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Era sábado à tarde, e eu estava sentada no sofá da nossa sala com uma revista de vestidos de noiva em mãos, buscando alguma inspiração para o dia que deveria ser o mais especial da minha vida. Deveria, mas o peso daquela situação fazia meu estômago embrulhar. Luzia estava ao meu lado, mas sua atenção parecia fixada em outra coisa – provavelmente no celular, como sempre.
Suspirei, tentando afastar os pensamentos negativos, e levantei a revista para mostrar a ela.
— O que você acha desse vestido aqui? — perguntei, forçando um sorriso. O modelo era simples, elegante, exatamente como eu gostava.
Luzia sequer ergueu os olhos do celular. Seu polegar deslizava pela tela como se eu não estivesse ali.
— Hm? — murmurou, sem desviar o olhar. — Ah, é bonito... você que sabe.
A resposta vaga foi o suficiente para me calar. Meu peito apertou, e eu senti a dúvida voltar com força total. Será que ela realmente queria esse casamento? Ou isso era apenas uma tentativa de agradar a mãe dela, que não cansava de pressioná-la sobre a sua reputação de não levar nada a sério? Dois anos de relacionamento tinham sido marcados por idas e voltas, brigas e reconciliações, mas nunca me pareceu estável o suficiente para um compromisso tão grande.
Deixei a revista de lado e observei Luzia por um momento. Ela ria baixinho para algo na tela, completamente alheia ao peso das minhas inseguranças. Respirei fundo, reunindo coragem.
— Luzia... você tem certeza sobre esse casamento? — Minha voz saiu mais hesitante do que eu gostaria.
Ela finalmente ergueu os olhos, surpresa pela pergunta.
— O que você quer dizer com isso? Claro que eu tenho certeza, S/N. Por que você está perguntando isso agora? — Sua expressão tinha um misto de confusão e irritação.
— Não sei... — admiti, desviando o olhar. — Só sinto que às vezes você não parece tão empolgada quanto eu. Tipo agora... estou tentando planejar algo e parece que você está mais interessada no seu celular.
Luzia colocou o aparelho de lado, finalmente me encarando de verdade.
— Eu te pedi em casamento porque eu quero isso, S/N. Não por causa da minha mãe ou de qualquer outra pessoa. Sei que não somos perfeitas, mas eu te amo. Achei que você soubesse disso.
Eu queria acreditar nela, mas as dúvidas ainda pesavam.
— Eu só quero ter certeza de que estamos fazendo isso pelos motivos certos, sabe? Não quero me casar com alguém que não tem certeza sobre nós... ou que sente que está sendo pressionada.
Luzia suspirou, segurando minhas mãos.
— Eu entendo, e talvez eu não tenha mostrado o quanto isso significa pra mim... mas vou fazer melhor. Prometo. Eu quero esse casamento, quero você. Só preciso que você confie em mim.
Seus olhos brilhavam com sinceridade, e pela primeira vez em semanas, senti um lampejo de esperança. Eu queria acreditar, queria que desse certo. Talvez, com esforço de ambas as partes, ainda houvesse uma chance para nós.
Eu fiquei em silêncio por alguns segundos, encarando Luzia. Era difícil saber se aquilo era mesmo o que ela sentia ou se estava apenas tentando me convencer. Ainda assim, o toque quente das mãos dela nas minhas me fez relaxar um pouco. Eu queria acreditar. Queria que desse certo.
