querem de novo?

– Serkan quer vê-la. – Eu ri alto.

– Ele que se quiser, que venha até mim.

Os dois gigantes continuaram de braços cruzados me encarando. Só então eu vi mais três que se aproximavam. Estremeci. O dois moreno forte, um branquinho. Todos muito altos e fortes. Eu estava em visível desvantagem dessa vez.

Um dos moreno se dirigiram a mim. Tentei me afastar e correr, mas mãos fortes me pegaram e me amordaçaram.

– Vamos dar um passeio, senhorita Yildiz. – Eu esperneei, chutei e nada. Eles riram de mim.

– É uma oncinha brava. O chefe vai gostar disso.

– E é gostosa.

– Não toque nela, Ferit. Se ela for nos servir, tenho certeza que Serkan irá usufruir primeiro.

Arregalei meus olhos. Eles estavam falando de transar comigo? Meu coração quase pulou pela boca. Eram brutamontes. Iriam destruir meu corpo virgem e imaculado.

Voaram pelas ruas da cidade. Antes de chegarmos eles me vendaram. Desci do carro ainda vendada, ouvindo apenas os passos e as risadas deles. Uma batida e abriram uma porta.

– Aqui está ela, chefe.

– Tirem a venda.

Um arrepio me fez estremecer. A voz era sexy. Com um puxão um deles retirou minha venda. Forcei meus olhos a se acostumarem com a claridade. Assim que isso foi possível eu me deparei com profundos olhos verdes. Olhos do filho da puta mais bonito que já vi em toda minha vida. Seu olhar percorreu meu corpo, reparando em cada detalhe.

– Eda Yildiz. – Ergui meu queixo.

– E você deve ser o covarde que assassinou meu pai.  Em dois segundos ele estava a minha frente. Segurou minha bochecha com força.

– Seu pai procurou a morte, Eda, Não tive como negar isso a ele.

– Ordinário. – Ele ergueu a sobrancelha, cínico.

– Acho bom se acalmar. Pessoas atrevidas como você acabam a sete palmos debaixo da terra.

– Eu não tenho medo de você. Não pense que me intimida. Você não verá um centavo do meu dinheiro para sustentar seu vício… sua perversidade. –Novamente ele se postou a minha frente.

– Não fale do que não sabe, pequena. Pode até não me pagar com dinheiro. – Mais uma vez seu olhar me percorreu. – Mas vai garantir a diversão dos meus rapazes.

– NUNCA!!! Eu jamais entregaria meu corpo para alguém como você.

– Não estou falando de mim, senhorita. Você é pouca areia pra mim. Não estou disposto a morrer de tédio numa cama.

Minha mão ergueu-se certeira para acertar seu rosto. Foi parada no ar, me puxando com força. Bati de encontro ao seu peito e minha respiração acelerou. Seus olhos faiscaram, suas narinas se dilatando.

– Eu não faria isso se fosse você. Não meça forças comigo. Não me enfrente. Será melhor pra você.

– Faça o que quiser, Senhor Bolat. Me deixe presa aqui, se achar melhor. E vou transformar sua vida num inferno. Ele me apertou com tanta força que senti lágrimas em meus olhos.

– Você pediu por isso.

Me empurrou com força e cai sentada na poltrona. Foi até a porta e a trancou. Quando se virou eu vi escrito claramente em seu rosto: PERIGO.

– Agora vamos ter uma conversinha, senhorita Yildiz. – Fiquei de pé novamente.

– Tem dois minutos pra falar. – Ele gargalhou, jogando a cabeça para trás.

– Bravinha... – Andou ao meu redor e parou atrás de mim. – Adoro mulheres assim.

– Não pense…

– Pena que não passa de uma pirralha atrevida. – Encarei-o novamente.

– Já disse que não verá a cor do meu dinheiro.

– Não quero seu dinheiro… não mais.

– O que quer então? – Ele sorriu. Vagabundo. Segurou minha bochecha novamente, a boca se aproximando da minha.

–Tenho um jeitinho todo especial de quebrar sua crista. – Empurrou-me novamente.

Ok. Era guerra? Eu aprendi a ser soldado.

O Mafioso e a Herdeira Onde histórias criam vida. Descubra agora