:::: Prólogo ::::

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Prólogo


- Por favor, podem deixar essas caixas na sala mesmo. - Natacha apontou para a últimas caixas de papelão que os carregadores tinham nas mãos.

Ela deu uma gorjeta, e os homens da mudança deixaram a casa. Ela ainda olhava para a sala com as duas mãos nos lábios quando escutou o caminhão se retirando.

Se sentia tão feliz, que seus olhos se encheram de água. Sua nova casa, sua nova vida estava a sua frente, pronta para ser descoberta, lapidada. Evoluir e tomar conta dela mesma. Era isso que tinha em mente quando escolheu esse bairro para morar.

Dendron.

O nome tão exótico não foi o motivo da escolha, o afastamento de pessoas do centro da cidade e o clima de comunidade pequena foi essencial para que ela resolvesse se mudar.

Tudo neste bairro era colorido, as diversas orquídeas que enfeitavam as árvores nas calçadas seria algo que ela nunca se cansaria de olhar. Ela estava deslumbrada com toda essa beleza.

Suas casas passavam uma energia tão boa, tão calorosa, que se apaixonou à primeira vista quando a corretora mostrou a casa de três quartos. Ela que era acostumada a morar em apartamentos, se deliciou em ter seu próprio jardim, seu próprio espaço, principalmente em saber que agora viveria longe de quem lhe fez tanto mal. Não teria ninguém mais tomando conta de sua vida. Se sentia liberta.

Ela fez somente uma visita na casa, antes de alugá-la. Como se encantou de imediato, fez negócio rapidamente, e conseguiu também o imóvel para transferir sua livraria, não muito longe dali, somente uns quarteirões de distância.

Já havia resolvido tudo para a inauguração que se daria no início da semana. Havia contratado mais dois funcionários do próprio bairro mesmo. E ainda podia contar com sua antiga funcionária e braço direito: Soraia.

Sua curiosidade não se calou diante de nome tão diferente, foi quando a corretora lhe explicou que Dendron era uma abreviação de Dendobrium, um importante gênero de orquídeas do sudeste asiático formado por grande número de espécies formosas e coloridas, e de fácil cultivo. E eram essas orquídeas que a deixaram tão admiradas desde o primeiro dia que esteve aqui.

Claro que ela fez algumas pesquisas na internet e descobriu que uma vez ao ano esse bairro é anfitrião de vários turistas que vem prestigiar a festa anual da orquídea. Achou tudo fantástico e muito lindo. Também leu sobre a parte ruim de Dendron, que informava que o bairro havia sido alvo de assassinatos alguns meses atrás. Mas não se deu o trabalho de ler a reportagem inteira, isso acontecia em todo lugar mesmo, e a mídia com certeza exagerou para ganhar mais status na matéria. Algumas pessoas se influenciavam facilmente, mas ela não era assim.

Natacha ainda olhava para a sala empanturrada de caixas fechadas, mas isso não a desanimava, pelo contrário, se sentia eufórica e fazia planos de como ficaria os cômodos; a cozinha, os quartos, dos vasos de flores que compararia, as almofadas coloridas que combinaria perfeitamente com o ambiente e com a delicadeza da nova casa.

Foi quando a campainha tocou, no primeiro momento franziu a testa. Ela havia acabado de se mudar, quem estaria na porta, assim tão rápido?

Mas espantou seus pensamentos negativos balançando a cabeça, limpou os olhos úmidos com os dedos, e muito satisfeita e sorrindo foi abrir a porta. Com certeza num lugar calmo como esse não haveria motivos para não abrir a porta para os vizinhos, ou haveria?

 Com certeza num lugar calmo como esse não haveria motivos para não abrir a porta para os vizinhos, ou haveria?

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DENDRON (somente degustação)Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz