Capítulo 12

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– Você estava divina naquele vestido, Chloe – diz Mônica. – Acompanhei tudo pela TV.

Ela está deitada de bruços em minha cama, folheando uma revista de fofocas cuja minha cara (a minha outra cara, na verdade) estampa a capa com os seguintes dizeres "Princesa dá uma de diva novamente e agride um de seus empregados".

– Ainda bem que não mostram os bastidores nesse programa, eu estava quase sufocada dentro daquele espartilho.

Ela ri e se vira de costas, segurando a revista suspensa com os braços acima do rosto. Batidas na porta soam quando me sento na poltrona e jogo meus pés para cima da mesinha de centro.

– Entre! – grito.

Eu estou simplesmente com muita preguiça de levantar, e apesar de saber que gritar não é elegante, quem liga? Não sou uma princesa. Não de verdade, pelos menos. Não preciso agir como uma durante vinte e quatro horas do meu dia.

Emma entra no quarto com uma bandeja de almoço. Eu ainda não me acostumei com a quantidade de comida, é tanta que eu podia acabar com a fome no mundo. Tá, talvez não isso, mas ainda assim, é muita comida. Eu normalmente não sei o que fazer. Sei que deixar comida no prato também é deselegante, mas vez ou outra eu deixo, afinal, eu não tenho um estômago infinito.

– Pode deixar na mesinha, Emma – peço quando ela pergunta se vou comer agora. – Não estou com muita fome.

Ela assente e faz o que peço. Novas batidas na porta interrompem o silêncio e Emma vai atender. Um grupo de homens musculosos entram, todos eles carregando um quadro enorme que está tampado com um papel escuro. Ouço Mônica assobiar quando eles passam por ela, mas minha atenção está no barulho ridiculamente irritante dos saltos da rainha logo atrás. Ela nem olha para mim, ou para qualquer uma de nós, apenas indica o caminho até o closet para o grupo de homens uniformizados.

– Podem pendurar aqui – escutamos ela ordenar do lado de dentro.

A curiosidade em mim bate forte, mas nem isso me faria entrar naquele lugar enquanto a rainha ainda estiver lá. Espero pacientemente na poltrona até que eles resolvam o que quer que estejam fazendo. Consigo ouvir mais algumas ordens da Megera – apelido carinhoso que eu e Romeu utilizávamos muito ultimamente –, mas não me importo em prestar atenção. Eu só quero ela fora daqui.

Alguns minutos depois, os homens saem do pequeno cômodo e atravessam o quarto em direção à porta. Assim que eles se vão, a rainha aparece também, seu vestido amarelo a fazendo parecer uma banana, mas eu prefiro não comentar tal fato. Algumas informações são mais bem aproveitadas quando guardadas para si.

Olho para os lados e noto que Mônica e Emma assumiram uma postura bem mais ereta e cuidadosa, algo que sempre acontece com as pessoas quando a rainha está por perto.

Ela começa a batucar seus saltos em minha direção, e sinto um forte impulso de me levantar e ir embora, mas seguro essa minha vontade de fugir e apenas levanto para ouvir o que ela tinha dizer.

O clima fica pesado assim que ela finalmente me alcança.

– Não pense que só porque meus filhos e meu pai simpatizam com você, sairá impune pelo que aconteceu ontem no baile – ameaça com o tom de voz calmo, porém firme.

Posso jurar que há um sorriso vitorioso também, mas isso é algo que não posso afirmar.

– Não sei do que está falando – respondo, tão cínica quanto.

– Não se faça de boba, sabe muito bem do que estou falando. – Agora sim um sorriso abre em seus lábios, e a raiva em seu rosto é evidente, mesmo com os litros de Botox escondendo um terço de suas expressões. – Aquele seu atraso me fez parecer uma idiota diante de todos os meus convidados.

A Impostora [Completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora