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DESDE O INSTANTE EM que Maitê saiu da sala da presidente Leila, uma nuvem de preocupação pairou sobre mim

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DESDE O INSTANTE EM que Maitê saiu da sala da presidente Leila, uma nuvem de preocupação pairou sobre mim. Uma sensação de que algo estava fora do lugar, como se o universo estivesse jogando comigo. Tentei ignorar, seguir em frente, mas era como ter um incômodo grudado na pele.

Decidi agir, na minha maneira peculiar, claro. Mandei uma marmita para ela, uma tentativa meio desajeitada de mostrar que estava ali, mesmo que fosse de longe. Afinal, a mulher não havia saído da sala de fisioterapia o dia inteiro, e isso não era normal. Mas aí veio o baque: as mensagens foram ignoradas. Porra, eu não queria ter que ter aquela conversa desconfortável que havíamos adiado no CT, mas a situação estava me empurrando para isso.

Enquanto imaginava o pior, a frustração e a raiva cresciam dentro de mim. Eu até cogitei ir até seu apartamento, confrontá-la cara a cara, mas uma vozinha no fundo da minha cabeça me segurou. Talvez ela precisasse de espaço, talvez eu estivesse apenas criando mais problemas. Afinal, não queria ser aquele cara chato e invasivo, né?

A raiva e o ciúme pulsavam dentro de mim como um vulcão prestes a entrar em erupção. Como diabos ela podia me ignorar e ainda passar o número dela para outro cara? Era como se ela estivesse brincando comigo, testando meus limites, e isso estava me deixando possesso.

Mas aí veio o choque de realidade: não tínhamos nada, não havia compromisso, não tinha o direito de cobrar dela nada além do que ela estava disposta a dar.Mas é claro que isso não aliviava a sensação de ter sido deixado de lado. Era como se eu estivesse assistindo a um filme em câmera lenta, vendo a garota dos meus sonhos se distanciar cada vez mais.

E, puta que pariu, eu queria tanto que ela fosse minha, só minha. Enquanto eu tentava processar tudo isso, não pude deixar de rir da ironia da situação.

Lá estava eu, um cara possesso de raiva e ciúmes, escrevendo o nome dela na minha chuteira como se fosse uma espécie de ritual de exorcismo emocional.

Ridículo, eu sei, mas às vezes a vida é assim, uma comédia absurda onde somos os protagonistas involuntários.

Mas agora, aqui estou, sentado no vestiário, com a caneta na mão, rabiscando o nome dela na minha chuteira. Cada traço é como uma válvula de escape para a raiva e a frustração que fervilham dentro de mim. Não sei se é a melhor forma de lidar com isso, mas no momento, é tudo o que tenho.

E enquanto risco o nome dela na chuteira, não consigo evitar o pensamento de como seria bom se ela soubesse o quanto está me deixando puto. Talvez assim ela percebesse que não pode simplesmente me ignorar, que não pode mexer comigo desse jeito.

Mas ao mesmo tempo, uma parte de mim sabe que isso não adiantaria de nada. Afinal, ela tem sua própria vida, seus próprios problemas, e talvez eu só esteja sendo egoísta em esperar que ela se encaixe perfeitamente na minha narrativa.

Respiro fundo, tentando acalmar as tempestades dentro de mim. Hoje é jogo, e não posso deixar essas emoções me atrapalharem. Mas a mensagem na minha chuteira é um lembrete constante da turbulência que se instalou na minha vida nos últimos dias. E por mais que eu tente, não consigo deixar de sentir que essa raiva está longe de desaparecer.

Caso do Acaso - RICHARD RÍOS.Où les histoires vivent. Découvrez maintenant