Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
•
Eu trabalho com um amigo e passei na casa dele depois do serviço. Como somos amigos há anos, fico à vontade para ficar na casa dele.
Estamos no quarto: ele, sem camisa, mexendo no notebook, e eu deitada na cama, mexendo no celular.
— Ô, Queiroz, ô, Queiroz! Traz essa mulher pra nós! — ele canta enquanto continua no notebook.
Eu apenas escuto.
— Cara, que calor.
— Tá mesmo — concordo. — Liga o ar pra gente, por favor.
Ele me olha de forma atrevida e se levanta.
— Tá me olhando assim por quê?
— Nada — responde, com um tom cínico. — Vou ligar o ar.
O quarto ficou em silêncio por um tempo, apenas com o som do ar condicionado.
Mas eu não conheço outra pessoa tão peculiar quanto esse menino.
Já peguei ele dançando sozinho, falando sozinho, xingando sozinho e fazendo várias outras coisas inusitadas.
Tem dias em que tô em silêncio no trabalho e ele chega gritando meu nome pra empresa toda ouvir. Nosso patrão já avisou que, na próxima vez, ele vai ser demitido e eu também.
— SAI, PORRA! — ele grita do nada, mas depois percebo que estava jogando algo.
— O que você está jogando? — pergunto, curiosa.
— Slither.io — ele responde, ainda focado no jogo.
Nego e volto a mexer no celular.
— É essa luz que tá deixando o quarto mais quente — ele comenta.
— Será?
— Certeza — ele se levanta. — Aaah, eu tenho que te mostrar uma coisa.
Olho para ele, curiosa.
— Eu configurei minha Alexa pra uma parada. Quer ver?
— Quero.
Ele abre a porta do quarto e finge sair, mas antes diz:
— Alexa, modo abate.
A luz do quarto se apaga e um LED vermelho se acende.