barcelona | carlos sainz

67. but there were strangers watching

It's all fun and games
'til somebody loses
their mind
— Wonderland, Taylor Swift

CARLOS SAINZ

Desde que cheguei em Monza não parei um minuto. Fui com Clair para o hotel deixar as malas, depois almoçamos e fomos direto para o circuito para o media day e algumas ações promocionais com os patrocinadores. Sai de Maranello com dor no coração, mas sabia que ligar para minha irmã mais velha foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado, por que ela cuidaria da Tina como eu mesmo, disso não tenho dúvidas.

Agora estou sentado em uma conferência de imprensa com Gasly, Lando, Sargent e Perez. Honestamente estou achando uma chatice, não vejo a hora de finalmente ir para o hotel e descansar um pouco. Os jornalistas estão questionando Gasly a respeito do filho perdido mais uma vez por que ele foi novamente visto com a garota grávida nos fundos do paddock, um deles já caçoou de Lando por que ele ainda não tem um vitória mesmo tendo bons resultados na última corrida.

Checo foi questionado sobre o seu casamento que está na mira da mídia semana sim e semana não e Sargent, coitado, ninguém nunca tinha coisas boas ou esperançosas pra perguntar pra ele e isso me irritava bastante, não é por que o garoto não se adaptou tão bem na Fórmula 1 que ele é um piloto ruim, as pessoas precisam colocar isso na cabeça.

Era como se alguns desses jornalistas só tivessem uma função: tentar desestabilizar quaisquer pilotos que estivessem na sua frente a qualquer custo.

E eu, bom, aparentemente saí ileso do veneno deles, por enquanto.

— Você também está achando isso um porre? — Lando se inclina na minha direção e sussurra com um sorriso no rosto.

— Só quero ir pro hotel — dou de ombros e sussurro de volta.

Como o assunto agora está na outra ponta, continuamos cochichando um com o outro.

— Onde está Tina? — ele pergunta. — Vi que você chegou sozinho hoje... não vá me dizer que brigaram por causa do otário do Ocon.

Deixo um sorriso escapar.

Lando é o meu melhor amigo e, apesar de não estarmos mais saindo com tanta frequência, dava pra ver que ele continuava prestando atenção em mim e na Tina. Com certeza deve ter visto os dois conversando outro dia ou quando Ocon conversou comigo na Holanda. 

— Martina ficou bem doente depois da Holanda — digo e Lando junta as sobrancelhas em uma careta preocupada. — O médico disse que é uma pneumonia... agora ela está em Maranello com a Blanca. Proibi ela de vir pra Monza até se recuperar.

Ele concorda com um aceno de cabeça.

— Fez bem, diga a ela que mandei um abraço — é tudo o que ele diz e logo ouvimos o último jornalista agradecer nossa presença, nos liberando.

A caminhada até o motorhome foi rápida e eu estava agradecendo aos céus por ter sobrevivido a mais um media day sem ter dado uma resposta inadequada para perguntas inadequadas. Quando entrei na sala de reuniões procurando por Clair para irmos embora, a encontrei com a cara fechada enquanto conversava com um dos membros da minha equipe. Nós dois viemos em aviões diferentes até Monza por que enquanto eu estava em Maranello, Clair foi para Roma visitar a casa de infância de Martina assim como tinha combinado com Hector.

Não tinha dado tempo de conversarmos sobre isso ainda e só de olhar a expressão dela imaginei que as notícias talvez não fossem tão boas quanto eu imaginava.