Capítulo 2

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Assim que cheguei à escola, percebi olhares curiosos direcionados a mim.

Será que eu havia esquecido alguma peça de roupa em casa?! Foi o meu primeiro pensamento.

Olhei rapidamente para baixo, e felizmente constatei que a minha blusa e a minha saia estavam lá.

Uffa!!!

Corei com toda aquela atenção e baixei o rosto, tentando não olhar de volta e convencer a mim mesma que as pessoas não estavam olhando para mim. Mas quando voltei a olhar ao redor, vi muitos pares de olhos me fitando. A maioria eram homens, uns me olhando embasbacados e com a boca aberta, e outros lambendo os lábios e me fitando com malícia. Não gostei dos olhares maliciosos. Os outros olhares eram das meninas: umas me fitavam encantadas e surpresas e outras me olhavam com raiva e com inveja.

Senti-me como se estivesse em um palco, sendo observada por uma multidão enquanto todos os holofotes estavam acesos sobre mim. Corei ainda mais. Será que eu exagerei na maquiagem? Ou será que a minha saia estava muito curta?!

Tive vontade de sair correndo e me esconder na biblioteca, onde quase ninguém ia, apenas para que esquivar de todos aqueles olhares. No entanto,  simplesmente respirei fundo e resolvi fingir que não havia ninguém ao meu redor. Então andei até a sala de aula tentando parecer o mais natural possível e me sentei na primeira carteira da terceira fileira, como se nada tivesse acontecido.

As aulas de ciências humanas passaram rapidamente, uma vez que  eram as minhas aulas favoritas e eu simplesmente não via o tempo passar,  enquanto estava absorta na explicação do Sr. Wainer sobre a psicologia e suas peculiaridades.

Por outro lado, a aula de Geometria Analítica foi longa e tediosa, já que a Sra. Snow era sempre monótona e tinha sua forma rígida de ensinar. Isso não facilitava em nada o meu aprendizado na matéria, e justamente por isso eu me obrigava a prestar atenção redobrada para conseguir atingir a nota. Eu era meio-bolsista, o que significava que o Estado pagava  metade da mensalidade para que eu pudesse estudar naquela escola, e por isso eu não podia ter faltas, notas baixas e nem suspensões por indisciplina. Isso implicaria na perda da bolsa e meus pais teriam que pagar toda a mensalidade.

Por esse motivo, enquanto os outros alunos cochilavam ou falavam uns com os outros, eu me esforçava para aprender e fazia perguntas sempre que tinha dúvidas.

Por fim, o sinal tocou para o intervalo e guardei minhas coisas na mochila antes de seguir para o refeitório.

[...]

— O que houve com as suas roupas, bolsista? Papai e mamãe não tem dinheiro pra comprar um uniforme que seja do seu tamanho? — Zombou Molly Green, representante das líderes de torcida, fazendo todas as garotas do seu grupinho rirem de mim.

Senti meu rosto pegar fogo, assim como o meu sangue, que ferveu dentro das veias por não poder revidar com uma resposta à altura.

Molly era filha do diretor da escola.  Bastava olhar feio para ela pra tomar três dias de suspensão; Ela se aproveitava disso para humilhar todas as pessoas que não faziam parte do seu grupo seleto, apenas por diversão. Era uma cobra.

— Vem, Rose! Não liga pra ela. Só está com inveja. — Sussurrou minha melhor amiga Mia, arrastando-me para longe do bando de hienas sorridentes. — Você está um arraso, garota! Quem é Molly Green perto de você?! – Exclamou ela, quando estávamos longe o suficiente para que Molly não pudesse ouvir, fazendo-me corar um pouco e sorrir timidamente.

—Está mesmo! – Concordou Heidi, minha outra melhor amiga.

Eu estava acostumada a receber elogios, mas ainda assim, não pude  deixar de corar. Era uma resposta natural do meu corpo. Eu não sabia como reagir quando alguém me elogiava, então para mim era um momento constrangedor e o rubor se fazia inevitável.

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