Capítulo 26 - A qualquer custo

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"Esse número se encontra desligado ou fora da área de cobertura". Informou a secretária eletrônica pela quarta vez seguida.

Enraivecido John discou outro número. Fazia semanas que não via Amir. Sua conta bancaria estava se esvaindo em dívidas e mais dívidas, nem a grana recebida por ajudar Abraham a desmoralizar o irmão diante do seu pai. Nada havia sobrado, fora tudo gasto em um único final de semana.

- Quem é? - perguntou Abraham ao atender.

- Se eu te dissesse que sou o cara que dará a você a chance única de comprar o Saint's Bar do trouxa do seu irmão. - informou John esfregando o nariz com o peito da mão, enquanto piscava sem parar visivelmente drogado.

- Se não é o melhor amigo do meu querido irmão. - ironizou Abraham reconhecendo a voz de John.

Gesticulando Abraham dispensou as pessoas que estavam dentro de sua sala, e ao certificar que a porta estava fechada voltou a falar.

- Quanto me custaria esse agrado. - indagou mostrando-se interessado.

- Cem mil agora e a outra metade depois que conseguir comprar o bar.

- E se fracassar? Porque eu não admito fracassos. - ressaltou Abraham.

- Pode me quebrar as duas pernas!

John guardou seu celular assim que Abraham encerrou a ligação. Ele era tão estúpido quanto o irmão. Pensou batendo com o aparelho na palma da mão.

- Hey John! - chamou um enorme brutamonte pondo sua mão grande e forte nos ombros do rapaz.

- O que querem? - indagou John atônito. Suas pupilas pareciam ficar cada vez maiores, enquanto os observavam.

- Só queremos conversar. - informou o outro grandalhão estalando os dedos das enormes mãos.

___

John estava junto ao balcão de uma cafeteria na 5th Avenida, quando viu se aproximar uma linda jovem de cabelos castanhos meio avermelhado, os quais batiam na altura do ombro, a moça tinha grandes olhos verdes. Contorcendo os lábios ele sorriu antes de se virar revelando seu olho roxo, para fazer um comentário machista para ela.

- Que gostosa! - disse John em um tom suficiente para que ela pudesse ouvi-lo.

- Idiota! - devolveu Sophie, após pegar seu café e sair do estabelecimento.

- Um café puro, sem açúcar. Pediu Abraham ao aproximar do balcão. Retirando algumas notas da carteira ele as entregou ao balconista, recusando-se a receber o troco. Apanhando o seu café se dirigindo para o lado esquerdo de John sentando-se.

- Você tem um hábito estranho. - resmungou John de uma forma preconceituosa.

- Fale logo, não vim para perder tempo - retrucou o olhando fixamente para seu café. Abraham se virou para encará-lo, não pode deixar de rir. - Agora sei por que tanta urgência para falar comigo.

- Então vamos ao negócio. - sugeriu incomodado, tocando lhe o braço.

- Por favor, não me toque! - pediu educadamente erguendo as mãos. - Diga logo o que é de tão importante.

- Relaxa irmão, você vai gostar. - disse apontando para um lugar onde poderiam se sentar. - Seu irmão está de namoradinha nova. - informou entusiasmado sentando todo esparramado.

- O que há de novo nisso? - questionou com desdém ao se sentar e preparar para beber seu café. - Amir sempre fez questão de exibi-las.

- Primeiro, ele gosta mesmo dessa garota. - informou John encarando Abraham com um sorriso travesso.

- O suficiente para trocá-la pelo "bar"? - indagou Abraham desabrochando com um sorriso irônico de lado.

- Segunda coisa, ele Alugou um apartamento novo e um carro simples pra poder sair com ela.

- E o que há de mais nisso? - perguntou Abraham, percebendo que tinha perdido seu tempo indo até lá.

- No Brooklyn? Vamos lá. Seu irmão pode alugar o melhor apartamento de Manhattan e prefere um caindo aos pedaços no Brooklyn?

Abraham parou para analisar o que tinha ouvido. Seu irmão estava interessado em uma garota, o que era normal para qualquer homem na sua idade, mas alugar um apartamento no Brooklyn? Seu irmão tem dinheiro o suficiente para comprar os melhores andares do Empire State. Ele estava se escondendo, mas de que e de quem?

- A garota é linda, não vou negar, mas eu não vejo o que ela tem de tão especial a ponto dele mentir e fingir ser quem ele não é. - disse enquanto encarava Abraham.

- Ela não sabe que ele é rico? - indagou surpreso. - Como, se a cara do filho da puta está sempre em colunas sociais?

- É claro que não sabe, a garota é burra, e gosta de namorar só pé-rapado. - dizia John concentrado no açúcar que depositava em seu café. - Ou ela é mais esperta do que eu esperava, o que faz de seu irmão o cara mais trouxa que conheci na vida. Tudo não passava de um jogo e ele se jogou de cabeça nessa história.

- Como é? - retrucou puxando a xícara de John para que ele o encarasse. - Me conta essa história desde o início.

Puxando a xícara de volta, John lhe contou sobre a proposta que fizera ao amigo, que até então tinha recusado a participar, mas seu interesse pela garçonete parecia ter saído do controle e de uma simples brincadeira transformou-se numa aventura perigosa.John era um pilantra, mas um pilantra esperto. Abraham sabia que ele não iria revelar a identidade da jovem, a fim de receber algumas milhas a mais. Um Detetive descobria isso facilmente, porém aparte que o melhor amigo te trai é bem mais interessante.

___

Sophie saia da cafeteria quando seu celular começou a tocar. Sua amiga bem próxima queria saber a respeito do gatinho que a agarra numa noite, ou melhor, que ela tinha agarrado. Sophie não o viu, no entanto Declan, o rapaz de quem mencionava estava do outro lado da rua esperando os carros passarem para atravessar. Ele também não há tinha visto.

- Nunca mais o vi. - respondeu disparando um suspiro prolongando.

- Falando nessa noite, estive pensando em ir à delegacia. - ela fez uma pausa esperando pela opinião da amiga. - Eu sei, mas eu não consigo ver sedan preto e não me assustar, eu entro em pânico.

- Se isso a fará se sentir mais segura. - disse Amanda, sentando-se em uma das cadeiras na cantina do hospital.

- Mas e a Lauren? Você preocupada com sua irmã e eu enchendo sua cabeça com bobagens.

- Ela está bem melhor, foi só um susto. - Amanda soltou um suspiro prolongado fitando o vazio. - A policia está aguardando ela acordar para poderem conversar com ela.

Quando Sophie atravessava a rua um sedan preto parou de repente quase a atropelando. O barulho da freada e o som insistente da buzina chamou a atenção Declan, que parou ao abrir a porta da cafeteria. Quem quer que fosse já tinha saído da frente do veículo. Ele se virou adentrado após a saída de uma senhora. Levantando-se ao apanhar o celular que havia caído com o susto que levara. Sophie permaneceu imóvel ao o ver o modelo do carro a sua frente. A cor e o modelo era exatamente igual ao do veículo na noite em que possivelmente teria sido seqüestrada. Uma intensa sensação de pavor tomou conta de se corpo impedindo-a de fazer qualquer movimento.

- Saia logo da frente! - gritou o motorista após abaixar o vidro da janela de seu carro a despertando do seu transe.

- O que aconteceu? - perguntou Amanda, preocupada.

- Preciso ir à delegacia. - disse Sophie ao telefone enquanto atravessava a rua as pressas.

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