Capítulo 7

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- Henry, se me permite perguntar, você já pensou quantos filhos quer ter? – a chefe de Alyna me perguntou enquanto a aguardava terminar de arrumar a creche no fim de seu expediente.

Olhei para a mulher, com um ponto de interrogação em cima de minha cabeça. A pergunta me pegou de surpresa e não pude evitar ficar sem palavras.

- Você sabe que Alyna é apaixonada por crianças e que quer algumas delas correndo pela casa, não é?

- Sei que ela gosta de crianças. – disse, como se estivesse ofendido por acharem que não sei de seus gostos, principalmente desse quando ela trabalha em uma creche. – Mas nunca discutimos sobre o assunto. Minha preocupação atual é nos casarmos.

- Que pelo jeito, também não vai bem. Alyna disse que você a pediu em casamento, mas não lhe deu uma aliança. – a sobrancelha falsa da mulher ergueu de modo que sabia que estava me julgando. – O sogro ainda não deu permissão?

- Estou apenas tendo certeza que ela está preparada. Ir para a ala 'A' assim do nada não fará bem a ela.

- E por que você não vez à J?

Aquela pergunta era ridícula. Um 'A' vir até a 'J' é um caso que jamais aconteceu. Honestamente, a diferença de modo de vida das duas alas era estupenda. Alyna provavelmente teria mais facilidade em lidar com a mordomia da ala 'A' do que eu com a falta delas na 'J'. Além disso, é mais fácil adaptar uma pessoa que possui pouco a um espaço que tem muito, do que o contrário.

Com respeito à chefe de Alyna, a quem terei de aguentar por um bom tempo até convencê-la que pode abrir sua própria creche, não disse nada. Ainda assim, a questão de ter filhos ficou em minha mente por um bom tempo. Meus amigos que se casaram com suas destinadas tiveram filhos depois de um ou dois anos de casado, algo que imagino que vá acontecer comigo e Alyna; porém, não posso dizer que tive bons exemplos de pais, por isso, não sei se estou pronto para ser um.

- Você está calado. – Alyna disse no caminho para o restaurante onde jantaríamos. Por ser sexta-feira, Oliver ligou dizendo que havia reservado uma sala privativa em nosso restaurante favorito.

- Estou? – olhei para ela de relance durante o caminho. – Desculpe, apenas estou pensativo.

- Hum... – ouvi sua voz, mas sabia que estava curiosa, apenas não gostava de mostrar que gostaria de saber mais do que eu dizia.

- Hoje me fizeram uma pergunta bastante incomum. – falei. – Sobre filhos.

- Ah... – sua expressão suavizou, compreensiva. – Você não precisa pensar se não quiser.

- Você pensou?

- Sim. – por sorte, parei o carro no semáforo vermelho. Olhei para ela, surpreso por ter respondido com tanta rapidez e clareza. – Você quer saber?

- Quero. – acelerei assim que ouvi a buzina do carro de trás, mas permaneci atento às suas palavras.

- Eu e Cyn somos duas irmãs muito felizes. Kevin, Jake e Max também foram bastante felizes. Você foi feliz sendo único?

A resposta era óbvia. Claro que não. Crescer sozinho sem ter com quem brincar nos finais de semana era horrível. Depender do horário dos amigos para se divertir em companhia também não era bom.

- No mínimo dois, então. – concluí. Seu silêncio foi minha confirmação. – Tudo bem, eu gosto.

- Gosta?

- Gosto. Além disso, acho que Cynthia não pensa em ter filhos tão cedo, por isso, está em nossas mãos fazer sua família ser maior do que ela já é. – abro um pequeno sorriso, vendo-a ligeiramente mais relaxada por ter concordado com ela.

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