Capítulo 14 - Outros Descendentes

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Todos pousaram na entrada da terceira construção e as asas se desfizeram. Higino foi o que mais ficou feliz quando isso aconteceu. Todos colocaram seus calçados e viram que estavam diante da primeira torre do castelo.

Atravessaram-na por uma larga passagem na base que dava acesso ao pátio. Algumas pessoas que presentes olharam admiradas, possivelmente por vê-los chegar batendo asas, mas nenhuma estava surpresa por ver algo assim.

Dois meninos, ainda crianças, praticavam algum tipo de luta. Um grupo de seis adultos, cercado de livros, estava sentado em um dos vários bancos espalhados pelo lugar. Ian viu o braço de um deles pegar fogo, mas ninguém em volta se assustou.

Pelo contrário, uma das mulheres ficou eufórica, folheando o próprio livro atrás de alguma coisa. Outras pessoas iam e vinham pela passagem na torre frontal, algumas andando apressadas até o caminho que ligava as duas Alas.

Estéfano colocou Sete-Vidas no chão, que se apressou em perseguir algumas borboletas que rodeavam o lugar. Isla e o pai de Mabel cumprimentaram algumas pessoas e foram saudados por outras. O pátio tinha o chão de pedras irregulares que faziam um tapete perfeito de tons amarelos e azuis. No centro uma fonte redonda lançava água cristalina que reluzia ao sol.

— Em que estação estamos aqui? – perguntou Rafaelo.

— Também é inverno – respondeu Estéfano. – mas é um pouco mais frio do que lá no Rio.

— Mais frio como? Tem neve?

— Não, nunca tivemos neve em Terraforte. Por que pergunta, meu jovem?

Rafaelo olhava as pessoas no pátio:

— Só curiosidade.

Os oito continuaram andando. Passaram pela fonte e chegaram até a entrada do Castelo, toda arqueada e com ornamentos que remetiam a animais, plantas, minerais e seres humanos. Uma enorme porta de carvalho escura estava disposta à frente deles, completamente aberta.

A madeira era muito grossa, impossível de ser empurrada por uma pessoa. Nem mesmo um grupo reduzido de seres humanos conseguiria em esforço coletivo abri-la ou fechá-la.

Ao passarem por ela, se viram dentro de um enorme hall, pouco movimentado e incrivelmente belo. O chão seguia o padrão de pedrinhas coloridas que havia no jardim, mas internamente as cores eram mais variadas e vivas. Em cada lado e em frente existiam duas escadas largas, que levavam ao segundo andar. O espaço entre uma e outra era grande. O segundo pavimento era visível do primeiro, como um shopping.

Cada escada ficava entre dois enormes vasos de planta altos e os adolescentes ficaram assustados com a vegetação que havia neles: uma forma humana que não se mexia ficava de frente, abaixada e abraçando os joelhos, inteira feita de relva. Os pés eram fincados na terra dos vasos e não possuía rosto. De suas costas um grosso caule brotava, revelando uma única flor amarela e grande, na ponta. Do mesmo caule, pequenas e finas vinhas envolviam o corpo em algumas partes.

— Assustador – disse Ian.

— Achei lindo, para falar a verdade – respondeu Mabel.

Ian olhou para o alto e se encantou. O teto era tomado por um mosaico colorido que retratava Erin e Sorenta, felizes em um cenário angelical. Os irmãos estavam um de cada lado, frente a frente e acenavam um para o outro com doçura. Em torno deles, seis figuras humanas estavam posicionadas com semblantes de zelo e tranquilidade: três homens do lado de Erin, duas mulheres e um homem do lado de Sorenta.

Os Descendentes e a Ferida da Terra (Livro Um)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora