Capítulo 22

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Um apitar que parece vir de alguma máquina me desperta. Tento abrir os olhos, mas eles estão pesados e tudo o que vejo é um clarão embasado. Sinto um toque firme em minha mão direita, mas tudo o que se forma a minha frente é uma mancha irreconhecível.

- Ela está acordando - reconheço a voz da Mônica. Não me parece muito distante, mas sinto como se estivéssemos em dimensões diferentes.

Pisco meus olhos tentando clarear a visão, mas o processo é lento e demorado. Os vultos vão se tornando cada vez mais visíveis, e posso ver meu pai ao meu lado, segurando minha mão, e Mônica debruçada na cama com os olhos esperançosos vidrados em mim.

Observo o ambiente a minha volta e reconheço ser um hospital. Diversas flores, balões, presentes e cartazes com dizeres de incentivo ou boa sorte estão espalhados pelo quarto. Meu pai ainda segura minha mão, agora mais forte. Seus olhos lacrimejam, mas o sorriso em seu rosto o faz parecer aliviado. Ele passa a mão pelos meus cabelos e se inclina para beijar a minha testa.

- Você acordou, minha querida. Está tudo bem, você vai ficar bem. - O tom de alívio dele me assusta, e tento recordar de como fui parar ali.

As imagens da festa na rua vão se passando em minha mente. A caminhada, as danças, a entrevista... a última memória que me atinge é a de Emily com o cachorrinho abandonado, depois disso, tudo não passa de um buraco. Não parece que se passou muito tempo desde esse dia, mas me lembro de casos de pessoas em coma que ficaram anos inconscientes, e quando acordaram, não notaram que o tempo havia passado. Começo a me assustar.

- Há quanto tempo...? - As palavras saem com dificuldade.

Mônica segura meus braços para tentar me acalmar.

- Relaxa - ela pede com um sorriso calmo. - Está aqui há apenas alguns dias.

Sinto meu corpo relaxar e me concentro em olhar para eles. Sinto formigamento em alguns lugares do meu corpo, e embora tanto tempo inconsciente, parece que não durmo há dias. Meu corpo está fraco como nunca antes esteve, e meus músculos parecem que nem existem mais. Minha cabeça lateja um pouco, e levo a mão ao local. Uma enfermeira se aproxima de mim, entrando em meu campo de visão, que percebo estar bastante limitado.

- Não se preocupe, deve ser o efeito dos anestésicos passando - informa com um sorriso amigável. Ela ajeita meu travesseiro e minha coberta, depois analisa os monitores e aperta alguns botões. - Vou pedir para lhe darem um pouco mais. Está sentindo mais alguma dor?

Nego com a cabeça, estranhamente cansada demais para falar. Ela sorri novamente e me dá as costas, deixando-me sozinha com meu pai e Mônica.

- Você nos deu um susto e tanto - minha amiga afirma. Ela sorri, mas percebo seus olhos se avermelharem. Levanto o braço em sua direção, chamando-a para mais perto. Ela sorri e se aproxima. Eu a aperto eu um abraço.

- Realmente, foi um grande susto - meu pai concorda, parece extremamente cansado. - Agora que sei que está a salvo, acho que devo voltar para as tropas. Tenho muito o que fazer em questão a sua segurança. - Sinto um tom nervoso em sua voz, mas não tenho tempo de comentar. Ele se inclina novamente e me beija na testa. - Além do mais, alguém pode desconfiar se ficar muito tempo aqui com você.

Eu assinto, e ele beija meus cabelos, saindo do quarto com os punhos fechados.

Mônica empurra o meu quadril para o lado e se senta na cama junto comigo. Rio do seu jeito expansivo até quando estou em uma cama de hospital, mas sua companhia me alegra, e não posso reclamar.

Vejo, assim como meu pai, as olheiras grandes abaixo de seus olhos e a postura cansada que porta, apesar da atitude animada.

- Parece cansada - forço a voz. Ela sai rouca e baixa, mas Mônica entende e me olha risonha.

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