Acordei cedo e animada no dia seguinte. Depois de organizar algumas coisas em casa, passei a tarde conversando com Bernardo no celular.
Ele me contou que logo pela amanhã conversou com seus pais sobre o propósito de oração e fiquei preocupada com o fato de Dona Josiane não ter se animado muito com a ideia.
Bernardo disse que eu deveria ter paciência, pois a sua mãe tinha um carinho especial por Milena e ainda sonhava com uma reconciliação entre os dois.
Até aí tudo bem, a coisa piorou quando ele revelou que ela ficou meio intrigada comigo desde o dia do projeto musical na casa dele, quando eu saí da casa aos gritos, e também pelo fato de eu ter dormido no estúdio.
- É sério que ela encontrou a minha regata na sua casa?
- É, e você pode imaginar o que ela pensou..
Que vexame!
Bernardo me contou toda a confusão que a regata havia provocado e tudo o que eu queria era um buraco para eu me esconder e só sair dele no dia da volta de Jesus.
***
Depois que nós desligamos, eu desci para fazer um bolo, e aproveitei para contar à minha mãe sobre o propósito de oração. Avisei-a de que Bernardo fazia questão de conversar com ela e meu pai pessoalmente, e que esse momento aconteceria hoje à noite.
Eu quase contei para ela sobre o beijo (e que beijo) entre o Bê e eu, mas preferi manter isso comigo. Eu já tinha exposto demais nosso possível relacionamento, contando sobre a declaração e o pedido, então achei justo guardar aquele momento, tão íntimo, para mim. Ou melhor, para nós, Bernardo e eu.
Minha mãe se encarregou de contar ao meu pai sobre o propósito, enquanto eu me arrumava para a chegada de Bernardo.
***
A campainha soou e imediatamente eu me levantei do sofá para atendê-la. Quando apareci no portão Bernardo abriu um lindo sorriso, que eu, obviamente, retribuí.
- Boa noite, princesa! - cumprimentou-me, beijando meu rosto. - Já adiantou o meu serviço lá dentro? - perguntou rindo, referindo-se à conversa com meus pais.
- Já. - eu ri. - Como você está?
- Com saudade.
Ele sorriu, passando a mão pelo meu pescoço para que andássemos abraçados.
Quando chegamos à porta de casa, Bernardo me soltou e foi em direção aos meus pais para cumprimentá-los, depois se sentou ao meu lado no sofá, de modo que ficamos de frente para os meus pais.
A conversa foi bem menos tensa do que imaginei. Bernardo parecia ter o dom de conquistar as pessoas, isso estava nítido na maneira que minha mãe o encarava, com sorrisinhos bobos. Até meu pai, que não era de muitos sorrisos, estava com expressões amenas ao conversar com Bernardo. Principalmente após Bernardo explicar a parte "seremos amigos durante o propósito".
- Eu acho muito interessante que prezem pelo apoio dos pais. Com toda certeza nós estaremos neste propósito com vocês. - disse meu pai.
***
Bernardo e eu não nos falamos muito durante os dias que se seguiram. Ele dizia que a proximidade poderia influenciar no final do propósito e, apesar do receio de que o afastamento influenciasse de forma negativa, eu assenti, e nossas conversas eram somente ao final dos dias, quando um queria saber como o outro estava, e nossos encontros resumiram-se aos finais de semana, na igreja.