Capítulo 11

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Era o terceiro dia que tentava fazer uma visita a Alyna. Assim como as duas vezes anteriores, senhor Becker não me permitiu que a visse. Conversávamos e discutíamos sobre o meu futuro ou os passos que estou dando para reverter a minha situação. Para conseguir convencê-lo de que não sou a mesma pessoa que era antes de Alyna, decidi que passaria a visitar a família Becker todos os dias, mesmo que não pudesse ver Aly. Max parecia ser o único a estar do meu lado. Sempre duvidei que ele gostasse de ser rebelde, mas ignorar as brigas com seus pais e irmãos por causa de mim foi mais do que eu esperava. Tê-lo ao meu lado também me ajudou a saber mais sobre Alyna; não pedia para ele lhe passar mensagens ou status de como estou. Se eu chegasse a conseguir encontra-la, deveria ser por mérito meu; contudo, nada impedia de pedir informações sobre o estado dela.

- Ela está bem melhor. Parece que espiar suas conversas a faz se sentir mais saudável; eu não sei, mas desconfio que meu tio está deixando você entrar na casa porque sabe que ela está ouvindo. É mais para ajudá-la a melhorar do que ajudar você a reconquistá-la. – ele disse, em uma das visitas.

Sabendo disso, passei a falar muito quando estou dentro da residência dos Becker. Cyn não fala muito comigo. De acordo com Max, ela não quer mostrar para a família que apoia meu retorno e de Aly, tudo porque expliquei para ela a razão de eu ter tirado a vida de alguém.

Foi logo no primeiro dia de visita. Assim que terminei de falar com senhor e senhora Becker, fui mandado me retirar da casa sem trocar uma palavra com Alyna. No entanto, assim que estava prestes a entrar em meu carro, Cynthia apareceu e entrou sem esperar resposta ou reação minha.

- Vá para o parque na quadra seguinte e estacione. – apenas disse. Não a retruquei e fiz o que mandou. Assim que estacionei, conforme ordenado, desliguei o motor e a vi virar seu corpo em minha direção. – Quem matou?

- Não acho que vá...

- Eu sei muito mais do que imagina, Hart. – ela semicerrou os olhos. – Trabalhar na equipe de pesquisa científica de uma universidade mantida pelo governo faz com que você saiba de coisas que não desejaria saber. Eu sei do problema que houve na ala A há dois anos. Sei que você estava envolvido e, de alguma maneira, saiu ileso do processo.

Ao momento que parou de falar, me encontrava boquiaberto. Então ela realmente sabia. Há dois anos eu entrei em uma pequena enrascada. Minha ex namorada era herdeira de um empresário que sempre teve fama de destruir concorrentes sem misericórdia. Quando eu terminei nosso namoro, a garota achou que foi por causa de Lana, já que a época coincidiu de ser o início de meu relacionamento com ela. Todos sabemos que Lana não é uma pessoa que perde uma oportunidade em mostrar que está acima de outra A, por isso, logo começou a provocar minha ex, que chorou para o papai destruidor e ele decidiu que deveria mostrar para mim o que acontece quando alguém faz sua garotinha chorar.

Repentinamente, meus negócios começaram a ir mal. Meus investimentos sumiam sem justificativa e minhas contas em paraísos fiscais eram movidos sem minha permissão. É de conhecimento geral que quanto mais rico você é, menos gosta que mexam com seu dinheiro. Quando descobri que era o tal de Marco, meu ex-sogro, quem estava fazendo todas as jogadas sujas, achei que seria capaz de enfrentá-lo. Um erro besta. Era claro que um novo empresário herdeiro nunca conseguiria derrubar um veterano que gostava de brincar com suas vítimas antes de derrubá-las.

Naquela altura do campeonato, grande parte dos poderes da cidade já observavam minha decadência. Para mim, eu não poderia me dar o luxo de desistir e perder ou jamais teria chance de criar meu próprio império; além disso, se vencesse, teria o respeito eterno de todos, por isso, no meu ponto de vista, eu possuía apenas uma alternativa: se eu matasse o homem e fizesse parecer que foi uma oportunidade para os outros empresários rivais dele, nenhuma autoridade teria a ousadia de nos acusar e nos prender. Quando se mexe com muitas pessoas poderosas ao mesmo tempo, a polícia rapidamente arquiva o caso, fingindo não enxergar coisas que deveria. A razão é que se eles prendem ou congelam as contas dos poderosos, não há quem garanta seus empregos e salários mensais, além dos bônus que recebem por acobertar alguns favores.

12 Depois de VocêWhere stories live. Discover now