Prólogo - Café da manhã saudável

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Quem quer que ache que planejar uma festa de aniversário é fácil está enganado.

Redondamente enganado.

Não sabe do que está falando.

Está completamente louco.

Ainda mais quando a missão de planejar uma festa de aniversário envolve a aniversariante sendo sua melhor amiga que divide um apartamento com você. É impossível manter todos os detalhes e os segredos, quando ela me encara o tempo todo, como se fosse uma fera querendo atacar a presa e esperando apenas a hora certa. E essa hora nunca chega, mas no meu coração, eu sei que está prestes a chegar.

— Ellen! — Brenda me chama. Ela está deitada no sofá da sala olhando uma lista de números telefônicos com os contatos de babás para o pequeno Arthur. Ele está prestes a completar um ano e já está na hora de Brenda voltar ao mercado de trabalho. O que ela decidiu sozinha, mas eu não podia concordar mais.

— O que você acha da agência Babás do Futuro? — Ela me pergunta, como se eu entendesse de agências de babás.

— Hã... desculpe, mas quando eu tinha apenas um ano acho que eles ainda não existiam. Procure algo como "babás do passado" e eu saberei.

Brenda revira os olhos, cansada.

— Rá-rá. Você é uma ótima piadista, estou encantada. Agora... — Ela se levanta e vem até mim no balcão da cozinha. Se debruça sobre a divisória e aumenta os olhos. — Qual sua cor favorita, Ellen? Verde? Vermelho?

Arqueio as sobrancelhas, intrigada com a pergunta.

— Por que você quer saber? Eu, hein?! — Viro-me de costas para ela, dando mais atenção para o café que estou fazendo.

— Eu só quero saber. — Ela diz, casualmente. — Hm... se não quer dizer, tudo bem. Eu descubro sozinha.

Dou de ombros, preferindo esquecer a estranheza da pergunta e começo a passar pasta no pão, afim de colocá-lo na torradeira e fazer um café da manhã saudável. Porque velhos hábitos não mudam, mesmo com pessoas intrometidas querendo mudar sua alimentação trazendo alface para a casa. Falando nisso, Brandon acaba de aparecer na sala. Está com uma camisa social azul, com os botões abertos e com apenas um sapato no pé.

— Você viu meu outro par de sapato? — Pergunta, com um olho fechado. Ele está todo pela metade: só um sapato no pé, só um olho aberto, e só metade da camisa abotoada.

— Hm... não vi. — Respondo, e Brenda também nega. Ambas encaramos o homem perdido em nossa sala com um ar de riso.

— Tudo bem. Acho que vou para o trabalho assim, então. Hã... Brenda? Depois você pode perguntar ao seu bebê que vive pela casa engatinhando e arrastando objetos para sua boca, se por acaso meu sapato e minha gravata estão com ele? — Brandon pergunta, e três bocejos são soltos durante a frase, fazendo-a durar muito mais do que o necessário.

— Posso, sim. E quando ele acordar, tenho certeza que sua resposta, magicamente, será algo mais comprida do quê "Dádádá" — Brenda ri e sai em direção ao seu quarto, indo fazer a pergunta que não quer calar, a seu filho de dez meses.

Brandon vem até mim, que agora estou com a torrada pronta em mãos, me preparando para jogá-la na boca, mas o revolucionário a minha frente decide acabar com minha felicidade.

— Por favor, Ellen? Não vamos começar o dia com porcaria?

— Porcaria?! — Minha voz sai aguda. — Eu adoro isso aqui. É a comida dos deuses.

As Listas de Ex-namorados de EllenWo Geschichten leben. Entdecke jetzt