XIV

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Pedro Tófani

Acordei tarde, mas tarde mesmo, e assim que me levanto com uma frecha de luz do sol na minha cara, vendo Malu jogada na cama dela. Não perdi a oportunidade de zoar com ela, tirando uma foto dela dormindo.

O plano era ir pra minha casa, mas Malu estava desconfortável com o vestido, e não queria sair na praia comigo vestindo minhas roupas. Como ela disse "eu sou comprometida pra usar suas roupas" O Lucas nunca deu uma pista de querer um namoro com ela. 
Mas de um jeito ou de outro ele vai pedir, até porque, Malu está bem apaixonada por ele.. E Jão me confirma que ele também.

Assim que me levanto vejo a mãe da Malu abrindo a porta, indo chamar a gente já pro almoço.

- Pedro, pode acordar a Malu pra mim?

- Claro tia! Pode deixar. 

Dou um sorriso, com certeza malandro. Ela percebe soltando uma risada, fechado a porta novamente.
Mil possibilidades de como acordar a Malu. Isso me fez lembrar das nossas festas de pijama quando todas as vezes fazíamos competição pra ver quem dormir por último, e quem dormia primeiro, sempre acordava com o pior desenho na cara.

A pior fase dessas nossas competições foi quando chegamos no quinto ano, e todas as vezes alguém acordava com uma pica na cara. Era horrível ter que passar correndo pro banheiro pra não deixar nossos pais verem. Por mais que tudo, tudo que os filhos fazem, nossos pais sabem.

Bom acho que essa informação não era importante pro meu cérebro lembrar bem agora. Resolvi acordar ela com a música que ela mais odeia, nas alturas. Malu tem ódio, um grande ódio pela música K.O da Pablo Vitar.. Coisas do passado.. Bom, em partes, podem ter certeza que ela odeia por minha causa.

Coloquei a música no meu celular, aproximando do ouvido dela, que nós dois primeiros segundos de música levanta a cabeça, dando um tapa no meu celular

- Que isso Palhares!?

- Que isso? Bom eu diria.. Mandando ver, no vício da batida querendo se envolver..

- Aí Pedro, se fode. - ela me manda um dedo do meio, abaixando a cabeça no travesseiro novamente.

- Vai, levanta, se arruma pra irmos para praia, e almoçarmos.

- Que horas são?

- Tarde, imagino. E.. você pode pedir pro seu pai me dar um short de praia?

- Ué, por que?

- porque se você acha que eu vou de blusa social e calça para praia, aí como você está enganada.

- Tá bom.. eu peço. Mas.. Arruma a minha cama?

- Tá.. tá, arrumo

- Valeu!

Ela se levanta e os preparativos começam, arrumei a cama, ela me trouxe o short, junto de uma regata branca que eu tinha deixado aqui uma vez, porque ela tinha derramado ketchup e me prometeu lavar. Até porque, ela derramou de propósito.

Descemos pra almoçar e logo pegamos uma caixinha de som, indo pra praia, nos sentando em um lugar calmo, colocando na caixinha Sparks, do Codplay em um tom baixo. Malu falava dos encontros dela com Lucas e como ele estava sendo incrível pra ela. Enquanto eu apenas olhava pro mar, rindo e entrando na conversa dela. Mas então um garoto indo pro mar chama atenção. Que porra, era Jão. Sério, como a gente tem essa conexão tão forte de se encontrar em todo lugar? Parece um ímã, um alinhamento milenar.

Olho pra Malu apontando pra ele.

- Vix.. ele só pode estar te seguindo. - Malu diz.
olhei pro lugar de onde ele veio, olhando uma canga com uma menina, que segurava o violão dele.

- Quem é ela? - aponto pra Malu ver, por algum motivo eu senti um leve ciúmes. Ele tentava fazer amizade com todo mundo tocando violão também?

- Ah, essa é a Isa! Irmã dele! Ela é uma graça! Já falei com ela algumas vezes nos armários da escola. - Convenhamos, quando Malu falou isso, até um suspiro aliviado eu senti soltar.

- Ah.. irmã dele, claro.

- ué Pedro, ciúmes? Que isso hein

- Não! Não viaja em mim não só.. É só porque foi do mesmo jeito que ele fez amizade comigo.. Me senti levemente especial, porque ele me disse que não toca pra ninguém

- Ciúmes!

- Para com isso! Somos só dois colegas.. Não diria nem amigos.

- Uhum.. Tá bom, se você tá dizendo.

Me ajeito na nossa toalha, arrumando uma posição boa pra quando ele me visse. Eu não queria que um colega me visse de jeito jogado na praia. Pega mal.

- Pedro, para de ficar assim igual um bobo babão e vai falar com ele!

- Que? Você tá dizendo o que eu estou pensando? Que eu sou um bobo babão? Me erra!

- Augusto, até seu jeito de sentar você tá arrumando! Tá na cara que você quer impressionar ele.

- Eu não quero impressionar ele.. Só não quero pegar mal.

- Tá bom Pedro.. Quando vocês dois.. Bom enfim, vou ficar quieta pra não tomar um xingo.

- Que bom que sabe!

O que Malu ia me dizer, me fez ficar intrigado pelo resto da tarde. Fiquei olhando Jão mergulhando nas ondas, entre alguns parentes, era um pouco engraçado, ele dando um pulinho depois entrando na onda. Apesar dele ser metido, meio riquinho, um alcoólatra, e um fumante.. Ele é ainda sim um garoto, e um garoto legal.

Amor teatral  | pejão Donde viven las historias. Descúbrelo ahora