Capítulo 5

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Os meses se passaram, e as coisas foram se ajeitando aos poucos na minha vida. Sem Brian, todo o medo e insegurança que eu sentia se foram,  junto com a vida dele. Já não existia o risco de cruzar com ele na rua ou em quaquer outro lugar. Isso me deu uma esperança de vida nova, me fazendo renascer através da luz e livrando-me da escuridão.

Nos últimos cinco meses, minha vida mudou completamente, para melhor.

Mudei-me definitivamente para Seattle, após resolver algumas pendências em Phoenix. Foi ali que passei minha infância e a minha adolescencia, por isso a cidade me trazia muitas lembranças boas, mas ao mesmo tempo trazia lembranças obscuras que eu queria esquecer, portanto tratei de me desligar completamente de lá, para começar uma nova vida em outro lugar. O mais triste foi ter que deixar minha família e amigas para trás. Mia e Heidi me ofereceram todo o suporte que eu precisei durante a gravidez e eu seria eternamente grata.

Mas apenas algumas semanas foram necessárias para que eu soubesse que tinha tomado a decisão correta ao mudar de cidade.

Seattle era um paraíso. Fiquei completamente deslumbrada pelo luxo e beleza da enorme cidade, com seus inúmeros prédios modernos e caros. A Mason Adversating Company, empresa onde eu trabalhava, ficava localizada no Centro de Seattle, num dos lugares mais bem localizados, e era também um dos maiores e mais incríveis prédios da grande Seattle.

Eu estava me adaptando à rotina de trabalho, e ao fato de ter que acordar cedo, além de conciliar o trabalho, os estudos e as consultas com a psicóloga. Ironia talvez... Antes eu queria ser psicóloga e agora estava precisando do auxílio de uma para me ajudar a superar o trauma ao qual fui submetida de uma forma tão violenta.

Nos primeiros dias após a morte de Brian, eu não consegui dormir, atormentada e com medo de que sua alma viesse me fazer mal. Eu não duvidava disso. Ele era capaz de violar a barreira entre mortos e vivos apenas para atormentar e ver o medo nos olhos das mulheres que ele violou. Esse pensamento tirou meu sono por várias noites e, ao perceber, Simon me "obrigou" a procurar ajuda. Isso me fez um bem imensurável, pois a Dra. Smith parecia entender o vazio e a dor que eu sentia por dentro. Seus conselhos eram sábios, e por fim ela me fez entender que não havia motivos para ter medo de algo que já não existia, pois, assim como Brian foi condenado na terra, a justiça divina também o condenaria e o exilaria para a prisão eterna onde ele pagaria por todos os seus crimes e não faria mais nada de mal. Essas palavras me despertaram para a realidade e percebi que estava sendo infantil ao achar que algo que já não existia poderia me fazer mal. Brian se foi, e para onde quer que ele tivesse ido, não tinha mais volta.

Confesso que continuei tendo pesadelos, mas a Dra. Smith disse que era natural e que os pesadelos iriam desaparecendo aos poucos. De fato isso foi verdade, e constatei que quanto menos eu pensava no Brian e em tudo que havia acontecido, menor era a frequência dos pesadelos. Foi então que fiz uma coisa que deveria ter feito a muito tempo: Parei de pensar nele, e concentrei toda a minha atenção e o meu tempo no trabalho. Funcionou! Estava há mais de duas semanas sem ter pesadelos e me sentia orgulhosa de mim mesma.

Sarah, a psicóloga, recomendou que eu "me desse uma nova chance com os homens", o que foi a parte mais difícil do tratamento. Eu não conseguia ver nenhum homem sem lembrar do Brian, e só de imaginar um homem me tocando, ou me beijando... Aquilo parecia errado, assustador. Eu tinha medo que todos os homens fossem me machucar como Brian Scott fez, e esse se tornou meu pior temor.

Lembro-me do meu primeiro encontro com Dilan Jones, um dos sócios da Mason. Nós jantamos juntos e quando ele me beijou, e tocou o meu braço, tudo que eu esperei foi a dor, mas ela não veio. Meu corpo estava tenso, esperando que a qualquer momento ele começasse a agir como o Brian, mas ele foi gentil. Seus lábios eram macios e suaves, e só então eu percebi que não tinha por que ter medo. Naquela noite eu o beijei de volta, apreciando seu beijo suave e seu toque cuidadoso. Saímos mais algumas vezes, mas eu não estava pronta para ir para o "segundo passo". Beijar já não me causava mais medo, então ficávamos apenas nos beijos e nas conversas agradáveis. No fim, Dilan e eu acabamos percebendo que não éramos mais que amigos, e começamos a agir como tal. Saíamos às vezes, mas nada de beijos.

VioladaKde žijí příběhy. Začni objevovat