Capítulo 9 - A Reunião dos Improváveis

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Norah passou correndo pela entrada do Parque até um dos caminhos de paralelepípedo. Estava envergonhada por ter iniciado uma cantoria que foi interrompida por Ian, uma das pessoas que achava insignificante.

Como a hipnose foi cortada logo no início, ela se viu fazendo papel de louca, cantarolando a esmo. E para piorar, Jéssica e Angelina vinham logo atrás e iriam perguntar o que tinha acontecido. E definitivamente a irmã gêmea de Higino estava sem paciência para dar explicações mentirosas com o propósito de disfarçar sua habilidade.

As duas amigas vieram correndo, Angelina dando uma espiada por cima do ombro para ver se Ian não tinha vindo atrás delas. Jéssica perguntou, confusa e dando uma risadinha:

— O que aconteceu? Por que você saiu correndo?

— Aquele garoto é ridículo, não quero que me vejam com ele – respondeu Norah.

— E por que você começou a cantar baixinho? – Angelina fez a pergunta derradeira.

Jéssica deu outra risadinha. A loira olhou com reprovação.

— Desde quando eu preciso ficar dando explicação da minha vida para você, Angelina? – respondeu, séria. A expressão de Norah não moveu um músculo sequer.

Angelina ficou envergonhada por ter levado um fora e ficou calada imediatamente. Norah tinha certeza de que Jéssica também entenderia o recado e não perguntaria mais nada.

— Vamos fazer o quê? – perguntou Jéssica. – ver esse monte de planta sem graça ou ir atrás da Zureta?

Norah não precisou responder a pergunta da amiga. Apenas abriu um pequeno e maldoso sorriso:

— Vamos sentar aqui.

A garota loira e esbelta indicou um banco de madeira pintado de verde que tinha à frente. O caminho de paralelepípedos era repleto deles, que estavam colocados em intervalos não muito longos.

Enormes e finos arcos de alvenaria podiam ser notados ao longo de toda a extensão do caminho, com uma grande quantidade de plantas que escalavam toda a estrutura. Em alguns pontos flores pequenas balançavam de leve contra o vento que corria.

Norah sentou no meio de Angelina e Jéssica. Cruzou as pernas enquanto mexia no bracelete dourado de estimação. As três notaram, olhando para a entrada, que os alunos estavam amontoados.

— Eles vão entrar a qualquer momento – disse a irmã de Higino, alisando uma das escamas do objeto com o dedo indicador.

Jéssica ostentava uma grande expressão de prazer. Angelina ainda estava com a cara amarrada por ser destratada. Dali a alguns minutos os alunos estariam liberados para entrar no Parque e o trio de meninas arrogantes contava silenciosamente os minutos, esperando uma aluna em particular que faria realmente aquele passeio valer a pena para elas.

Quando os alunos finalmente entraram e dispersaram, as três amigas acompanharam Marieta com os olhos. A menina estava sozinha e segurava uma pequena câmera. Seu cabelo estava desgrenhado como sempre, a calça jeans um pouco gasta e a blusa desbotada.

Ela andava olhando para os lados, equilibrando uma pequena bolsa de pano, procurando cenas que pudesse fotografar. Parou na frente de um pequeno jardim e abaixou, apoiando–se em uma das pernas para fotografar uma margarida laranja que balançava de leve.

O trio de meninas observava tudo, alternando as feições entre tédio e nojo. Marieta levantou e continuou andando em linha reta. Os outros alunos já tinham sumido dali, tomando diversos caminhos no grande Parque. Quando Marieta estava à uma boa distância das três, Norah levantou, seguida de Jéssica e Angelina.

Os Descendentes e a Ferida da Terra (Livro Um)Where stories live. Discover now