Capitulo 21: Papai?

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Saio correndo daquela sala apertada, com meu coração batendo tão rápido que parece que vai explodir. Deixar minha mãe lá... não consigo acreditar. Chamar ela de "mãe" é tão estranho, como se eu estivesse falando de outra pessoa, mas ao mesmo tempo, sei que é verdade. Eu a vi, e ela me reconheceu. Os olhos dela... eram como os meus.

Corro pelo corredor escuro, passando pela pintura grande da Madame Pierce que usei para entrar. Parece que minha pele ainda queima, como se tivesse fogo embaixo dela, e cada corte faz meu corpo doer mais e mais. Não consigo parar de pensar nas correntes geladas, no chão de concreto frio. Aquilo vai ficar na minha cabeça para sempre.

Eu só quero encontrar as meninas, pedir ajuda. Mas, quando estou quase chegando ao quarto delas, vejo o Philip no corredor. Paro de repente, sem saber o que fazer. Ele é sempre legal com a gente, mas é o marido da Madame Pierce. Será que posso confiar nele?

Mas não dá tempo de pensar muito. Minhas pernas me levam até ele, e as palavras saem antes que eu perceba.

— Philip! — chamo, sentindo as lágrimas nos meus olhos, mas tento segurar. — Preciso de ajuda... minha mãe... — A voz falha, e vejo a preocupação no rosto dele. — A Madame Pierce... ela me prendeu lá embaixo, e... e minha mãe me reconheceu. Ela me chamou de "Grace". Ela sabe quem eu sou.

Philip parece confuso, como se estivesse tentando entender tudo ao mesmo tempo. Ele olha em volta, nervoso, como se estivesse procurando alguém.

— Grace, calma. Vamos para o meu escritório — ele diz, mas agora parece que está com medo também. Ele coloca a mão no meu ombro, e mesmo doendo, sinto um pouco de alívio. Sigo ele, sentindo as lágrimas escorrerem. Eu queria tanto que minha mãe estivesse aqui, mas agora não sei o que fazer.

Quando chegamos ao escritório, ele tranca a porta e me faz sentar numa cadeira grande e confortável. Philip se ajoelha na minha frente, e seus olhos estão cheios de preocupação.

— Grace, me conta tudo o que aconteceu — ele pede. Então, começo a falar, explico tudo. Conto sobre o que a Madame Pierce fez, sobre como minha mãe estava lá e como eu consegui fugir. Ele escuta quieto, sem interromper, mas posso ver que ele está assustado.

Depois que termino, Philip se levanta e começa a andar de um lado para o outro. Ele parece bravo e preocupado, mas também decidido.

— Eu sabia que tinha algo errado, mas não imaginava isso — ele diz, como se estivesse falando sozinho. Então, ele se vira para mim. — Grace, você tem que confiar em mim. Vou tirar você e suas amigas daqui, mas precisamos ser muito cuidadosos. Se Greta descobrir...

Ele não termina a frase, mas eu entendo. Assinto com a cabeça, mesmo que meu coração esteja batendo ainda mais rápido.

— O que vamos fazer? — pergunto, tentando não deixar minha voz tremer.

Philip se aproxima e segura minha mão. Ele está sério, mais sério do que nunca.

— Eu vou tirar você daqui, filha.

Espera, filha? Eu não me lembro de ter contato isso a ele...

— O que?

Philip me pega pelo braço e me suspende, me colocando em seu ombro. Ele tapa minha boca com força, me impossibilitando de pedir ajuda. O que ele está fazendo? Está me deixando tão assustada.

— Você precisa entender uma coisa Grace.

Ele diz enquanto coloca um lenço úmido com um cheiro forte no meu nariz.

— Não confie em ninguém. Nem mesmo na sua própria sombra.

Quando Philip me segura e me coloca sobre o ombro, sinto o pânico crescer dentro de mim, mas dessa vez é diferente. Ele caminha com passos firmes pelos corredores escuros, e cada movimento parece me empurrar mais para um abismo de medo e confusão. Tento me debater, mas estou fraca e ainda sinto o ardor dos cortes em minha pele.

O orfanato de Madame PierceOnde histórias criam vida. Descubra agora