Você Aceita Orar Comigo? [EM REVISÃO]

CAPÍTULO 28

- Bernardo?! - ouço uma voz feminina gritar atrás de mim e Bernardo imediatamente levanta-se, procurando pela dona dela. Milena aproxima-se de nós com cara de espanto, provavelmente pensando que Bernardo e eu acabamos de assumir um relacionamento, já que estamos de mão dada. - Amor, eu estou te procurando há bastante tempo. - ele solta sua mão da minha. - Você disse que vinha atender ao celular e não voltou mais. Fiquei preocupada. - Milena abraça Bernardo e beija seus lábios.

Quanta intimidade! Como assim? Com qual direito ela aproxima-se dele, chamando de amor, e beijando sua boca?

- Vocês estão juntos? - pergunto boquiaberta, enquanto Bernardo se explica para a intrusa, todo sem jeito.

Sinto como se um golpe de faca me atingisse quando ele confirma minha suposição. Eu não posso acreditar que eles estão juntos. Aliás, não consigo encontrar um 'por quê?' para que isso esteja acontecendo.

Depois de uma conversa constrangedora, Milena convence Bernardo a voltar para o salão junto com ela e os dois saem, deixando-me sozinha.

Eu demoro um pouco no jardim, refletindo sobre o que tinha acabado de presenciar, e volto ao salão somente quando Nic me convida para as fotos com a família. Fazemos diversas posas com o casal anfitrião. Em muitas delas eu sorria, conforme exigia o fotógrafo, mas minha mente estava no jardim, na parte do beijo de Milena e Bernardo.

Eu não deveria estar com ciúme dele. Passei meses odiando-o, querendo distância. Por que eu me importava com isso agora?

***

A festa está bastante animada e eu tento curtir ao máximo, fazendo com que a cena do beijo evapore da minha memória. Confesso que uma tentativa de pouco sucesso.

Depois de tirar algumas fotos e curtir um pouco da festa com o pessoal da banda, Bernardo despede-se de Daniel e Márcia e de alguns outros familiares meus, e depois vai embora com Milena.

Alice, sempre muito simpática, vem conversar comigo para dar as boas vindas. Ela faz questão de mencionar o quanto voltei bonita e fico sem graça. Alice me apresenta Melissa, irmã caçula de Bernardo, mas a garota me trata com indiferença, dando um sorriso amarelo e se aglomerando a outra roda de pessoas.

- Desculpe Yasmin. Minha prima foi devidamente educada, mas só usa a educação quando lhe convém. - explica sem graça. - Talvez seja resultado do mimo exagerado do tio Antônio. Ela tem quinze anos, mas às vezes se porta como uma menina de dez.

- Não tem problema. - tranquilizo-a. - Nós já tivemos essa idade um dia. - sorrio.

Meu celular apita e eu identifico pelo visor uma mensagem de Bernardo. Eu não estou certa se devo abri-la para ler. Não sei o que pode me esperar ali, mas acho estranho que ele tenha ido embora, sem se despedir, e agora me mande mensagem.

Curiosa, dou uma rápida bisbilhotada no texto e respondo com um 'oi'. Logo ele retorna com uma nova mensagem.

"Desculpa te colocar em uma situação constrangedora hoje mais cedo."

Situação constrangedora? Eu não me vi em situação constrangedora momento algum. Apenas fiquei surpresa com a descoberta do namoro e nada mais. Se ele se referia ao fato de Milena nos ver de mãos dadas, ainda assim não acho constrangedor; não para mim, pois não houve malícia em minha atitude e eu já estava arrependida de tal ato.

"Sem problemas." - é o que respondo, tentando me livrar da conversa desagradável, e bloqueio a tela do celular, ignorando a próxima mensagem anunciada com um bip do aparelho. O celular avisa uma segunda conversa e, então, eu cedo à curiosidade.