11 - Bons planos

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Sentado de frente para mim numa cafeteria do outro lado do prédio da Social Life, Brandon explica o que está acontecendo.

Segundo ele, Lucy está tentando levar a Social Feminin – pelo menos – para o Brasil desde que voltou de Paris e começou como chefe do seu departamento. Ela está empolgada e mexendo diversos pausinhos para que isso aconteça logo. O mercado editorial no Brasil, atualmente, não é dos melhores, mas parece que em lugar nenhum é como no começo dos anos 2000.

— Então, ela está confiante. Ontem, de repente, fomos surpreendidos por uma chamada de conferência. Como sou chefe do departamento masculino, tive que ir. E meu celular morreu no meio da reunião. — Brandon morde o muffin a sua frente com vontade.

— As notícias são boas, então. Pelo menos isso! — Desabafo.

— Sim. — Brandon estica a mão por cima da mesa e segura a minha, apertando meus dedos. — Desculpe se a fiz passar por uma péssima noite. Confiei em Francesca. — Brandon lamenta.

— Como você pôde confiar nela? Eu disse, ela estava tentando alguma coisa com você... — Fecho os olhos com força.

— Ei, ei. — Brandon percebe minha exaltação. — Não vamos mais tocar nesse nome.

— Só uma coisa... você falou com ela depois que a deixou no aeroporto?

Brandon faz que não com a cabeça, mordendo mais um pedaço do bolinho.

— Hm. E como foi lá?

— Tranquilo. Chegamos em cima da hora, então entre o estresse das malas e o embarque, foram mais ou menos cinco minutos. Não aconteceu nada. Francesca perguntou quando podia voltar, mas eu não disse nada.

— Ah, claro. Ela tinha que continuar tentando.

— Ellen... — Brandon arqueia as sobrancelhas e eu reviro os olhos por trás do copo de café. — Vamos mudar de assunto.

— Eu gostaria de continuar no assunto e reafirmar que eu estava certa. — Sorrio abertamente. Brandon sustenta o olhar nos meus olhos e eu sinto as bochechas corarem.

— Eu morri de vontade de estar com você, ontem. Me senti muito mal tendo que desmarcar o compromisso, mas foi preciso. Desculpe, novamente.

Brandon tem uma forma tão doce de falar. Não há como me manter brava com ele. E isso é péssimo!

— Tudo bem. — O acalmo. Ele me sorri sincero.

— Ei. Eu tenho outro assunto.

— Me surpreenda.

— A festa de aniversário de Brenda. Você conseguiu alguma informação?

Relaxo o corpo na cadeira e suspiro.

— Já vi que não. — Brandon joga a cabeça para trás num sorriso e eu percebo seu queixo com um resquício de barba por fazer. Ele se torna incrivelmente sexy dessa forma. Está com a camisa social sem gravata e o casaco grosso de sempre jogado nos ombros de forma despojada, como se ele nem notasse que está ali; mas está.

— Você precisa entender que tem muita coisa acontecendo para simplesmente tentar colher informações assim, sem mais nem menos. Eu mal tenho visto Brenda, e, quando vejo, ela está falando na língua dos bebês.

Trazer o assunto de bebês me faz voltar ao encontro repentino com Max, mas o jogo para longe da minha mente.

— Mas, sabe, como amiga, você deveria saber algumas coisas já.

— Hm. — Resmungo.

— Vamos fazer um jogo, então. Dessa maneira você descobrirá algumas coisas que nem lembra que sabe.

— Certo. Que jogo você tem em mente, gênio?

Brandon parece empolgado, até ansioso.

— Vamos comparar você e Brenda. — Permaneço calada, embora veja que ele necessita de uma resposta. Brandon se remexe na cadeira. — Por exemplo, baseado nos seus gostos, o que você sabe que é igual a Brenda?

— Exemplos?

— Cores favoritas: qual a sua?

— Hm... roxo.

— É a mesma cor favorita de Brenda?

— Nossa, não. Ela está mais para a dama de vermelho.

— Viu só!? — Brandon quase pula da cadeira. Recuo um pouco, rindo.

— Calma aí. Certo. Deu certo, mais uma!

— Flores. Para você: sim ou não?

Penso um pouco e meu rosto se contorce numa careta involuntária.

— Acho que não. Não. Definitivamente, não.

— E...

— Não! Deus, você já imaginou Brenda e flores? Não. Acho que ela preferiria balões.

— Ótimo. Balões vermelhos para o aniversário de Brenda.

Brandon anota algo no celular enquanto conversamos.

No final, acabamos com os seguintes arranjos: Balões em vez de flores. Cor: Vermelha. Música eclética (eu preferiria o bom e clássico rock, com algumas bandas dos anos '80, mas a festa não é minha), poucos amigos (eu pensaria igualmente) e nada da família de Brenda. Não é como se ela se desse bem com os pais, e o resto da família não está perto. Se fosse o meu caso, meus pais não apareceriam com facilidade. Penso se devemos chama-los para a festa de Brenda, também, já que eles têm uma relação mais amorosa do que os próprios pais de Brenda com ela, mas isso fica em aberto.

— Viu só como foi um bom plano?

— Tenho que concordar.

Brandon beija meus lábios antes de sairmos da cafeteria e caminhamos até a faixada do prédio da Social de mãos dadas. Ele se certifica de que eu esteja segura e tranquila antes de entrar e seguir para o trabalho. Mas volta antes que eu tenha dado dois passos.

— Ei! Hoje à noite? Para compensar o fiasco de ontem? Prometo que não sumirei por horas e horas. — Brandon sorri e seu cabelo brilha em contraste com a luz do sol. Não há como resistir, novamente. Parece que meus planos para a noite foram atualizados.

— Claro. Se você promete... — Dou de ombros e sorrio afetada.

— Eu prometo.

Brandon volta e me beija novamente, dessa vez de forma mais demorada e cálida, e, quando ele some dentro do prédio, continuo parada na calçada, o vento frio golpeando meu rosto, mas por dentro, a quentura invade meu corpo e me mantém aquecida por bastante tempo. Parece que, pela primeira vez em dias, terei uma noite calma – e prazerosa.

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Uepa! Brandon e Ellen ♥

Que nada desastroso aconteça. Amém? amém. hahaha 

As Listas de Ex-namorados de EllenWhere stories live. Discover now