Macris

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Eu estava deitada na cama, relembrando como tudo havia começado com Macris. Nunca imaginei que minhas cantadas despretensiosas durante um treino poderiam me levar até aqui, deitada na cama dela, sentindo a proximidade e a química que tínhamos construído em poucos dias.

Era um treino do Praia Clube, e eu estava na arquibancada, observando cada movimento de Macris. Toda vez que ela fazia um levantamento perfeito — o que, sendo honesta, era praticamente sempre — eu lançava uma cantada mentalmente, até que resolvi vocalizar uma delas. Ela não me ouviu no começo, mas depois de algumas tentativas, vi que ela começava a sorrir.

"Macris, você só pode ser maga, porque esse levantamento foi pura magia!" — eu gritei, rindo um pouco de mim mesma.

Ela olhou para mim, surpresa e sorrindo, enquanto ajeitava a bola nas mãos. E assim foi, cantada após cantada, até o treino terminar. Quando acabou, eu não hesitei em ir até a beira da quadra. Precisava de uma foto, ou pelo menos uma chance de interagir mais de perto com ela.

"Ei, Macris! Será que eu posso tirar uma foto com a melhor levantadora do Brasil?" — falei com um sorriso ousado.

Ela riu ao se aproximar, ainda segurando a toalha para secar o suor. Seus olhos brilhavam de diversão.

"Então, você é a garota das cantadas, né? Não consegui ignorar. Foi um show à parte." — ela disse, com um sorriso travesso.

Eu ri, sem demonstrar muito nervosismo, e respondi: "Ah, eu só estava falando a verdade... Quem não quer uma chance com você, Macris?"

Ela levantou uma sobrancelha, ainda sorrindo, mas agora havia algo diferente no jeito que ela me olhava. Um brilho de interesse talvez?

"É mesmo? E o que você faria com essa chance?" — perguntou, desafiadora, enquanto cruzava os braços, inclinando a cabeça levemente.

Engoli em seco, mas mantive a pose. Não ia fraquejar agora.

"Eu acho que eu... te levaria para jantar, e depois... quem sabe?" — falei, tentando manter o tom leve, mas sabendo que havia algo a mais nas entrelinhas.

Ela soltou uma risada baixa, jogou a toalha sobre os ombros e disse: "Bom, vamos ver o que você faz com essa chance, então."

E foi assim que começou.

Agora, estou aqui, na cama de Macris, observando-a dormir tranquilamente ao meu lado. A luz suave do abajur desenhava sombras suaves em seu rosto, e ela parecia tão serena que era impossível não ficar encantada. Eu me peguei sorrindo ao lembrar de como tudo aconteceu tão rápido, de como eu, a garota das cantadas, tinha conseguido uma chance com ela.

Me aproximei um pouco mais, sentindo o calor do corpo dela e sussurrei, mais para mim mesma do que para ela:

"Quem diria, né? Aqui estou, na cama da Macris... E você nem faz ideia do quanto eu me belisco mentalmente pra acreditar nisso."

Ela mexeu-se levemente, ainda de olhos fechados, murmurando algo incompreensível no sono. Eu sorri, ajeitando uma mecha de cabelo que caía sobre o rosto dela.

"Você nem imagina o quão bonita é quando dorme. Quer dizer, você é linda o tempo todo, mas assim... É diferente, sabe?" — murmurei baixinho, sabendo que ela não podia me ouvir.

Fiquei ali, admirando cada detalhe, o contorno dos lábios, o jeito como os cílios descansavam suavemente em sua pele, a respiração calma. Era surreal.

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