Capítulo II - Lua Cheia

49 3 0
                                    

Alerta: o presente capítulo conterá uma cena de aparente zoofilia (o "aparente" irei explicar nas notas finais para não dar spoiler), porém, se o caro leitor tiver algum receio com tema, por favor, peço que não prossiga.

As Origens de Sebastian

Capítulo II

Lua Cheia

O tempo passou rápido para o jovem Crispian e seu novo amigo Earthen.

Entre os afazeres, os estudos e as aulas de defesa pessoal, o jovem nobre se encontrava com o lobo-amigo para se divertirem juntos.

Durante a noite o animal dormia no chão do quarto do agora rapaz e desde que Crispian o adotara só havia um momento em que os dois se separavam: as noites de lua cheia.

Quando aconteceu pela primeira vez Crispian teve uma crise compulsiva de choro, além de febre por três dias, tudo por imaginar que o seu amigo havia sido roubado.

No entanto, uma semana depois, Earthen reapareceu, são e salvo, para alívio da criança. Entretanto, o período de ausência passou a se tornar uma constante. Todos os meses, no mesmo ciclo lunar, o lobo desaparecia.

O nobre-pai tinha sua teoria: que esse era o período de acasalamento do animal e, por isso, Earthen se ausentava para procurar fêmeas com quem pudesse se saciar.

No começo, quando ainda era menor e não entendia do que exatamente se tratava o acasalamento, Crispian não aceitou bem aquela notícia e chegou a sentir raiva. Raiva por achar que Earthen estava traindo sua amizade. Tinha receios de que o lobo se divertisse mais com uma companheira da espécie do que com um amigo humano e decidisse assim nunca mais retornar.

Foi pensando nisso que ao chegar a adolescência Crispian passou a estudar melhor o comportamento do amigo. Também passou a pesquisar sobre o tal ritual de acasalamento. Tudo por um motivo: elaborar um plano capaz de impedir de vez que Earthen continuasse se ausentando naquele período.

Mas oito anos se passaram em um piscar de olhos e nada foi mudado. Pelo menos não até aquela noite. Era a primeira noite do ciclo da lua cheia daquele mês e o nobre adolescente havia finalmente tomado uma decisão: aquela seria a noite que impediria Earthen de partir.

Na grande mesa de carvalho Crispian e sua mãe jantavam sozinhos. O pai estava ausente devido a missão por ordem do reino e não tinha previsão de retorno.

Enquanto jantavam, Francine não deixou de observar que o filho mal tocara na comida e comentou o fato com ele.

— Sem fome novamente, príncipe?

— Desculpe-me, mãe? — ele pediu, afastando o prato. — Estou sem apetite.

A mulher repousou seus talheres ao lado do prato, limpou a boca com o guardanapo de tecido o qual apanhou do seu colo, e suspirou cansada.

— Há quantos anos Earthen está conosco?

— Oito.

— Desde quando ele se ausenta nas noites de lua cheia?

— Desde o segundo mês da sua chegada.

— Então, são praticamente oito anos que esse ritual se repete todos os meses. Quando irá aceitar, Crispian?

"Nunca" era a resposta malcriada que Crispian tinha na ponta da língua. Mas não podia ser tão grosseiro com a mãe, então só retrucou como sempre fazia.

— O meu amor por ele deveria ser o suficiente.

— Meu filho, eu sei. Todos nós sabemos. E, quer saber também? Estou cansada dessa reprise. Já que não quer comer suba para o seu quarto.

As Origens de SebastianDonde viven las historias. Descúbrelo ahora