Tá barril

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— Tudo bem Bahia? — Brasília se aproximou da mulher com um copo d'água para ela.

Haviam ficado na copa BA, PE e a capital. A negra tinha os olhos marejados e lágrimas lhe escorriam pelas bochechas.

— Num era essa minha intenção cum Sergipe. Nunca foi. — Murmurou dolorida.

— Eu sei. — A Brasiliense lhe estendeu o copo. Tentava a consolar. — Mas nem sempre a mensagem é captada pelo outro lado.

— Í-i pensar que o meu minino queria fazer tudo isso.... — Aceitou a bebida oferecida dando um gole. Olhou para os outros dois. — O que me dói mais é ele nunca ter falado nada pra mim entendesse. Mesmo eu incomodando tanto como eles disseram.

— Ôh minha nega. — Pernambuco se aproximou lhe abraçando na cadeira mesmo. — Isso era preocupação visse. Te acalme mainha. Eu tenho certeza que quando ele acalmar vem falar contigo, o minino não vive sem tu.

— A criança cresceu. — Brasília falou suavemente lembrando-os do grande foco da discussão.

— Mas ele não vai deixá di ser meu minino. Não abro mão disso. — Bahia se irritou um pouco.

— Não digo que vai deixar de ser, mas cuidado como trata ele, é só isso que eu peço.

Deixaram o silêncio prevalecer por um momento.

— Me diz uma coisa Brasília. — Pernambuco reiniciou o assunto. — Tu visses se foi Sergipe mesmo a pedir tudo isso?

A capital suspirou cansada, ainda não tinham superado essa parte, juntou suas forças e respondeu com calma.

— Foi ele sim. Perguntei diretamente isso e ele confessou pra mim.

— É que o Paraná....

— Sul e Paraná não pressionaram ele, se é o que quer saber. Nem o Norte, para todos os efeitos. — Finalizou a questão. — Inclusive o Sul foi de grande ajuda para ele entregar todo o trabalho que tinha acumulado, eles até se preocuparam em explicar direitinho os atrasos que aconteceram e tudo mais. — Suspirou olhando para o casal. — Não posso dizer que isso prejudicou ele.

— Mas....

— Olha. — Interrompeu o maior. — Não acho que agora seja questão de fatos, vocês dois precisam respirar fundo e resolver seus sentimentos em relação a isso, não é algo que eu posso ajudar muito agora.

Olhava os dois esperando uma resposta. Bahia assentiu com a cabeça, não tinha muito o que conseguisse falar agora e concordava com Brasília, tinha que resolver os próprios sentimentos em relação a isso para daí sim conseguir reatar a relação com Sergipe. Pernambuco suspirou fundo e concordou também com a cabeça.

— Como eu disse antes, tá meio cedo mas podem ir pra casa. Eu entendo que tem muitas coisas que precisam pensar. — Se virou e ia saindo quando voltou por um momento. — Talvez seja bom falar com Sergipe antes de passar muito tempo, se eu conheço ele provavelmente vai ficar se culpando e não vai conseguir aproveitar as férias como o planejado. O meu conselho é não deixem isso acontecer. Seria ruim para todo mundo.

Viu que sua mensagem estava dada, mas não esperou resposta, dessa vez foi embora mesmo.

— E então minha nega? — PE perguntou preocupado depois de lhe dar um tempo e ver que ela não se mexia muito.

— E-eu preciso pensar Buco. Tá barril. Eu vou pra casa visse.


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— Caraca mané! Tu tá quase morrendo aqui porra!

Rio de Janeiro chegou com pressa na sala da capital, mas ainda assim tentou disfarçar um pouco seu desespero por ter ouvido a tosse doentia de São Paulo. O paulista se limitou a lhe lançar um olhar fulminante, não conseguia falar nada do jeito que estava. E tinha que ter sido justamente o carioca a lhe socorrer?! Porra Brasília! Mandava outro!

RepetecoWhere stories live. Discover now