Capítulo VII - O Príncipe

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As Origens de Sebastian

Capítulo VII

O Príncipe

Após a notícia de que Catherine estava grávida, anunciada de forma esbaforida por seu pai, que ao ver de Crispian, havia escolhido um péssimo momento para dar-lhe a "boa nova", seria obrigado a atender ao chamado do futuro rei de Valais (1) com aquela dor irritante na fronte, a qual massageava, enquanto seguia em direção aos aposentos de Benjamin.

A criança que Catherine estava esperando obviamente não era sua. Tinha absoluta certeza pelo simples fato de ainda não ter consumado o casamento com a esposa.

Porém, se instaurava nessa brecha, uma preocupação ainda maior: de quem seria o filho que ela estava esperando se não era dele?

Haviam poucos empregados homens em sua casa, e esses poucos eram velhos e de aparência rude, do tipo que pagavam para ter prazer com uma mulher. Além disso, os empregados do pai eram fieis e jamais ousariam a tocar em sua jovem, virgem e recém-desposada mulher. Também não acreditava na possibilidade de ela ter chegado grávida à Valdávia, sua recepção se dera em meados do verão; casaram-se pouco mais que um mês depois, no final de agosto. Desde então, passaram-se quatro meses, somando tudo, era em torno de seis meses. Pelo que a mãe lhe contara na carta, a barriga da esposa ainda era discreta, estando assim de acordo com o que ela provavelmente imaginava: que a nora estava no quarto mês de gestação.

O problema era que se o período de gravidez estivesse correto, Catherine havia engravidado durante a Lua de Mel. Todavia, como? E, o mais importante: de quem?

Parou abruptamente quando percebeu que estava diante da porta dos aposentos do príncipe, tentou respirar fundo e recompor-se antes de pedir autorização para entrar, teria que retomar aquele assunto mais tarde. Se possível, pediria à corte um pedido de licença de uma semana para viajar até Valdávia. Havia uma possibilidade remota passando por sua cabeça, mas que não acreditava ser verdade, sequer possível.

Deu duas batidas na porta e ouviu a voz abafada do príncipe permitir-lhe a entrada, dependendo da conversa que teriam, aproveitaria o ensejo para anunciar a sua alteza a "boa" notícia e pediria ali mesmo a licença. Sentia uma necessidade crescente de voltar à Valdávia o mais rápido possível e aliviar aquela dúvida que preenchia seu peito sobre uma dupla traição. Pois não queria que a dor da desconfiança envenenasse seu peito e corrompesse seus puros sentimentos.

Segurou a maçaneta de bronze com o brasão em alto-relevo da águia sobrevoando a coroa, símbolo do reino, e abriu a porta ainda com a cabeça dando voltas. Mas sua mente desprendeu-se completamente dos seus problemas quando ouviu os gemidos entrecortados vindos da cama com dossel no fundo do quarto, por um instante afobou-se ao imaginar que estava interrompendo um momento de intimidade do seu príncipe e pensou em voltar por onde acabara de entrar, mas o chamado de Benjamin o deteve.

— É você, Cris? Porque está parado aí? Se... ai, mulher, cuidado com os dentes.

— Eu não pretendia atrapalhá-lo, Vossa Alteza, mil perdões, voltarei em...

— Não... Ah...

Crispian retesou-se, não sabia se o príncipe estava falando com ele ou coma mulher com quem acabara de retrucar. Não conseguia visualizá-lo direito devido as cortinas de renda na cor champanhe que caíam do dossel e cobriam parcialmente o leito, mas assumindo que era com ele, deu alguns passos para trás.

— O mensageiro deve ter se equivocado, Vossa Alteza, perdoe-me, eu...

— Ah! Minha nossa!

Ao ouvir aquele gemido, Crispian deteve sua fala e virou-se, tendo certeza de que deveria ir, mas foi impedido antes de sua mão tocar a maçaneta da porta.

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