Parte 12

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Sinto os raios quentes tocarem minha pele... De longe posso ouvir o mar dançar, até que uma leve brisa me leva à despertar...

Sim, eu dormi nos braços de outro homem, mas não era ali que eu desejava estar.

Durante toda a noite, quis estar com aquele ser...
Possessivo, rígido e frio que tanto me atormenta.

Dormi tanto, que não faço a mínima idéia de que horas sejam, e para piorar ainda me encontro deitada sobre a cama de Robert, que tem seus braços repousados sobre mim.
Ele parece um anjo dormindo, sereno está com seus olhos fechados, perdido em algum sonho.

Lentamente tento me soltar de seus braços, o que não é uma tarefa fácil até porque seus braços parecem pesar toneladas.
Aos poucos consigo escorregar pela beirada da cama até sentar-se no tapete do chão, olho ao redor a procura de algo que por sinal não sei o que é.

Cuidadosamente levanto, olho para trás analisando Robert deitado, me aproximo e cubro seu corpo de forma que mantenha-o bem aquecido. Com cautela, caminho até a sacada do quarto a qual não tinha reparado ontem a noite, abro devagar a porta de vidro e caminho em direção dos sons que vibram de forma suave ao lado de fora. Ao sair, sinto de leve a brisa tocar minha face, o cheiro inebriante do mar sobe fazendo meus pulmões desejarem por mais oxigênio. Sim, eu estava sentindo aquela sensação deliciosa de paz, queria fechar os olhos e saber que isso nunca teria fim...

Por um bom tempo apreciei as ondas do mar, era profundo avistar a forma como elas colidiam ao longe umas com as outras. Imaginar a imensidão daquelas águas que por mais distantes que fossem, sempre voltavam a se reencontrar.

Foi então que eu pensei:
"Tudo aquilo que foi destinado, nunca será abalado".
Naquele momento senti falta da minha infância, recordo das vezes que eu fui a praias como essas com minha família, lembro - me bem de estar correndo com os pés descanso na areia molhada, e Matheus correr atrás de mim para me pegar.

De repente me peguei sorrindo, olhei para aquela extensão de areia e imaginei se um dia veria alguma criança correr por ali... Um filho meu.
Será que um dia teria uma vida tão linda como da minha mãe e meu pai?

Sr. Rodrigo e Sra. Angela fazem o casal perfeito, sempre demonstrando gestos de seu amor um pelo outro. Nunca os vi brigando, o amor que eles tem um pelo outro não tem fim, sempre os pegava admirando um ao outro, era aquele olhar de amor a primeira vista, isso me animava porque me imaginava num romance desses, coisa que ainda estou a espera.

- Clary?. Uma voz rouca chamou pelo meu nome, acho que fiz algum barulho, Robert acordou.

- Oh! Desculpe, eu fiz algum barulho? Te acordei?

- Não, não, claro que não, eu já estava acordado, senti você sair dos meus braços. - Explicou se aproximando da sacada.

- E porque fingiu estar dormindo?.

- Porque você precisava ver e sentir isso. - apontou para o mar. - Aqui é onde venho na maior parte das vezes para refletir sobre a minha vida.

- Você acha que eu preciso refletir sobre a minha vida?. - sorri. - Me conhece tão bem assim?.

- Você faz perguntas demais Clary. - Virou para encarar meus olhos. - É visível seus sentimentos por Christopher, não pense que vai me enganar com aquela velha história "Isso é impressão sua" porque comigo isso não funciona. - Robert entrou no quarto voltando com uma rede nas mãos, colou nos ganchos da parede e se deitou sobre ela. - Vem aqui Clary. - Pediu.

- Eu sei o que senti pelo seu chefe, vejo em você uma mulher forte e determinada, mas que por algum motivo ficou fraca e quebrada por dentro. - Se aproximei da rede e deitei ao lado de Robert. - Vou lhe contar um segredo, mas prometa que nunca vai contar para ninguém?. - Balanço a cabeça de forma positiva para que ele prossiga. - A dois anos atrás eu me apaixonei, conheci um homem, era feriado e eu resolvi ir para um hotel fazenda sozinho, queria descansar. Ali iam muitos casais e famílias.
Nos conhecemos quando eu estava visitando o estábulo, desde criança sempre gostei de cavalgar, meus pais tinham uma fazenda onde sempre me levavam, o que me fez se encantar por aquelas criaturas. Quando me aproximei da arena onde as pessoas podiam cavalgar com seus cavalos escolhidos, vi de longe um homem tentando fazer seu cavalo andar, era engraçado porque impulsionando o corpo o cavalo não iria andar, ele praticamente estava pulando para ver se saia do lugar. - Rimos imaginando a cena. - Curioso, me aproximei e disse a forma certa como deveria fazer para que o cavalo andasse. Todas as manhãs íamos andar a cavalo, assim fomos nos conhecendo melhor. Ficamos cinco dias na fazenda e para mim foram os melhores dias da minha vida, me senti amado por ele, seu nome era Logan, Logan Clawford. - Robert respirou fundo e prosseguiu. - No quinto dia descobri que ele havia partido sem nem ao menos dizer um adeus, não tive notícias dele, só sabia seu nome e foi ali que me fechei, senti um vazio. Não tive a chance de dizer o que sentia. - Agora eu entendo o porque de Robert ser tão reservado, seu coração ficou ferido e ele se sente culpado.

Executivo PossessivoWhere stories live. Discover now