Parte 3

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Desde que os humanos lançam sinais para o universo procurando saber se não estão sozinhos, nós percebemos que os deuses nos preveniram sobre o futuro embate de raças.

Nós sempre soubemos que nunca estivemos sozinhos desde a Grande Cisão, quando os ancestrais primatas observaram as possibilidades e se distinguiram em espécies distintas: macacos e humanos. Acho que você sabe que em algum momento da existência do homem distinto dos primatas, houveram raças humanas. O Homo Neandertalis, o Homo Sapiens, o Homo Erectus e outros. Nós, que você chama de seres submarinos ou homem-peixe, tivemos nossas etapas evolutivas também, uma lenta e milenar transição para viver em comunhão perfeita com a água.

Homo Erectus.

Homo Sapiens.

Homo Natator.

Homo Amphibian.

Homo Piscens e Homo Cetaceus.

Não vou continuar, pois da mesma forma que existem pessoas negras, amarelas, indígenas, brancas e de tantas outras etnias que a tornam bem diferentes entre si, os deuses nos divisaram conforme as necessidades do nosso planeta e os seus próprios objetivos.

Embora sejamos todos aquanos - este o nome da raça em comparação com os humanos, e não submarinos como os terrenos nos apelidaram -, temos nossas próprias raças com suas particularidades e que apresentam seu próprio status ante ao Panteão das Águas.

Creio que não deva surpreender ninguém que a Casa Uchiha de R'leyh seja de uma raça distinta a aqueles que servem o Império e os deuses. Quero dizer, é um pouco difícil não notar que nós parecemos mais humanos que um mordomo com cabeça de peixe ou do que Temari, a esposa de Shikamaru que tem uma forte semelhança com o peixe-leão, ou com o Dr. Aburame e Juugo, que são crustaceanos. Ou seja, meio crustáceo. Como nada mais me surpreende hoje em dia, no entanto, é melhor que eu repita: somos todos aquanos, mas somos aquanos de etnias diferentes, se facilitar para a sua compreensão.

Diferente dos nossos primos terrenos, não definimos nossa grandeza pelas posses que adquirimos ou as riquezas acumuladas, tampouco pelo afirmação de um sistema teocrático. É a natureza quem cria a nossa hierarquia e são os deuses que nos deslocam para cima ou para baixo, nos pondo ou nos retirando de locais de poder conforme são suas vontades cósmicas e titânicas. Por mais que tenhamos o segundo gênero para organizar certas coisas e ele até ajude a mim e a Itachi a criar políticas públicas específicas, o poder não emanava do povo, pois o povo não é eterno.

Lembro-me do quão libertador foi entender que forças muito maiores e inteligências mais superiores conduzem e recém o emaranhado infinito da vida.

Significa que não estou sozinho e não continuarei sozinho ao vagar pelas veias cósmicas. É como olhar para o céu e saber que por mais que não haja lua, ainda há luz conosco e algumas dessas luzes estarão conosco enquanto nos for dado o privilégio de viver. Nós somos estrelas e para elas vamos. Ad astra per ultra. Ou, como dizemos em r'leyhano: Mankoul r'ly-thi naa, mankoul asama naa, mankoul fthalo naa. É um mantra, uma oração, quer dizer: estrelas nos guiem, estrelas nos lembrem, estrelas nos ensinem porque nós somos o povo das estrelas.

Nelas nascemos, vivemos, morremos, sonhamos.

Por isso é uma ideia terrivelmente terrena brigar para saber quem é o servo e quem é o senhor. Todos fazemos parte de alguma coisa em que acabamos dando algo para alguém ou recebendo de outrem. Eu sou o rei, mas não estou acima dos meus súditos. Eles me atravessam e por mim, suas vozes alcançam os ouvidos ignorantes e as mentes surdas.

E por que contei tudo isso?

Porque é assim que meu poder funciona. Eu não só entendo o que peixes e piscianos, crustáceos e outros seres marinhos falam. Eu os compreendo e os sinto como eu.

Contos sob as ÁguasWhere stories live. Discover now