MENTIRAS e SEGREDOS | romanogers
Separados no parto, irmãos gêmeos foram condenados a viverem separados. Ethan, ficou com o pai; Steve, continuou com a mãe, achando ser filho único.
Eles cresceram sem saber da existência de uma pessoa idêntica ao s...
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━━━ Cᴀᴘɪᴛᴜʟᴏ 23 ━━━━━━━━━━
Aquela tinha sido a primeira vez – e provavelmente a única – que Ethan arrependeu-se por trocar de lugar com o seu irmão gêmeo.
Lidar com a vida humilde que o seu irmão levava tinha sido um desafio relevante, razoavelmente fácil de lidar, mas agora ele estava preso a boa vontade daquele infernal Fusca funcionar, cujos rangidos e sacolejos só aumentavam sua aflição.
Ethan sentia o suor frio escorrendo por sua testa enquanto tentava desesperadamente fazer o Fusca engasgar até a vida. Cada clique do motor de partida era como um eco de sua própria angústia, uma cruel lembrança de sua inadequação diante da situação. Enquanto lutava com a alavanca de câmbio enferrujada, uma sensação de impotência o dominava, misturando-se com uma pontada de vergonha por subestimar o desafio que enfrentava.
Tudo o que ele mais queria, naquele momento, era um dos seus Audi's, ou Mercedes, ou qualquer outro veículo que estivesse em sua garagem em Manhattan, qualquer um, menos a merda daquele fusca de Steve. E tudo isso, porque Ethan precisava atravessar a ponte que ligava Brooklyn a Manhattan da forma mais rápida possível, pois Sarah dependia disso.
Os seus nervos a flor da pele iam além do fusca; condiziam também com a sua mãe, sentada no banco do passageiro, tossindo sangue em um lenço que um dia foi branco.
Enquanto Ethan lutava para controlar a situação, sua mente se dividia entre a oração silenciosa para o carro não parar no meio do caminho, o volante trêmulo e a figura frágil de sua mãe ao seu lado. Cada vez que ela tossia, um arrepio percorria sua espinha, uma mistura de preocupação e impotência que o fazia desejar poder resolver tudo com um simples estalar de dedos.
Mas quando Sarah finalmente chegou à entrada da emergência, Ethan sentiu um alívio avassalador varrer seu corpo. O contraste entre a agonia angustiante de sair de casa e a eficiência calma do hospital era quase surreal.
Ele observou com gratidão enquanto uma equipe de profissionais médicos se apressava para atender Sarah, levando-a rapidamente em uma cadeira de rodas para uma das salas de atendimento.
O coração de Ethan acalmou-se um pouco ao ver a dedicação e o profissionalismo com que cuidavam de sua mãe, como se uma parte de seu fardo tivesse sido levantada. Enquanto os médicos e enfermeiras trabalhavam freneticamente para controlar o sangramento, ele sentou-se ao lado de Sarah, segurando sua mão com ternura, desejando poder aliviar sua dor com apenas um toque.
Quando finalmente Sarah foi instalada em um dos quartos, medicada e aguardando as orientações médicas, Ethan sentiu um misto de gratidão e ansiedade. Ele sabia que o perigo ainda não tinha passado, mas pelo menos agora Sarah estava nas mãos de profissionais competentes, e isso trazia um leve raio de esperança em meio à escuridão da incerteza.