76. i've spent my whole life trying to put it into words

2.7K 339 246
                                    

Pauses, then says

You're my best friend

You are in love, Taylor Swift



CARLOS SAINZ

Meu cérebro só repetia as mesmas coisas quando eu fechava os olhos: o motor ronronando nas minhas costas, luzes vermelhas se apagando, jogar o carro para a esquerda para impedir George Russell de me dar o golpe na primeira curva. Depois disso acelerar o máximo possível após a sequência de chicanes, percorrendo Marina Bay como se minha vida dependesse disso, enquanto o pingente do colar de Martina está grudado no meu pescoço devido ao suor, me dando sorte até que eu visse a última curva do circuito se aproximando.

Esse era o meu trabalho hoje: vencer.

Martina tinha se enrolado em mim durante a noite e, quando acordei, o perfume do meu shampoo no cabelo dela preencheu o meu olfato como um 'bom dia' silencioso.

Acordei antes do despertador, então, eu sabia que podia curtir mais alguns momentos com ela nos meus braços. Como a corrida seria só no início da noite, eu tinha um tempo extra pra enrolar na cama até ter que ir para o paddock.

— Está cedo, volte a dormir — a voz preguiçosa dela chamou a minha atenção quando ela se aconchegou mais em mim.

Estoy un poco ansioso — confesso enquanto fecho os olhos mais uma vez, "Estou um pouco ansioso".

Martina solta um suspiro e leva uma das mãos até o meu cabelo em um cafuné sem jeito mas igualmente gostoso de receber.

— Todo dia perfeito começa assim, com um pouco de medo e ansiedade — ela resmunga e sinto seus dedos percorrerem o meu cabelo de forma preguiçosa. — Mas vai dar certo, eu sei que vai.

Não sei exatamente o que me acalma mais. Se é ela grudada em mim, a sua mão no meu cabelo, o seu cheiro, suas palavras de confiança ou tudo junto. Mas sinto meu corpo todo relaxar um pouco enquanto vou me acalmando.

Volto a pensar no circuito e o fato dela citar o 'dia perfeito' me faz lembrar de uma conversa que tivemos um tempo atrás. Eu estava muito perto disso em Monza, quando fiz a pole e me destaquei nos treinos porém não venci a corrida. Singapura era minha segunda chance de tornar isso real e eu sabia que dependia de algumas coisas, mas principalmente de mim mesmo.

O carinho de Martina desacelerou os meus pensamentos e eu adormeci devagar, mais uma vez, sonhando com a bandeira quadriculada e os fogos de artifício que eu tanto esperava.

Assim que cheguei no paddock, comecei a sentir uma leve agitação interna novamente. Martina veio comigo dessa vez e fez questão de andar de mãos dadas comigo por todo o caminho da entrada até o lounge da Ferrari, onde toda a preparação ia acontecer.

As fotos, a aglomeração de pessoas e as mensagens positivas dos fãs me trouxeram um alívio momentâneo e eu senti a esperança me preencher mais uma vez.

Martina permanecia calma, com o mesmo pensamento que tinha me dito mais cedo. Ela acreditava que isso ia dar certo e agia realmente como se já tivesse dado. Sua mão na minha era uma forma de transmitir essa confiança.

Desde Monza havia um clima tenso na equipe e, assim que entramos, vi Leclerc sentado em um dos sofás do lounge com a cabeça baixa encarando o próprio celular, ignorando a nossa presença. Clair não deixou de reparar a forma com que eu segurava a mão de Martina, como se precisasse de algo pra me manter firme exatamente onde estava. Sei que ela tinha notado por que o sorriso no seu rosto veio acompanhado de uma de suas sobrancelhas levantadas que, depois de tanto tempo, era um sinal claro pra mim.

barcelona | carlos sainzOnde histórias criam vida. Descubra agora