Capítulo 54

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Sobrou para eu tirar Catarina do carro. Abri a porta saindo em seguida, abri a porta de trás, peguei Catarina no colo, e fechei a porta do carro com pé. Caminhei até porta de entrada, as meninas não estavam mais em casa, deviam ter ido para onde elas iam todos os dias. Andei até o quarto delas, coloquei-a na cama. Quando meu pai fosse embora eu faria algo por ela, mas agora não dava. Eu queria falar com a Kaila, pelo pouco que a conheço, por mais que ela tivesse falado aquilo cheia de decisão, assim que ela ver a Catarina, ela se sentir culpado até o ultimo minuto. Olhei por toda casa e nada de achar ela, pensei onde provavelmente poderia encontra-la, mas percebi que meu pai mantinha os olhos por cada passo que eu dava, então sentei na sala e fingir estar normal. Ele sentou na cadeira que estava um pouco afastada, mas estava á minha frente, ele me encarava de forma séria e fria, ignorei, fingi que não estava percebendo nada, me fiz de idiota. Arthur entrou pela porta, e o mesmo olhar que meu pai tinha para mim se virou para ele.
– Agora com os dois aqui, podemos começar nossa tão esperada conversa.
– Sobre o que? – Perguntei.
– Você como meu filho deveria saber que odeio que façam de idiota.
– Mas eu também quero saber, que assunto é esse que tenha nós dois no meio. – Arthur se pronunciou.
– Vocês querem que eu perca a paciência né? É isso que vocês querem? – Ele levantou se alterando. – Eu estou sendo bonzinho com vocês, e estou apenas tendo uma conversa para esclarecer coisas.
– Você não seria capaz de nos fazer mal.
– Tenta sorte Arthur, tensa sorte. – Arthur ficou mudo. – Eu quero saber que merda é essa de casalzinho aqui dentro da minha casa.
– Eu não sei de nada, quase nem venho aqui, só quando o senhor manda.
Arthur e meu pai direcionaram os olhos para mim.
– Eu não tenho nada haver com isso? Vocês me conhecem á 20 anos, eu nunca fui de apegar a mulher. Muito menos a essas vadiazinhas que estão aqui dentro. – Falei firme.
– Vocês se acham muito espertos, mas eu sou muito mais. Pode ter certeza que estiver acontecendo por trás de mim, eu vou descobrir.
Ele terminou de falar e saiu da sala, logo depois ouvimos barulho do carro sendo ligado e depois o pneu cantando.
– Nunca o assim com a gente. – Arthur disse.
– Pela primeira vez na vida, vou ter que concordar com você.

Quase uma hora depois de meu pai ter ido embora, Arthur foi embora também, então a casa estava livre. Levantei do sofá e segui para o quintal, fui até a casa de ferramentas, e abri a porta. E como eu suspeitava, Kaila estava lá chorando abraçada com o Bob... Fred, não sei, não importa também. Entrei e fechei aporta atrás de mim, me aproximei e sentei ao seu lado.
– Ele a matou? – Ela perguntou baixo.
– Não.
– Ela ta bem?
– Não.
– O que aconteceu?
– Ele a levou para um lugar feio, e a fez abortar. Eu não vi nada, não fiquei lá, não sei como foi, mas ela estava cheia de sangue quando saiu.
– Era seu filho. – Eu já suspeitava disso. Mas não tinha certeza. – Você sabia? – Fiz que não com a cabeça. – Não sente nem um pouco de remorso?
– Não gosta de falar do que eu sinto ou deixo de sentir.
– Estou me sentindo culpada, se eu não tivesse aberto a boca, nada disso teria acontecido.
– Mas ou era ela, ou era a gente.
– Eu só queria minha casa, meus pais. – Ela voltou a chorar.
Passei o braço pelo seu corpo, e a fiz encostar a cabeça em meu peitoral. Ela deu uma de suas crises de choro. E droga! Mas uma vez aquela merda de sentimento ruim que é o arrependimento tomou conta de mim.
– Eu não vou deixar nada de ruim te acontecer. – Falei baixo.
– Promete?
– Prometo.
Ela me olhou, passei a mão em seu rosto e limpei as lagrimas que ainda caiam. Eu não sabia que uma pessoa podia mudar tanto a vida da outra, era obvio que nunca deixaria transparecer o caralho do poder que a Kaila tem sobre mim. Aqueles olhos que me hipnotizam, aquela risada de menina, a marra de mulher. Tudo isso, tem efeito sobre mim querendo ou não. Se eu gostava de tudo isso? Não. Eu costumava ser frio em todas as situações por piores que elas sejam, eu não sentia nada. Agora? Eu sinto coisas que não são legais de sentir, não mesmo, talvez sejam normais para pessoas, mas para mim não. Ficamos mais algumas horas ali dentro, depois fomos para o quarto, ajudei a Kaila a dar banho da Catarina. Ela acordou, mas estava lerda, tivemos que enfiar comida á força.
– Ela está com febre.
– Mas e ai, o que vamos fazer?
– Vai á cidade, arrumar remédio Leonardo.
– Vou ver isso amanhã.

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