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Tive uma boa noite de sono e, quando acordei, o sol estava se pondo, indicando que era hora do jantar. A refeição que trouxeram — arroz branco, legumes cozidos demais e carne dura com uma pequena quantidade de molho — não foi muito boa. Isso me fez sentir ainda mais deprimida. Isso me fez lembrar dos dias em que, trabalhando no hospital, eu servia jantares semelhantes aos pacientes. Senti pena daqueles que eu obrigava a comer essas refeições sem graça todos os dias.

Tentando comer a comida da noite, forcei mecanicamente a maior parte dela quando Hanni entrou na sala. Seu rosto demonstrava preocupação genuína quando ela se sentou ao lado da minha cama. — Como está se sentindo? — Perguntou.

— Melhor. — Menti. O peso de minhas experiências tornava difícil expressar como eu realmente me sentia.

Ela acenou com a cabeça, compreendendo. — Os antibióticos podem te deixar sonolenta, mas vão ajudar com a dor.

Um tipo diferente de dor permanecia em meu coração, e eu me perguntava se os antibióticos poderiam ajudar com isso também. — Espero que sim. — Murmurei, brincando com as cenouras que estavam no meu prato.

O olhar de Hanni para mim tinha uma dose inquietante de piedade. Eu não queria a compaixão de ninguém. Só queria ficar sozinha, sem julgamentos, tratada como uma pessoa normal.

De repente, ela se levantou, fechou a porta e voltou. — Chaewon. — Hanni falou suavemente.

— Percebi que você está fechada desde esta manhã. Você parece diferente.

Se alguém sabia me ler bem, esse alguém era a Hanni.

Antes que eu pudesse responder, ela continuou falando. — Durante a semana com a Yunjin, o que aconteceu? Se ela o manteve lá contra a sua vontade, e você... — Ela se referiu delicadamente às coisas não ditas. — Bem, ela te colocou em uma situação difícil, nós entendemos. Não se culpe. As vítimas de estupro e abuso geralmente são injustamente culpadas pelas situações em que se encontram.

Suas suposições me atingiram em cheio, mas eu estava cansada demais para corrigi-la. Hanni continuou com sua conversa compreensiva, mas minha mente estava em outro lugar.

Parecia que ninguém queria me entender.

Ninguém perguntou o que realmente aconteceu naquela casa. Deixaram sua imaginação correr solta. Sim, Yunjin tinha um registro criminal e a reputação de ser a paciente mais famosa do asilo, mas se ela quisesse me machucar, se ela realmente estivesse por trás daqueles assassinatos, eu já estaria morta. No entanto, a pena e os mal-entendidos ficaram em mim, tornando as coisas obscuras.

Depois de passar mais de uma semana com ela, eu sabia que Yunjin não podia ser a assassina.

— Chaewon, você está ouvindo? — A voz de Hanni me trouxe de volta.

— Desculpe, o que você estava dizendo?

Ela suspirou, cobrindo minha mão. — Se Yunjin te estuprou, e essa é a razão pela qual você está tão deprimida, fale comigo. Eu te ajudarei, Chaewon.

— Ela não me estuprou nem me machucou, Hanni. Eu já disse antes.

Hanni parecia não acreditar em mim. Seu polegar passou sobre meu punho cerrado. — Ela ameaçou você, certo?

Olhei para ela com descrença.

Como ela chegou a essas conclusões quando eu não havia dito uma palavra?

— Ela ameaçou te matar se você nos contasse alguma coisa. Mas você precisa ficar calma; agora você está segura. A Yunjin não pode machucá-la aqui. Há policiais do lado de fora. Ninguém pode entrar ou sair sem passar por eles. — Ela me garantiu. — Você pode nos contar a verdade. O que aconteceu quando Yunjin te sequestrou?

mental asylum ── purinzOnde histórias criam vida. Descubra agora