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O jogo contra o Vakifbank ainda não havia começado, e eu, S/N, estava no banco de reservas do meu novo time, o THY. Como recém-contratada a três meses, ainda não havia tido a chance de entrar em quadra. O clima era de ansiedade, mas minha atenção foi desviada assim que duas estrelas do Fenerbahçe chegaram à plateia: Melissa Vargas e Magdalena Stysiak.
Eu, uma boa brasileira nata, logo reparei na loira. Magdalena era impossível de ignorar, com sua altura imponente e aquele charme que parecia natural. Observando-a discretamente, percebi o momento em que ela passou a língua pelos lábios, e, por algum motivo, aquilo ficou gravado na minha mente, quase como uma cena em câmera lenta.
Aproveitando que o jogo ainda não tinha começado, resolvi agir. Levantei-me do banco e fui até onde ela estava. Assim que me aproximei, Magdalena abriu um sorriso encantador, me deixando um pouco mais confiante para colocar meu plano em prática.
— Sabe... — comecei, decidida a ser direta. — Eu só queria uma lambida igual essa que você deu agora pouco.
Por um momento, houve silêncio, mas as meninas ao redor não se seguraram e começaram a rir. Melissa, que estava ao lado de Magdalena, olhou para mim com as sobrancelhas arqueadas, como se não acreditasse no que acabara de ouvir.
Magdalena, por outro lado, manteve o sorriso e inclinou a cabeça, analisando-me de cima a baixo.
— Direta assim, hein? — ela respondeu, seu tom carregado com um misto de surpresa e diversão. — Gosto disso.
Eu dei de ombros, tentando parecer mais confiante do que realmente estava.
— Sou brasileira. A gente não perde tempo quando quer alguma coisa.
Melissa riu, balançando a cabeça.
— Parece que você vai ter trabalho, Magda.
Magdalena olhou para mim com um brilho provocador nos olhos.
— Acho que vou gostar desse desafio.
Antes que eu pudesse responder, o apito do árbitro indicou que o jogo estava prestes a começar.
— Parece que o dever me chama — falei, piscando para Magdalena antes de voltar para o banco de reservas.
Enquanto caminhava de volta, sentia os olhares dela queimando em minhas costas. E, no fundo, sabia que aquela pequena interação havia sido só o começo.
Assim que voltei para o banco, tentando esconder o sorriso de satisfação após minha interação com Magdalena, fui pega de surpresa pelo técnico. Ele virou para mim e, com um aceno, indicou que eu iria para a quadra. Meu coração disparou — era o momento que eu esperava desde que cheguei ao THY.
Como ponteira, sabia que tinha um papel crucial, e hoje seria ainda mais especial porque eu estaria ao lado das brasileiras Roberta, nossa levantadora, e Julia Bergmann, uma jogadora que sempre admirei. A conexão com elas era algo que me fazia sentir em casa, mesmo jogando fora do Brasil.
O jogo começou e, desde os primeiros momentos, percebi os olhares curiosos sobre mim, tanto da torcida quanto das adversárias. Eu era famosa pelo meu ataque potente, algo que vinha me destacando há algum tempo. Não tinha a altura que muitas ponteiras de elite exibiam, mas compensava isso com técnica e uma impulsão impressionante. Aprimorei cada detalhe do meu salto e ataque, treinando exaustivamente para provar que podia ser tão boa — ou até melhor — do que as gigantes do esporte.
Quando Roberta levantou a primeira bola para mim, senti a adrenalina correr pelo meu corpo. Meu tempo de salto foi perfeito, e o som da bola explodindo no chão do lado adversário foi música para os meus ouvidos. A arquibancada vibrou, e eu percebi que havia chamado a atenção de muita gente.