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Peguei um Uber correndo para ir à casa do meu namorado. A briga que tivemos ainda ecoava na minha cabeça, cada palavra dita parecia um golpe. Eu pedi para terminar e agora estava indo buscar minhas coisas. O caminho até lá foi um misto de raiva e arrependimento. A tela do celular me encarava com as mensagens trocadas, cada linha me fazendo reviver a discussão.
Quando o Uber estacionou, paguei rapidamente e desci, respirando fundo antes de abrir o portão. Cheguei à porta e bati várias vezes, com força, chamando por ele.
— Quem é? — A voz dele veio da janela, que se abriu em seguida. Ele estava sem camiseta, os cabelos bagunçados, e me olhava com aquele jeito irritantemente calmo que só aumentava minha raiva.
— Abre essa porta! — exigi, tentando manter o controle.
Escutei a tranca girar, e assim que a porta se abriu, passei direto por ele, sem nem olhar em seu rosto, caminhando em direção ao quarto.
— Cadê minhas coisas? — perguntei, abrindo o guarda-roupa sem cerimônia.
— Tá aí, ué — respondeu ele, encostado na porta do quarto, com aquele tom de desprezo. — É só procurar.
Abri as portas e comecei a puxar minhas blusas, jogando-as em cima da cama com raiva. Os movimentos eram automáticos, mas minha cabeça fervia. Em seguida, me inclinei para procurar um frasco de perfume que sempre deixava ali.
— Cadê meu perfume? — perguntei, enquanto revirava o canto onde ele deveria estar, encontrando apenas alguns desodorantes jogados.
— Tá aí, minha colega. — Ele deu de ombros e se sentou na cama, os olhos fixos em mim, cheio de deboche. — Não sabe procurar não?
A partir dali, a tensão aumentou. Um mar de xingamentos se iniciou. Eu falava de um lado, ele ignorava e debochava do outro, mas quando respondia, era na mesma altura.
— Pode pegar uma sacola pra eu colocar minhas coisas! — falei, já irritada, gesticulando com as roupas que segurava.
Ele não se mexeu, continuou ali, sentado, como se nada estivesse acontecendo.
— Você tá me tirando? — perguntei, tentando me segurar.
— Vai lá você pegar a sacola, você tem perna — retrucou ele, com um sorriso cínico.
O quarto parecia menor com tanta tensão. Minha vontade era jogar as roupas na cara dele, mas ainda tinha um resto de orgulho que me segurava.
— Sabe o que me irrita? Esse seu deboche. — disparo, apontando o dedo indicador para ele. Minha voz sai mais alta do que eu pretendia, mas não consigo evitar.
Ele me encara, impassível, e solta uma risada curta, carregada de ironia.
— Ah é? — diz, inclinando-se levemente para frente, ainda sentado na cama. — E você com esse seu costume feio de achar que só você tá certa, né? Se manca, S/n. Já tá bem crescidinha pra ficar com manha.
— Crescidinha? — repito, com a voz tremendo de raiva. — Crescidinho é o que você deveria ser, mas tá aí, sentado nessa cama, achando que tudo gira ao seu redor!
Ele se levanta devagar, o movimento calculado, mas o olhar dele é tão afiado que quase corta o ar entre nós.
— Pelo menos eu não corro atrás de alguém pra me afirmar — retruca, a voz baixa e cortante.
Minha boca se abre, mas nenhuma palavra sai. É como se ele tivesse dado um golpe certeiro, me deixando sem reação por um momento.
— Sabe o que é pior nisso tudo? — continuo, tentando recuperar o controle da situação. — Eu ainda perco meu tempo discutindo com alguém que não vale nem metade do esforço que eu tô fazendo agora.
Ele arqueia uma sobrancelha, como se minhas palavras não o atingissem.
— Então para de perder seu tempo e vai embora. A porta tá aberta.
O silêncio se estendeu, e eu comecei a me sentir boba por estarmos brigando assim, tão intensamente. Não era isso que eu queria, mas não conseguia deixar de me sentir frustrada. Ele deu um passo mais perto e, finalmente, falou com um tom mais suave, que eu quase não reconheci.
— Não quero que você vai embora, tá?
Olhei para ele, sem saber o que dizer. Eu também não queria isso, mas as palavras pareciam presas na minha garganta.
— Eu sei... — falei baixinho, desviando o olhar. — Eu também não quero isso, mas parece que sempre acaba assim, né? A gente briga e depois fica esse clima chato entre nós.
Ele respirou fundo, como se estivesse tentando se acalmar.
— Desculpa, eu sei que às vezes sou insuportável. Falo sem pensar, fico tentando te provocar, mas é porque eu me importo, sabe?
— Eu também sou difícil. Eu sei disso — admiti, me aproximando mais dele. — Às vezes eu exagero, e falo coisas que não devia.
Ele deu um sorriso fraco, quase sem força, e tocou meu rosto com a palma da mão. O gesto foi suave, como se ele estivesse com medo de me machucar mais.
— Eu não queria te magoar, S/n. Sério. Eu sou um idiota às vezes.
Fiquei em silêncio por um momento, tentando controlar a emoção que estava começando a crescer dentro de mim.
— Eu sei... E eu também... — respondi, antes de soltar um suspiro. — Me desculpa. Eu não queria que você pensasse que eu não me importo.
Ele me olhou como se estivesse tentando decifrar se eu estava sendo sincera ou não. Ele então se aproximou ainda mais, me abraçando com uma suavidade que me fez quase derreter.
— Me desculpa por tudo — sussurrou, a voz baixa.
Ficamos ali por um tempo, quietos, como se o silêncio fosse a melhor maneira de resolver tudo. Mas então ele me puxou levemente para olhar nos olhos dele novamente.
— Ah, e o perfume... — começou, com um sorriso meio sem jeito.
— O perfume? — perguntei, confusa.
Ele mordeu o lábio, parecendo hesitar por um segundo antes de continuar.
— Eu escondi ele, sabe? Desculpa, vida.
— Você o quê? — perguntei, sem entender.
Ele riu baixinho, como se fosse uma confissão meio embaraçosa.
— Eu escondi porque cada vez que eu sentia o cheiro dele, eu lembrava de você. É um cheiro tão bom, tão seu, que toda vez que eu sentia, eu ficava pensando em como você tava longe de mim. Como se você estivesse ali, mas ao mesmo tempo tão distante. Então eu escondi, pra tentar sei lá, não lembrar tanto. Mas não deu certo.
Eu fiquei sem palavras. O fato dele ter feito isso, de uma forma tão cuidadosa, quase me fez esquecer da raiva. Meu coração derreteu.
— Idiota... — murmurei, sem saber se estava brava ou tocada demais para dizer qualquer coisa.
Ele sorriu, se aproximando de mim, e me deu um beijo na testa.
— Me desculpa, sério. Eu só queria que você soubesse que eu me importo com você e te amo muito.
— Você é um idiota — repeti, mas agora com um sorriso no rosto. — Mas eu te amo demais.
Ele riu, me apertando ainda mais forte.
— Eu sei que você me ama mesmo, dona encrenca.
_____🤍_____ Pra fechar a noite, esse imagine e o asmr do Hanks pra vocês.