XXI

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Pedro Tófani

Chegou segunda feira, Malu tinha ido na minha casa no dia seguinte, e tinha me contado tudo sobre aquele encontrinho com o Lucas. Enquanto eu falei sobre o Jão.

Ela ficou completamente chocada, de que enquanto ela beijava o Lucas, a gente estava num hospital.

No dia seguinte na escola, estavamos no intervalo. Ver Jão tranquilo, rindo com os amigos me deixou bem tranquilo. Ele estava bem novamente.

Quando chegamos na aula de teatro, recebemos a notícia, a peça seria no dia 5 de dezembro. O último dia de aula seria o dia 4 e no dia seguinte viramos a escola fazer as apresentações.

A peça da escola é sempre as aberturas das apresentações, isso já não era surpresa. Estavamos em agosto ainda, e isso aumentava minha ansiedade. Eu queria, por que queria que a peça fosse logo.  Era uma das peças mais trabalhadas que a gente já tinha feito, eu estava treinando um dos alunos, tudo isso me trazia ansiedade.

Já estavamos conversando sobre as luzes, jogos de saída e entrada no palco. Figurinos, que seriam feitos pela galera da aula de moda. Então tínhamos que entrar na aula tirar nossas medidas. Estavamos falando das cortinas. Entradas de objetos de cena. Tudo aquilo que eu gosto muito.

O segundo intervalo veio, desse vez Malu foi ficar com o seu namorado, e eu estava na mesa sozinho, assim que levanto a cabeça, vejo de um lado Jão, do outro Júlia.

Era competição, quem viria primeiro ganharia. E a Júlia vejo primeiro, se sentando na mesa, afastando Jão, que começa a dar meia volta. Meu olhar que estava nele, se abaixa.

- Você não estava namorando a Malu?

- Não, fofoqueira.

- Ué, ela tava te traindo.

- Júlia, você não cansa de ser intrometida? Eu gostava muito de você, de verdade. Mas foi eu não querer sair mais com você, que pronto, esse seu lado ridículo veio.

- Poxa Pedro..

- Poxa nada! Você falou que entedia se eu não gostasse mais de você. Cadê esse seu entendimento? Você é ridícula Júlia! Quase ferrou com o relacionamento de duas pessoas.

- Quem quase ferrou foi você! Ninguém mandou você mentir!

- E quem mandou você ir falar com a galera do time? Ai julia, não fala mais comigo! A verdade é que você não é a menina que eu quero pra mim!

- Eu era a menina que você queria.

- Eu nunca quis. Nada com você foi natural. As fotos na minha câmera, os encontros, as conversas. Eu nunca fiz questão e sempre senti ser muito forçado. Eu tinha razão.

- Que isso Pedro.. Como você sabe que tem razão?

- talvez porque que com o Jão é tudo bem mais natural, e ele é só um amigo.

Me levantei, pegando minha mochila de lanche.

- Era so isso Júlia?

- Era..

- até a aula de teatro então. Valeu.

Fui atrás do Jão, que deu um sorriso, ao mesmo tempo, nós dois apontamos uma sacola um pro outro

- Suas roupas. - formamos um fonema, ao falar juntos. Até mesmo a nossa risada

- Obrigado pelas roupas, me salvou de um esporro.

- que isso.. Eu faria isso por qualquer um amigo. E como está a cabeça?

- No lugar.. brincadeira. Melhor.. meus pais estão falando muito de você.

- ah é?

- sim, eles te adoram, te acham um máximo.  Eu não te acho tudo isso não.

- aaah, deixa com isso vai. Enfim, vou indo.

- Ficar sozinho? Senta aqui com a gente.

- tá bom!

Me sentei com eles, e me senti a barriga gelar. Eu prometi a mim mesmo, que quando começássemos as divisões da peça, eu falaria com minha mãe sobre minha sexualidade.

- mãe? - falei assim que cheguei em casa, sendo encorajado pelo abraço da Malu, que eu ainda podia sentir me prendendo.

- Oi filho! Tudo bem?

- Sim.. Na verdade, eu queria conversar com você sobre um negócio, podemos ir pro meu quarto?

- claro filho! - Ela disse, passando a mão pelo meu ombro. Então subimos ao meu quarto, deixei minha mochila no canto, me sentando na cama, vendo ela se sentar a minhas frente.
Abaixei a cabeça antes de falar

- Bom mãe..- antes de continuar, minha mãe ergue minha cabeça. - eu não vou enrolar, faz um tempo.. Que eu me descobri.. de uma forma diferente.. Eu.. eu gosto de meninos e meninas.. romanticamente.

Minha mãe fica em silêncio, apenas sabendo do que eu precisava. Um abraço. Que foi exatamente o que ela fez. Me abraçou forte e deu um sorriso.

- Meu filho, você estava com medo de me contar isso?

- estava..

- Fica tranquilo meu amor.. O nosso amor é livre, pra amar quem a gente quiser.. Independente do gênero da pessoa amada. Saiba que eu irei te apoiar em tudo!

- De verdade?

- claro Pedro Augusto! Acha que sua mãe vai fazer o que com você? Eu te amo mais que tudo!

- Eu também te amo mãe!

Eu não pude deixar de liberar algumas lágrimas, durante aquele abraço apertado. Eu pedi pra que minha mãe não contasse ao meu pai, pois eu mesmo queria ter essa coragem pra contar pro meu pai

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