Capítulo 29 - Prova de fogo

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Lee Na

O caminho teria sido completamente silencioso se não fosse pelas crianças no carro, mas, de certa forma, era como um refresco poder escutar suas vozes ali dentro, porque o clima entre mim e o pai delas não estava dos melhores.

Não tinha como ser diferente, afinal, aquela carona nos havia sido imposta por meu marido, e de duas, uma: ou ele estava me empurrando para longe, para poder passar um tempo sozinho com sua tão adorada cunhada, ou ele tinha me jogado ao leão para testar se eu voltaria inteira ou não. Entre essas duas alternativas, a minha aposta maior era pela segunda, até porque de nada adiantaria se Seungmin quisesse investir em Hyunjina agora, aquela mulher já tinha me deixado bem claro que não largava o osso do marido de jeito nenhum.

Eu queria poder tê-lo questionado a respeito dessa decisão precipitada de me fazer sair com seu irmão, mas não consegui ter um tempo sozinha com Seungmin no restante da manhã, até porque ele foi deixar os pais de volta na casa deles e talvez isso até mesmo fosse um ponto de fuga para não ter que se explicar para mim. Sem saída, apenas aceitei o meu carma e entrei no carro com a pior das caras.

A bela tarde que eu havia planejado para mim, já tinha ido por água abaixo, pois após ser obrigada a ir ao centro na companhia de Han, meu humor morreu de vez, só o que eu conseguia era permanecer emburrada durante o trajeto e isso piorou em 90% após Changbin e Chan serem deixados na escola.

- Lee Na... - começou meu cunhado, com uma voz meio inibida, assim que arrancamos dali.

- O quê? - respondi secamente.

- Onde você quer que eu te deixe?

- Em qualquer shopping center está bom.

Han virou o rosto para me olhar e eu acabei fazendo o mesmo ao perceber isso.

- O que foi? - indaguei rispidamente.

- Você está muito bonita.

- Preste atenção na rua - respondi com raiva, ignorando seu elogio e virando instantaneamente o meu rosto para a frente, mantendo apenas a janela frontal do carro no meu campo de visão.

- Lee Na, Felíc...

- Foco no volante - reforcei no mesmo tom, interrompendo ele. - Você não tem o direito de falar sobre ela.

- Por favor, podemos conversar?

- Conversar, Han? Após três meses sem o mínimo contato? 

- Você também não...

- Eu também não tentei falar contigo? - esbravejei, completando a sentença dele. - Será que é porque eu tive que lidar sozinha com a situação envolvendo o meu corpo? Você sabe como foi assustador, a cada dia que passava, questionar a mim mesma se tinha algo se formando dentro de mim, sem saber se seria aceito pela pessoa com quem sou casada? Seungmin passou todo esse tempo reafirmando ao terapeuta, que tinha certeza de que havia sido traído, eu dei sorte de ele descansar de vez essa acusação quando se apaixonou pela oportunidade de ser pai.

- Eu queria falar com você, mas aqui também não estava fácil...

- Jura? Nem em um intervalo de trabalho? - perguntei retoricamente.

- Eu trabalho no gabinete da família da minha esposa, o que você acha que eu poderia fazer?

- Se você sentisse por mim o mínimo apreço, como comentou na noite anterior à minha partida, teria dado o seu jeito.

- Jagi... 

Eu bufei uma risada irônica pelo modo com que ele estava me chamando.

- E ainda tem isso, você resolve colocar tudo a perder no primeiro dia em que chegamos aqui, me chamando assim no meio da sala. Se você tivesse realmente se apaixonado por mim, se importaria com o que pode me acontecer. Agora estamos aqui, presos nessa carona indesejável, porque meu marido resolveu me colocar a teste perto de você, e se eu pisar na bola, vai saber o que pode rolar comigo e com a minha filha...

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