Contrafação

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Gilbert mal conseguiu esconder o choque que tomou conta de seu rosto; seus olhos se arregalaram, traindo o estado de espanto em que mergulhara diante das palavras de Karoll. Seu peito subia e descia de forma descompassada, como se sua mente tentasse desesperadamente processar o que ela acabara de dizer.

— O-o que está dizendo?

A voz dele saiu trêmula, quase como um sussurro, enquanto seus olhos buscavam alguma explicação, algo que o resgatasse do precipício no qual sentia que estava caindo.

— Não banque o desentendido agora, e nem tente mentir. Eu vi você com aquela meretriz. Vi como se saciava enquanto pensava em mim! — A dor na voz de Karoll era quase física, cortante, atingindo Gilbert como uma lâmina afiada.

O rosto dele empalideceu instantaneamente, como se todo o sangue tivesse fugido de suas veias. Suas mãos, antes firmes e poderosas, tremiam visivelmente. Ele sentiu o pânico crescendo em sua mente, um turbilhão de perguntas sem respostas girando em espiral, descontroladas.

— Como você me viu? O que estava fazendo naquele lugar?! Quem a levou até lá?! — As palavras saíram em um atropelo, sem ordem, sua confusão evidente, misturada à crescente preocupação.

Karoll, no entanto, permaneceu firme, implacável. Seus olhos estavam duros, e ela avançou um passo, sem desviar o olhar dele.

— Isso não importa agora. Entre nos seus aposentos. Temos outros assuntos para discutir. — Sua mão já estava na maçaneta, mas antes que pudesse abrir a porta, Gilbert, em um gesto desesperado, segurou-a pelo pulso, seus dedos se fechando ao redor da pele dela, quase com violência, uma súplica silenciosa.

— Isso é importante! — A voz dele quase quebrou, e seus olhos brilharam com algo que parecia medo. — Quem a colocou em perigo, levando-a para uma casa de Zanah?!

Karoll ergueu uma sobrancelha, o rosto contorcendo-se em um sorriso amargo e incrédulo. Ela puxou o braço, libertando-se do aperto.

— Ciúmes, Gilbert? Justo você? — Sua risada foi fria, repleta de ironia, mas a dor era evidente. — Eu sou quem deveria estar enciumada. Você, com uma meretriz! Agora, abra a porta.

Gilbert hesitou, um turbilhão de emoções dentro de si. Sentia-se vulnerável, traído pelos próprios erros, e agora a raiva e a culpa misturavam-se perigosamente. Ele abriu a porta com um movimento brusco, os dentes cerrados enquanto Karoll passava por ele, movendo-se com uma calma fria, que só amplificava o tormento dentro dele.

Ela se jogou em uma poltrona, cruzando os braços, seu olhar queimando com a intensidade de alguém que não estava ali para ouvir desculpas. Gilbert fechou a porta atrás de si, o silêncio no quarto era quase palpável. O peso das palavras não ditas entre eles parecia crescer com cada segundo que passava.

— Karoll, eu... — Ele tentou, a voz falhando, mas foi imediatamente interrompido.

— Não, Gilbert. — Sua voz foi firme, cortante. — Desta vez, você vai ouvir.

Gilbert congelou no lugar. As palavras dela o atingiram como um golpe físico. Ele sabia que tinha muito a explicar, mas Karoll não estava disposta a ouvir justificativas frágeis.

Ela se levantou da poltrona com uma força que parecia desafiar a dor que claramente sentia.

— Eu te vi em Zanah, Gilbert. — Ela o encarou com fúria contida. — E você realmente acha que vou aceitar isso? Acha que eu vou simplesmente esquecer o que vi?

As palavras dela o atingiram com força, cada frase como uma acusação que ele não podia refutar. Ele abaixou a cabeça, a vergonha queimando suas bochechas.

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