XXIII.

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"eu quero rosnar e te mostrar o quão perturbada isso me deixou; você não duraria uma hora no hospício em que eu fui criada"

- who's afraid of little old me?, taylor swift

🥀

O passado me assombra, o sangue escorre por entre minhas mãos enquanto malditas lembranças devoram meu cérebro.
O líquido vermelho jorrando contra meu rosto me deixa eufórica e ansiosa, o som suave do jorro saindo de seu corpo suava como melodia, servindo de base para a canção de beethoven que tocava ao fundo.
Este era a minha verdadeira rotina, a minha Verdadeira ambição e gosto, tortura-los e ver cada gota de seu sangue escorrer pela pele flacida e gelada. Não considero um fetiche matar pessoas, meu fetiche é matar estupradores, pedófilos e charlatões. Detesto mentirosos e enganadores, estes são aqueles que eu daria minha vida depois de mata-los

Eu prometi que pararia com ações sanguinárias, que não mancharia minhas mãos com o pecado dos maléficos, deixar Lisabelle com medo de mim não era a minha opção e nunca seria, no entanto, pelo mesmo motivo, ando mergulhando-me no meu passado desfrutando do prazer de matar.
Não nasci para matar seres inocentes, seres benigmos e merecedores da paz, certeira em meu foco, o intuito era os maldosos. Aqueles que escolheram andar por este caminho, automaticamente fadado a morrer nele, colhendo do próprio fruto que plantou, e até mesmo pior.

Eu diria que a cada segundo eu ficava mais louca da cabeça, pensamentos iam e voltavam fazendo meu corpo turbinar em adrenalina. No entanto, isso está me custando caro, muito caro. Já fazem semanas desde decidi sumir por um tempo, tomei a liberdade de me afastar de Lisabelle e os outros porque sei que a mesma não conseguiria fazer isso, mesmo que eu negasse e fingia não ver, a doce Lisabelle nutria algo, algo amoroso e eu não queria isso. Eu não a mereço, não mereço nem a maldita educação que ela tem, sua vida era agitada e eu tinha noção do que havia sofrido, de seus traumas e abusos, eu sabia de tudo.
E sei que minha presença anda a afetando de alguma maneira, ações, palavras e a falta de comportamento, eu sei que ela prestava atenção nisso, mas eu não podia dar algo que eu não tinha a ela. Eu não a amava, não a queria de forma afetiva e tenho noção que isso a destruia. Nunca tive um laço amoroso ou um relacionamento no qual eu de fato amava outrora, eu gostava de sua companhia e sua presença fodidamente calma, eu gostava de tê-la por perto e não de prazeres carnais. Ouvi-la contar sobre algo ou tentar lidar com determinada situações me fazia parar no tempo, de como ela cuida de Jade e Luiza, de suas manias de tentar impressionar o próximo e a forma que ela se entregou para mim tão facilmente, me fez a querer mais e mais, todos os dias. Todos os malditos dias

Eu estou obcecada, totalmente vidrada em Lisabelle. E não importa oque aconteça, eu irei estar em sua sombra pelo resto de sua vida

Confesso que todo esse tempo longe foi capaz de abrir um buraco em minha mente, perguntas vinham sem parar e nenhuma delas tinha alguma resposta. Pensar demais sempre é um desafio, fazem dúvidas lhe corroer e ações ausentarem-se.

Apesar de saber cada passo que alguém da na boate, James me conta oque exatamente havia acontecido e oque Lisabelle fez ou deixou de fazer.
Tentei focar no meu futuro e oque inferno eu ia fazer dele. Não tinha noção de como fazer isso, fora minha construção de bens, nunca foi meu forte investir em outra coisa que de fato envolvesse um final

Mas no meu final, eu quero que Lisabelle esteja envolvida de alguma maneira. Isso para James seria um convite para dizer que estou apaixonada ou algo do gênero, no entanto, posso responder quantas vezes for necessário:

Eu não a amo.

Já era tarde, os sons dos carros diminuíram e a rua se tornou deserta. Com a roupa cheia de sangue, apertei meus passos para casa enquanto meus músculos ficaram rígidos a cada som naquela rua. Meus olhos capitavam o máximo de movimentos possível, uma atenção que eu considerava excessiva e na maioria das vezes irritante. Não sei da onde surgiu a ideia de matar alguém em um depósito de bebida abandonada, e para piorar, sem carro.

Quando As Estrelas Se AlinhamOnde histórias criam vida. Descubra agora