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Uma amiga do ensino médio me chamou para o aniversário dela. Amiga não, ex-namorada. Namoramos por dois anos, no nosso último ano de escola, nós terminamos.
Ainda assim, fico feliz que ela não tenha me excluído da vida dela. Nunca fiz nada de mal para ela. E acredito naquela frase: "Não deve haver rancor onde já se teve amor."
Estava dentro do carro, parado em frente à casa dela. S/n, como sempre, estava cercada de pessoas. Toda hora alguém chegava. Acho que foi exatamente por isso que a gente não deu certo — ela é uma borboletinha social, e eu prefiro a paz. Quanto menos gente, melhor.
Saí do carro, fechando a porta e conferindo se havia trancado. Dava para ouvir a música alta e as risadas vindo lá de dentro. Ao entrar, notei que a decoração tinha tudo a ver com ela: alegre, colorida, cheia de personalidade.
Caminhei entre as pessoas, procurando por ela. Porra, consegue ter tanto amigo assim? Meus olhos vasculharam o ambiente até que finalmente a vi.
Ela estava tirando fotos com um grupo de amigos, rindo como sempre. Quando me viu, um sorriso familiar surgiu no rosto dela. Aproveitei para acenar com a mão.
— Mentira, você veio mesmo?! — Ela veio na minha direção, segurando o vestido com uma das mãos. A surpresa no rosto dela era evidente.
— E aí. Feliz aniversário, linda. — Me aproximei e a abracei. O abraço foi apertado, um pouco mais demorado do que eu esperava. — Falei que ia vir.
— Fico feliz. — Ela se afastou, mas os olhos ainda brilhavam. — Obrigada de verdade.
Dei um meio sorriso.
— Toma, pra você. — Levantei a mão com a caixinha que trazia.
— Não precisava! — Ela pegou a caixinha, segurando-a contra o peito com carinho. — Eu falei que não precisava trazer presente.
— É, mas você me conhece. Não gosto de chegar com as mãos abanando.
— Bobo. — Ela riu, e o som parecia ecoar mais alto do que a música ao fundo. — Fica à vontade. Tem bastante coisa para beber.
— Valeu, mas acho que não vou beber hoje. Tô de carro. — Girei a chave no dedo indicador, como se fosse um lembrete.
— Ah, entendi. Bom, tem drinks sem álcool. Escolhe uma mesa pra você. Depois vou lá para a gente conversar mais.
— Não se preocupa comigo. — Respondi, enquanto ela me encarava por um momento mais longo do que o necessário. — Antes de ir embora, te procuro de novo.
