Capítulo III - Segredos

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As Origens de Sebastian

Capítulo III

Segredos

No dia seguinte, ao sentir falta do filho na mesa do café, lady Francine foi chamá-lo no quarto. Fora atendida por ele após insistentes batidas na porta de madeira pesada e surpreendeu-se ao encontrá-lo com olheiras profundas e a expressão ainda de cansaço.

— Não está se sentindo bem, príncipe? — ela perguntou, preocupada.

Tendo dificuldades em se manter de pé devido a fraqueza nas pernas, Crispian apoiou o corpo no beiral da porta e procurou tranquilizar a mãe.

— Só não dormi muito bem durante a noite, mãe. Mas estou bem. Juro. Deixe-me repousar mais um pouco? — ele pediu.

— Sim, claro. Descanse. Mas... ¬— Francine franziu o cenho e encarou o filho que esfregava um dos olhos com o punho esquerdo. — Por que trancou sua porta, Crispian? — ela o questionou, pressentindo que o filho estava escondendo algo.

O rapaz voltou sua atenção para o semblante desconfiado da mãe.

— Por que não sou mais uma criança e quero ter minha privacidade? — respondeu com outra pergunta, simplesmente, tentando não soar malcriado.

A mulher entreabriu os lábios, tencionando argumentar, depois de receber aquela resposta grosseira do filho, porém, não encontrou exatamente o quê dizer e decidiu não se pronunciar. Era a primeira vez que ouvia o filho falar em privacidade. Era uma donzela que se casou pura aos quinze anos. Não tivera irmãos e por isso não entendia bem como a natureza de um jovem rapaz funcionava.

"Edward certamente saberá lidar com essa situação" ela se autoconsolou.

— Certo — concordou mesmo não satisfeita. — Eu trarei seu café.

— Não precisa se incomodar com isso — o rapaz apressou-se em dispensar a cordialidade da mãe, justificando-se em seguida: — Estou sem fome. Quero apenas descansar. Mais tarde a acompanharei no jantar.

Francine ainda não compreendia, mas anuiu com um breve meneio de cabeça. Depois se afastou a passos comedidos, até ouvir a porta do quarto de Crispian sendo trancada novamente.

Durante todo dia, mesmo ocupada com seus afazeres, Lady Francine não conseguiu parar de pensar em seu menino, que saiu do aposento horas mais tarde, depois que o sol havia se posto.

Os dois se sentaram na sala jantar, exatamente como ele havia prometido, entretanto, Francine se espantou novamente, desta vez com o apetite feroz e com os modos poucos cordiais de Crispian à mesa.

— Crispian?

— Hm?

— Está parecendo mais feroz que o Earthen — repreendeu-o ao vê-lo destrinchando o faisão assado ao centro da mesa com as próprias mãos. — Que modos são esses?

O rapaz não deu atenção a reprimenda da mãe e continuou mastigando a carne com a boca aberta e tomando grandes goles de vinho para ajudar o alimento a descer mais rápido.

— Pelo menos, parece mais disposto do que hoje de manhã — ela se resignou ao justificar para si mesma que os maus modos do filho a mesa era devido a fome.

— Sim. Dormi durante o dia inteiro, me sinto renovado.

— Não deveria ter dormido o dia todo, meu filho. Ficará sem sono durante a noite.

— Não me importo — ele rebateu, entornando outra caneca de bebida, deixando o líquido escorrer pelos cantos da boca e pela lateral do pescoço. Ao terminar de beber ele bateu o copo na mesa, arrotou e limpou a boca com o antebraço.

As Origens de SebastianWhere stories live. Discover now