15 - Como foi que nossas vidas vieram parar nesse ponto?

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— Vem! Vem até a mamãe! Vem, Arthur! Só mais uma vez. — Brenda insiste, enquanto eu seguro a câmera afim de captar o momento. Meu braço treme com o peso da câmera suspensa já há algum tempo. Arthur não dá nenhum sinal de que irá se mexer.

— Brenda, por que você não desiste? Acho que não irá acontecer. — Abaixo a câmera no exato momento em que a campainha toca. Comemoro silenciosamente e desligo o aparelho.

Ouço a voz de Malcolm cochichando do outro lado da porta enquanto Brenda tenta falar no tom mais baixo possível do lado de cá. Não entendo o que conversam, mas esse segredinho está me deixando de cabelo em pé. Eles agora são melhores amigos? Logo agora? Alguma coisa está errada. Quando a porta se fecha e Brenda entra, sozinha, a confronto, com o cenho franzido e as mãos apoiadas na cintura:

— O que é isso?

Brenda já estava indo ao encontro de Arthur, fingindo que nada havia acontecido e retomando o momento anterior cheia de cinismo.

— Isso o quê? — Ela pergunta, petulante. Fecho os olhos com força.

— Ah, Brenda, pelo amor de Deus. Você e Malcolm? — Aponto para a porta, como se ele ainda estivesse ali. Arthur levanta o olhar para mim com curiosidade.

Brenda solta o ar das bochechas e segura o bebê nos braços. Ele ainda estava sentado no meio da sala. Caminhando para o quarto sem falar mais nada, eu a sigo.

— Brenda! — Continuo insistindo. Ela não disse nada, então há algo aí. — Por que você está tão íntima dele nesses últimos dias? — Pergunto. — Quer dizer, nas últimas semanas! — Completo, lembrando-me que já faz algum tempo desde que esses segredos começaram.

— O que é, Ellen? Você acha que estamos tramando algo? Estamos numa sociedade secreta? Ou com algum plano maligno? Você está paranoica. — Constata ela, em deboche.

— Não estou. — Seguro a maçaneta da porta para que ela não entre em seu quarto.

Brenda passa o peso do corpo de uma perna para a outra e não parece disposta a ceder.

— Ellen, Malcolm e eu somos amigos desde o começo. O problema é que Andy está surtando agora e Malcolm não tem mais ninguém com quem conversar, já que você virou as costas para ele. — Ela me acusa com o olhar. Sinto-me a pior pessoa do mundo, mas acredito que, na situação Malcolm-Andy, foi preciso tomar partido. E eu fiquei do lado do meu amigo, por isso a impressão de que virei as costas para Malcolm. Foi uma questão de prioridades.

Como não respondo, Brenda passa por mim e entra no quarto sem falar mais nada. Pensando seriamente em confrontá-la novamente, sou interrompida por uma batida na porta. Alguém que não toca a campainha certamente é alguém já familiarizado com a casa. Penso ser Andy e logo me animo. Saio saltitando pelo corredor e sala, só para abrir a porta e me deparar com a última pessoa que eu esperaria encontrar agora.

Max.

E Miriam. Mas com a criança eu não me importo. Suspiro pesadamente, liberando o ar que havia prendido assim que o vi. Suas bochechas estão vermelhas e o pescoço levemente brilhoso, suado. A pequena Miriam não parece nem um pouco cansada.

— Ela subiu as escadas correndo e eu tive que acompanhar, ou se não, não imagino o que poderia ter acontecido. — Max explica, como se lesse pensamentos.

— Ah. — Solto.

— Bem — ele se remexe na porta, no local onde algum tempo atrás ele não precisaria esperar para ser convidado; ele simplesmente entrava. Também era a casa dele. —, você não respondeu minha mensagem, então achei que tinha o número errado. Por isso estou aqui. O endereço eu sabia que você não tinha trocado.

As Listas de Ex-namorados de EllenWhere stories live. Discover now