Um destino duvidoso

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A música e as risadas dos convidados no banquete reverberavam ao longe, como um eco distante que parecia pertencer a outro mundo. Karoll e a imperatriz caminhavam lado a lado, em um silêncio carregado de significados, distantes da agitação que dominava o grande salão.

- Diga-me, minha querida, como se sente sendo a noiva do príncipe? - A imperatriz quebrou o silêncio com uma voz suave, mas o sorriso que moldava seus lábios não conseguia esconder a frieza que residia em seus olhos.

A morena esforçou-se para retribuir o sorriso, sentindo o peso de cada palavra que deveria escolher com cautela, sabendo que qualquer deslize poderia ser fatal.

- Me sinto profundamente honrada e animada por ter a oportunidade de me tornar parte da família imperial, Vossa Majestade.

Anna deteve seus passos por um breve momento, seus olhos avaliando um tapete luxuoso que adornava uma das paredes, como se buscasse ali respostas que não se encontravam na jovem à sua frente. Após um instante, retomou a caminhada.

- Sim, claro. Um casamento é sempre motivo de grande alegria. - Sua voz, embora melodiosa, continha uma nota de sarcasmo. - No entanto, noto uma certa tensão em seu olhar. Algo a preocupa, minha querida?

Karoll sentiu seu coração acelerar. Sabia que qualquer tentativa de ocultar seus verdadeiros sentimentos seria inútil diante de uma mulher como Anna.

- Estou preocupada, Vossa Majestade, com a situação política e as constantes guerras nas fronteiras. Não quero que o príncipe Gilbert sofra mais do que já sofreu.

A ruiva parou abruptamente, girando sobre os calcanhares para encarar a jovem com um olhar afiado, que parecia capaz de penetrar sua alma.

- Aha, a guerra... - murmurou a imperatriz, sua voz revestida de uma ironia sutil. - Uma preocupação legítima, sem dúvida. Mas me diga, Karoll, é realmente com Gilbert que está preocupada? Ou há algo mais que a inquieta?

Karoll franziu a testa, tentando discernir o verdadeiro significado por trás das palavras insinuantes da imperatriz.

- Vossa Majestade, não compreendo o que está sugerindo.

Anna riu suavemente, mas o som estava desprovido de calor, como o vento frio que precede uma tempestade.

- Vamos, Karoll, somos ambas mulheres inteligentes. Não há necessidade de dissimulações entre nós... Sabemos que o poder no Império é um jogo perigoso, e muitas vezes os sentimentos pessoais são relegados a segundo plano.

- Compreendo, Vossa Majestade. No entanto, asseguro que minha única intenção é apoiar Gilbert e desempenhar meu papel da melhor forma possível.

Anna voltou a caminhar, seus passos ecoando no corredor vazio, como o tic-tac de um relógio marcando o tempo que Karoll sabia ser precioso.

- Karoll, minha querida, eu também já fui uma jovem noiva, cheia de sonhos e esperanças. Mas aprendi rapidamente que, neste Império, sonhos são luxos que não podemos nos dar ao luxo de cultivar, especialmente quando se é uma mulher. A sobrevivência exige astúcia, força e, acima de tudo, a habilidade de enxergar além das aparências.

As palavras da mais velha pesavam no ar, e Karoll sentiu seu próprio fardo crescer, à medida que compreendia a profundidade das intrigas que permeavam a corte.

- Vossa Majestade, sou leal ao príncipe e ao Império. Farei o que for necessário para garantir a paz e a prosperidade.

Anna parou uma última vez, fixando seus olhos nos de Karoll com uma intensidade que parecia perfurá-la, sua expressão impenetrável.

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