Capítulo 4

4.1K 532 51
                                    

Corri com as luvas de forno até a porta assim que ouvi a porta do elevador de meu apartamento abrir. Por não haver uma porta, não precisei me importar em retirar a luva para tocar a maçaneta.

Alyna estava com uma travessa de vidro transparente em mãos. Vestia um belo vestido, seu traje preferido, e o mesmo sapato que usou no dia em que nos conhecemos. Hoje é o dia do jantar com meus amigos; ela estava ansiosa sobre conhecê-los e, desde quando contei no mês passado sobre sua existência, a recíproca fora verdadeira. Contudo, de todos, sou a pessoa menos animada para fazer o evento acontecer, por isso, retardei algumas semanas até ela me perguntar se havia algum problema com ela.


Flashback

- Henry? – ouvi sua voz ao meu lado, enquanto deitados em sua cama. Enquanto eu não consigo conquistar a completa confiança de senhor Becker, não posso me dar ao luxo de fazê-la dormir comigo em meu apartamento. Até agora, a única vez que passamos a noite juntos fora da casa dos Becker, foi quando a própria Alyna pediu para irmos juntos à uma excursão com as crianças da creche. Não posso dizer que foi uma viagem romântica, já que a cada cinco minutos, tinha de levar uma criança masculina ao banheiro.

- Hum? – murmurei em resposta. Como sempre, a TV estava ligada com o volume baixo, para que pudéssemos conversar, se quiséssemos. Alyna gostava de ficar deitada olhando para mim, como se fosse me perder no dia seguinte. Nunca gostei de ser observado por mais de alguns segundos, mas ela era diferente. Por alguma razão destinada, gosto de permanecer em seus olhos, como se fosse o único homem de sua vida.

- Gostaria de fazer uma pergunta que pode lhe ofender. – sua voz saiu mais baixo de quando me chamou. Me afastei alguns centímetros, vendo-a morder o canto do lábio, me fazendo querer beijá-la loucamente.

- Você nunca me ofenderia. Pode perguntar.

Seu corpo pequeno se remexeu perto de mim. Pela primeira vez desde quando deitamos, seus olhos não me encaravam, de modo que me fez achar graça dela querer quebrar nosso contato apenas por uma pergunta.

- Há algo de errado comigo ou nosso relacionamento? Você acha que falta algo mais?

Me perguntei qual a finalidade daquela pergunta. Todos os dias quando estou com Alyna, penso duas vezes mais antes de dar qualquer passo. Por ser uma garota na qual quero proteger com o meu amor e carinho, tenho pensado que ela pode se ofender facilmente com algum comentário machista ou irônico.

- Por que pergunta?

- Bem... Faz algum meses que estamos juntos e você ainda não me apresentou aos seus amigos. Há algo que eu possa fazer para estar à altura deles?

Não pude evitar rir com sua insegurança. Achei 'fofo' a maneira como ela se preocupou em achar que a razão de não ter conhecido meus amigos, era porque eu achava que ela não era o suficiente para mim.

- Amor, você não pode achar que há algo de errado com você. Você é perfeita para mim. – acariciei seu rosto e encostei nossas testas; senti seu rosto queimar em minhas mãos. - O que foi?

- Você, hum, me chamou de... Amor.

- Não é essa a maneira que me chama em suas cartas? – abri um pequeno sorriso. Ela assentiu, sorrindo ao se lembrar das cartas. – Acho justo também chama-la assim. Tudo bem para você?

- Tudo bem. – sussurrou. – Amor.

- Sabe, gostaria de retificar minha resposta à sua primeira pergunta. – suspirei, vendo seus olhos procurarem os meus. – Há algo que gostaria de melhorar em nosso relacionamento.

12 Depois de VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora