Capítulo 16 - A Ferida da Terra

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Ian estava deitado na cama do quarto em que estava hospedado, na Ala Principal do castelo de Sorin. Tinha dormido bem e pensava em tudo que estava acontecendo. Em poucos dias sua vida tinha se transformado em um filme de fantasia, com lugares fantásticos e criaturas incomuns. Tirando a preocupação por estar no meio de toda a confusão, uma parte dele estava animada com a novidade.

Ele se sentia mais querido, mais especial, o que não costumava sentir no dia a dia de seu continente de origem. Algumas vezes, desde que chegara no dia anterior, se pegou surpreso por estar em outro continente, como se simplesmente tivesse tomado um ônibus até um bairro vizinho e levado alguns minutos para chegar.

Ele levantou, foi até a janela e ficou um tempo admirando a vista do morro em forma de C. Seu quarto ficava na lateral do castelo e ele pôde ver um pouco da movimentação no caminho que ligava a Ala Principal e a Ala Marina. Bicicletas, pessoas voando, até mesmo um menino montado em um cavalo com asas ele viu passar ao longe.

Voltando ao quarto, Ian notou que era um lugar com uma decoração simples, mas aconchegante. Ele foi até o armário e o abriu. Tinha muitas opções de roupa para seu tamanho, das mais comuns até as mais diferentes.

Já notara, pelo visual de algumas pessoas que circulavam pelo castelo, que a moda em Terraforte era livre de estereótipos e cada um usava o que mais fosse confortável, embora a maioria das pessoas trajasse roupas que seriam consideradas normais no resto do mundo.

Na noite anterior, ele vestiu uma bermuda e uma camiseta larga que encontrou no mesmo armário. Como cortesia pela hospedagem e por serem descendentes, ele, Mabel, Higino e Norah ficariam ali pelo tempo necessário com roupas, alimentação e o que mais fosse preciso, gratuitamente.

Até Rafaelo tinha recebido o benefício, excepcionalmente, apesar de não ser como eles. Ian pegou uma calça jeans desbotada e uma camisa de manga, ficando muito feliz por tudo servir sem ter que experimentar várias peças. Sua felicidade ficou completa quando viu que uma infinidade de calçados estava disponível.

Depois de tomar um banho, ele saiu do quarto. Trancou a porta e viu a movimentação do lado de fora, no corredor. Pessoas caminhavam de um lado para o outro e em nada era diferente de um corredor de colégio, exceto pelas pessoas que tinham idades diferentes e algumas roupas que destoavam.

— Mabel e Norah devem ter ficado loucas com um armário lotado só para elas - pensou, rindo.

Ele subiu alguns lanços de escada até o quarto andar para encontrar os outros. Ainda era cedo e todos tinham combinado de tomar um café da manhã juntos para confraternizar a chegada dos descendentes que faltavam.

Ian preferiu pensar que Miguel não estaria incluso nos que faltavam e desejava que o irmão nunca fosse parar ali. Pelo menos não naquelas condições, com a ameaça de um homem cruel e imortal com sede de vingança, pairando sobre suas cabeças. Mas ele tinha certeza de que Miguel adoraria conhecer o castelo de Sorin.

Chegando ao quarto andar, ele notou que havia pouco movimento, se comparado ao dia anterior e notou a expressão exausta de algumas pessoas.

— Segunda-feira é igual em todos os lugares - pensou.

A voz de Mabel soou animada de uma das salas próximas e ele apertou o passo para chegar até lá. Ao atravessar a passagem em arco, notou que todos estavam presentes. Alguns rostos desconhecidos também. Ian ficou um pouco envergonhado por ter sido o último a aparecer.

— Ei, dorminhoco! - gritou Mabel com euforia. - que bom que você chegou! Vem para cá!

Ian ficou hipnotizado com a visão. Mabel estava linda usando uma blusa branca com duas listras em cada manga e um número trinta e um, tudo na cor preta. Um shorts curto, quadriculado preto e branco. O cabelo, sempre brilhoso, estava lindo.

Os Descendentes e a Ferida da Terra (Livro Um)Where stories live. Discover now