Capítulo 16

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Acordo com os braços de Peter me envolvendo. Ele mantém sua promessa, não sai do meu lado hora nenhuma. Sorrio para sua figura adormecida, parece tão calmo e despreocupado dormindo assim. Ele abre os olhos preguiçosamente, mas o Sol o incomoda e ele os mantém semicerrados.

- Bom dia, raio de Sol - saúda ele sorrindo, como se visse graça na própria fala. Ele leva a mão ao rosto, fazendo sombra nos olhos. - A bela adormecida resolveu acordar?

Bufo com sua tentativa de piada, dando um leve tapa em seu peitoral.

- Odeio que todas as princesas da Disney são salvas pelo príncipe - resmungo. - Até parece que servimos só para limpar a casa e cantar para os animais.

Ele solta uma risada abafada e volta a fechar os olhos. Está tão sonolento que é até estranho seu comportamento manso.

- Nesse caso, você seria uma péssima princesa. Nunca vi mais desastrada - ele brinca. Não durou muito tempo. Lanço-lhe um olhar irritado. Mesmo que não possa ver, sei que me conhece o bastante para imaginar minha reação. - Além do mais, Mulan e Bela foram quem salvaram seus parceiros.

Reflito sobre seu comentário e concordo. Nunca tinha parado para pensar nisso. Não é atoa que são minhas preferidas.

- Tem razão - afirmo. - Merida sequer precisou de um príncipe.

Ele abre um dos olhos e me encara, não condescendente com a ideia.

- Não me venha com essa - protesta. - Príncipes também são necessários.

- Ninguém precisa de um homem para ser feliz, Peter.

- Concordo, mas se tiver um, melhor ainda. - ele rebate, espreguiçando-se.

- O que faz deles opcionais, e não necessários - concluo quando ele volta seu olhar para mim.

Ele faz uma careta.

- Adora me contradizer, não é mesmo?

Adoro. Mas não vou admitir isso a ele.

- Não, você que contradiz a si mesmo. Eu apenas dou vida à essas contradições, que estão a espera de serem soltas.

Ele me olha em silêncio por um momento.

- Depois, quando digo que essa sua cabeça deve ser estudada, vai logo reclamando que estou te chamando de bicho de zoológico.

- Bicho de laboratório - o corrijo. - É claro! Veio com um papo de que achava fascinante imaginar o que se passava pela minha cabeça.

- Tem razão, eu estava sendo gentil. Queria mesmo era te chamar de louca! - ele reclama, e eu o bato novamente. - Ai! Ainda é toda violenta, olha só! - Ele esfrega o local com as mãos.

Seu falso tom de mágoa me faz rir ainda mais.

- Desculpe, galã de novela! - eu zombo.

Ele solta um gemido descontente, nada satisfeito com a lembrança.

- Tinha que lembrar disso, né? - Ele se vira de barriga para cima, olhando para o teto, enquanto as mãos descansam sobre a barriga. - Ele tinha que me chamar logo de "galã de novela". Justo eu, que sou um príncipe, como os príncipes encantados dos contos de fadas. Estou no topo da hierarquia dos sonhos das mulheres, o único que está acima de "galã de novela", e Romeu vai logo me rebaixando para "galã de novela".

Rio do seu tom indignado. Adoro vê-lo logo quando acorda, é quando o acho mais bonito. Sonolento, preguiçoso e manhoso, com os cabelos bagunçados e a voz rouca que o deixam com um ar tão mais leve.

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