XIX

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Pedro Tófani

Finalmente sábado chegou, hora de reconciliar Malu e Lucas. Sexta desci pro centro com Jão, comprando rosas e velas, que dessem certo pro nosso plano.

O terraço do prédio ficaria fechado pra gente a partir das 16:30. O dia seria normal, e nesse horário iríamos pro prédio, montar o encontro.

Minha rotina da manhã foi normal, me arrumei e fui pra casa do Jão, depois da aula de piano e violão dele. E depois iríamos dar uma desculpa, sair eu, ele e Isa pra arrumar o terraço. Até porquê é bom ter a visão de uma mulher no meio.

Cheguei na casa do Jão, com uma mochila cheia. Entrei no quarto dele deixando a mochila no canto tradicional.

- Eai! A Malu aceitou ir? - ele já me aborda assim que chego

- Sim! Consegui convencer a tristeza. - Tristeza era pouco, Malu estava bem triste mesmo, e eu não deixaria ela ficar assim, jamais. Ainda por minha culpa.

Tirei o roteiro da bolsa, vendo ele resmungar.

- Nem vem! A gente ainda tem muito tempo pra ensaiar e ir ao prédio. Relaxa aí.

- Poxa Pedro!!!

- Poxa nada. Cadê o seu roteiro?

- Joguei pela janela.

- Vai brincando. - Digo olhando pra ele enquanto ele abre o armário, pegando o roteiro dele.

- Quando a gente virou amigos mesmo? - era óbvio que ele puxava o assunto pra fugir dos ensaios.

- Nós somos amigos? 

- Eu não sei.. Somos?

- Poxa, quer perguntar isso pra mim? Eu acho que somos mais como colegas mesmo.

- Uhum.. Então tá bom. Vamos fazer o que hoje?

- Vamos ensaiar a nossa morte.

- aí, que isso.. Desejando nossa morte

- Deixa de ser bobo, vai.

Nunca sei se deixei claro que vamos morrer no final da peça. Máscaras da sociedade, um tempo mais antigo obviamente. Então dois homens juntos aquela época era sinal de morte. Então Pietro vai declarar o amor por Alex, levando uma flecha em seu peito, ao mandato da realeza.

Os ensaios foram longe, até porquê tínhamos que fazer as partes dele e minhas partes. Ele se saiu incrivelmente bem, mas começava a rir toda hora que eu começava a atuar o desespero do meu personagem.

- Pelo amor de Deus! Quinta vez já, Vitor!

- Foi mal! Eu não consigo te ver preocupado comigo!

- Mas eu não estou preocupado com você! Não sou nem eu! É o Alex, preocupado com o Pietro! Eu nunca ficaria preocupado com você.

- nossa, muito obrigado!

- De nada. Essa é a última vez que faço, pra gente comer e ir pro prédio.

- Tá bom!

Ele se deita ao chão novamente, e dessa vez a cena da mais que certo. Descemos pra cozinha, tomando café da tarde com a família dele. Era hora de botar a mentira em ação.

- Mãe, eu e Pedro temos que ir na escola agora, encontrar com a galera do teatro. O professor pediu.. podemos ir?

- Claro meu filho. Que horas vocês voltam?

- Eu não sei, eles não falaram horário de prevista pra volta.

- Tudo bem, só não chegue muito tarde

- Mãe - Isa - Tenho que ir na escola buscar coisas de enfermagem, posso ir com eles?

- Claro filha - dessa vez quem responde é o pai deles.
Escondo toda minha felicidade em ter dado certo, então apenas termino de comer, subindo com eles, pegando minha mochila, então vamos descendo.

- Isa - o pai dela - Você vai buscar as coisas sem mochila?

- Poxa pai.. Verdade. Vou pegar uma. - ela sobe correndo, pegando uma mochila, tacando uma blusa, pra não ficar estranho carregar uma bolsa sem nada. Enfim saímos da casa dele, correndo todos animados pro prédio.

Quando chegamos eu fiquei impressionado, uma vista linda, o início do por do sol estava perfeito, a piscina era linda, e tinha vista pra toda a cidade. Eu estava mais do que impressionado. Resolvemos deixar eles perto da piscina pra verem aquela vista bonita. Tiramos as cadeiras de sol e colocamos no local de conversa, que era dividido em dois lados.

Pegamos minha mochila e começamos a tirar as coisas. Jão me olhava o tempo todo, com uma cara esquisita e eu não entedia.

Não montamos nada muito brega, só algo pra que eles pudessem sentar, conversar e se resolver. Então não demorou pra tudo ficar pronto. Malu e Lucas já tinham o endereço. A diferença é que Malu me encontraria, pra eu falar o que ela deveria fazer. Enquanto Lucas, subiria até o último andar como pedido e já encontraria Malu. Assim com eles distraídos iríamos embora vazado.

Assim que terminamos, dei um sorriso, vendo meu celular vibrar no bolso, era Malu avisando que estava chegando.

- Malu está chegando!

- Então eu vou ir no banheiro rapidinho! - Isa disse, correndo pro banheiro daquela área externa. Eu guardava meu celular no bolso, enquanto aquele olhar do Jão continuava. Mas dessa vez, porém ele falou.

- Seria legal se eu te jogasse na piscina? - ele fala enquanto eu me viro olhando pra ele.

- Não, não seria. Nem um pouco.

- Que pena, porquê é exatamente isso que que vou fazer! - Ele diz e eu não tenho tempo de pensar, só vejo ele correndo pra cima de mim, me juntando ao corpo dele pela minha cintura. Assim me pegando no colo, correndo até a piscina comigo, pulando.

Jão Romania

Assim que pulei na piscina com Pedro soltei ele, voltando a superfície.

- João! Olha isso!

- Ah para! Foi Legal!

- Foi, mas como vamos voltar com tênis encharcado? O que seus pais vão pensar.

Droga, Pedro sempre pensava pela razão, enquanto eu só pensava logo na diversão. Nadei a borda me sentando, chacoalhando meu cabelo.

- E ainda vai molhar a surpresa dos dois!

- Ih foi mal.. bom.. Talvez a gente consiga se secar antes disso..

- a gente não vai conseguir.

- Então podemos.. Passar um tempo a mais na rua.

Ele não me responde, apenas sai da piscina, torcendo a roupa, indo até o celular que tocava. Malu tinha chegado. Corri pro banheiro com Isa, enquanto ele desceu pra recepcionar ela.

Pedro Tófani

- Por que você tá todo molhado? - ela diz me abraçando.

- Longa história, vem que logo o Lucas chega.

- O Lucas?

- Sim! Montei um lugar pra vocês sentarem e conversar.. Você fala o que aconteceu.. Duvido que ele não acredite.. Enfim, depois eu peço desculpas pra ele.

- Aí Pedro..

- Eu falei que ia resolver!

Subimos pro terraço, então deixei ela no lugar, e corri pro banheiro. assim que vi o elevador subindo. Lucas tinha chegado. Peguei minha bolsa, e sai correndo com os dois irmãos, entrando no elevador sem eles verem descendo pro primeiro andar. Jão deu de correr até a porta, e ele levou um escorregão.

eu e Isa rimos, até ver que ele não levantava do chão. Ele não pode ter batido a cabeça.. de jeito algum.

Corri até ele, como já cena da peça, levantando a cabeça dele.

- Jão..? João, não brinca! Jão!

Eu morri ali mesmo, todo preocupado.

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