12 - Uma noite para recordar

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— Eu acho que te conheço muito bem e posso sugerir o começo da noite com segurança e sem nem um pingo de vergonha. — Brandon anuncia, assim que abro a porta da sala para recebe-lo. Me surpreendo com suas roupas: nada de terno, nada de gravata. Ele não saiu da Social e veio direto para cá. Fico feliz em notar sua espécie de dedicação.

— Ah, é? — Sorrio. Brandon arqueia as sobrancelhas e assente. — E qual a sugestão?

— Cinema. — Ele fala num só fôlego.

— E por que você teria vergonha disso? — Jogo a cabeça na direção do sofá, o convidando para entrar silenciosamente.

— Bem, não é como se estivéssemos naquela fase onde o único lugar para sair seja o cinema, não mais. Mas... — Brandon se põe dentro da sala e eu espero sua explicação. — Você se lembra?

— Do quê? — Estou na dúvida...

— Nosso primeiro encontro foi no cinema.

— Achei que nosso primeiro encontro tinha sido numa entrevista de emprego.

Brandon ri, daquela forma que ele sempre faz quando está realmente relaxado: jogando a cabeça para trás, os cabelos soltos balançando com liberdade e os dentes aparecendo em linha reta, só uma amostra do que é a verdadeira felicidade. Sinto um queimor se instalar em meu peito, bagunçando minhas estruturas. Não consigo parar de sorrir também.

— Bem pensado. Mas... se não nosso primeiro encontro, nosso primeiro beijo, então. — Brandon lança uma piscadela para mim e eu me aproximo dele, lenta e vergonhosamente.

— E quantos outros beijos foram trocados de lá para cá? — O desafio.

— Eu não sei. — Brandon agarra meu pulso e junta nossos corpos num movimento rápido, quase num piscar de olhos já estamos grudados. — Mas, no próximo minuto, tenho a impressão de que o número vai aumentar muito.

Ele começa distribuindo vários beijos breves por todo meu rosto enquanto nós dois rimos sem som, e termina com um beijo inesperadamente ríspido, intenso.

Recupero o fôlego que foi perdido no último minuto e arrumo o tufo de cabelo alaranjado que cai sobre meu rosto.

— Se isso é uma amostra do que será o resto da noite... está esperando o quê, aí parado? Vamos!

○○○

— A-há! Você me conhece tão bem! — Exclamo quando chegamos ao cinema e eu vejo o cartaz com o nome do filme em exibição hoje à noite. A Garota de Rosa Schoking. — Sorrio abertamente ao pronunciar o nome do filme. — Um de meus favoritos.

— Eu sei disso. — Brandon me olha orgulhoso e segura meu braço, me guiando para o outro lado do prédio, onde está a entrada do cinema. Meu coração para por dois segundos quando vejo o tamanho da fila que se espalha pela calçada.

Olho de um lado para o outro, fingindo confusão, e pergunto:

— Estamos indo para a fila de um cinema ou a fila para o topo do Empire State?

Brandon franze o cenho e percebo a decepção em seus olhos.

— Não achei que estaria tão lotado assim...

— É. Não sabia que Pretty in Pink era um filme tão popular. Quer dizer, sim. Mas não nos dias de hoje.

— Vai ver é mais do que pensamos. — Ele afirma e eu continuo andando na direção da ponta da fila.

A última pessoa é uma mulher entre trinta e quarenta anos, acompanhada de uma adolescente que poderia muito bem ser sua versão mais nova: os mesmos cabelos loiros e o mesmo olhar cativante.

As Listas de Ex-namorados de EllenWhere stories live. Discover now