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No dia seguinte, os líderes imperiais se reuniram para lidar com as queixas que os cidadãos do Império enfrentavam. Embora os problemas não fossem grandes, também não eram insignificantes. Este encontro com o povo acontecia uma vez por semana na sala do trono, um espaço imponente repleto de tapeçarias e candelabros, onde apenas algumas pessoas selecionadas poderiam comparecer diante dos imperadores.
A sala do trono estava cheia de súditos que esperavam pacientemente para apresentar suas queixas, pedidos e agradecimentos a Gilbert e Karoll. O ambiente era tenso, com murmúrios e sussurros, enquanto as pessoas se ajeitavam em seus lugares, cercadas por guardas que observavam cada movimento. Karoll sentia a pressão do olhar dos cidadãos, esperando por soluções, enquanto se esforçava para transmitir uma imagem de força e empatia.
— Saúdo vossa majestade imperial, Gilbert Quátez… — disse um homem de meia-idade, sua voz ressoando com reverência no salão.
— Obrigado pela sua servidão ao Império, caro cidadão. Diga-me, o que deseja? — Gilbert respondeu, sua voz firme, mas carregada de cansaço.
— Vossa majestade, nós do norte da capital não estamos recebendo os alimentos da colheita deste ano há algumas semanas… Sei que é meio rude questioná-lo dessa maneira, mas porque estamos recebendo esse tipo de tratamento? Soube que o sul da capital está sobrando estoques de grãos da colheita!
Karoll observou a reação do público, especialmente ao ouvir o lamento do homem. A região Norte da capital sempre foi onde as pessoas mais favoreciam Karoll como imperatriz. O peso da responsabilidade a atingia em cheio. Ela pensou rapidamente em Connell, o conde responsável por essa área. Era visível que ele não nutria a mesma devoção por ela, mas Karoll sabia que não deveria fazer suposições precipitadas.
— Não fomos informados sobre isso. Acredito que o conde Connell está encarregado do norte da capital, certo? — Ela questionou, chamando a atenção do conde que estava escondido entre os conselheiros.
Os olhares se voltaram para Connell, que mantinha uma postura ereta e um sorriso cínico no rosto. A tensão era palpável, e Karoll sentiu um frio na barriga ao perceber a maneira como todos aguardavam sua resposta.
— Vossa majestade, a colheita deste ano realmente foi prazerosa, mas com a guerra dos rebeldes, tivemos que dar prioridade ao sul e ao leste, onde se concentram mais crianças e doentes. Admito que foi um erro meu não ter falado desse assunto antes ao senhor, mas não se preocupe, estou cuidando disso. Nesta semana, mandei trazer alguns grãos coletados das minhas terras. Não são muitos, mas o suficiente para o norte da capital se alimentar bem até a próxima colheita.
As palavras do conde geraram murmúrios de surpresa entre os lordes presentes. Alguns começaram a elogiá-lo, enquanto outros o olhavam com desconfiança. Karoll percebeu que, apesar de suas intenções, a divisão entre os nobres era cada vez mais evidente.
— Realmente terei que admitir que fez uma boa ação, conde. Mas da próxima vez, trate de repassar-me todos os problemas da capital e do Império antes de tomar uma decisão por conta própria — aconselhou Gilbert, sua voz carregada de autoridade. — Agora, vamos dar continuidade a outros assuntos. Mande entrar o próximo, por favor.
Antes que Gilbert pudesse continuar, o Visconde Wolfgrove, um homem de cerca de trinta anos, se aproximou de Connell. Com seu cabelo e olhos negros que contrastavam com sua pele pálida, ele sempre exibia um ar de mistério e sagacidade. Wolfgrove inclinou-se ligeiramente, aproximando-se do conde com uma expressão enigmática.
— Connell, eu estava começando a pensar que você estava aprontando muito nos últimos dias — sussurrou o visconde, sua voz baixa, mas penetrante.
Connell ergueu uma sobrancelha, um sorriso arrogante dançando em seus lábios.
— Fazer boas ações agora é algo suspeito para você, Wolfgrove?
O visconde soltou uma risada suave, como se a situação fosse uma piada particular entre eles.
— Não é muito do seu comportamento, conde. Pergunto-me se você realmente está achando que privilegiar plebeus em seu nome e implantar mentiras sobre a imperatriz Karoll na cabeça deles é mais prazeroso do que os bordéis de escravos que você frequenta.
Connell olhou para o visconde, sua expressão mudando levemente.
— Estou gostando das duas opções, acredite. — Ele balançou a cabeça, como se não se importasse com as implicações de suas palavras. — O que posso dizer? Sou um homem de interesses variados.
Wolfgrove observou Connell com uma expressão enigmática. A dinâmica entre os dois era intrigante; havia um jogo de poder em suas interações, uma tensão que mantinha todos na sala em estado de alerta.
— Lembre-se, Connell — o visconde disse, suas palavras carregadas de um aviso sutil —, há olhos em todos os lugares. Não é só a imperatriz que está observando você. O próprio imperador pode não estar tão satisfeito com suas artimanhas.
Connell deu de ombros, desdenhando do aviso do visconde.
— O imperador tem seus próprios problemas, Wolfgrove. Mas eu não sou uma peça do tabuleiro dele.
A conversa entre os dois foi interrompida pela entrada de uma figura envolta em uma capa preta. Karoll sentiu um calafrio percorrer sua espinha à medida que a figura se aproximava. Uma ansiedade inexplicável a dominava. Ao chegar perto do trono, a mulher revelou seus traços finos e a silhueta feminina.
— Saúdo vossa majestade imperial, imperador Gilbert Quátez e imperatriz Karoll Quátez — a jovem misteriosa saudou, sua voz melodiosa ecoando no salão.
Karoll notou o pequeno susto que Rodan, seu guarda pessoal, deu ao ouvir a voz da jovem ao seu lado. Quem seria aquela mulher? O coração de Karoll acelerou enquanto ela tentava decifrar a situação.
— Por favor, tire essa capa enquanto estiver na minha presença — pediu Gilbert, sua expressão mudando para uma combinação de curiosidade e desconforto.
A jovem obedeceu, revelando seu rosto, e o imperador se sobressaltou, reconhecendo-a imediatamente. O cabelo preto e os olhos verdes chamaram lembranças dolorosas à sua mente, lembranças de um passado que ele preferia esquecer.
— Pela sua reação, vossa majestade, acredito que se lembre de mim… Vim até aqui hoje para pedir algo… — Ela abriu a capa, mostrando a barriga grande sob seu vestido simples. — Eu sou Amelya Connell, e estou esperando um filho de vossa majestade imperial!
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Luz do Império
Romance"Toda escolha egoísta planta a semente da destruição." No vasto e poderoso Império de Quátez, onde a política é tão letal quanto a lâmina mais afiada, Karoll Sentiny, filha de um dos duques mais ricos e influentes, se vê diante de um destino que sem...